[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 4 de junho de 2013



Sintra autárquica,
bonomia, civilidade


Primeiramente, gostaria de agradecer a Ventura Saraiva por esta foto. É que, além da imediata leitura de satisfação, outra reflexão me suscita este instantâneo de boa disposição e saudável convívio, que juntou Fernando Cunha e Eduardo Casinhas, respectivamente Presidentes das Juntas de Freguesia de São Pedro, de Santa Maria e São Miguel, aos parceiros de saudável convívio, Gentil e Vereador Dr. Pedro Ventura.

A bonomia que a foto documenta pressupõe, considero eu, uma componente outra «daquela história», ali não representada, relativa não só àqueles mas também a todos os eleitos. Reparem que sendo impossível dissociar eleitos dos eleitores, eles estão ali, episodicamente, naquele específico espaço público de representação, mas, sistemática e diariamente, estão noutros espaços públicos de representação, porque nós eleitores, assim o determinámos e pretendemos que aconteça.

Escrevia eu, não esqueçam, acerca da bonomia estampada na atitude que a foto evidencia. Pois, a outra face do espelho, a tal componente que falta «àquela história» é a correspondente bonomia dos eleitores. Sejam quais forem as razões de queixa que, na nossa perspectiva de eleitores, fregueses e munícipes, nos possam opor aos autarcas eleitos, não podemos deixar que aconteça o azedume, que prevaleça a atitude envinagrada de quem destila bílis e exala enxofre.

Muitas vezes, no concreto exercício das funções para as quais os elegemos, temos razões de queixa destes homens que ocupam lugares de gestão autárquica. Com Eduardo Casinhas, o Presidente da Junta de Freguesia da área da minha residência, estou farto de ter acesas discussões, acerca das mais diferentes questões que, em geral, afectam a qualidade de vida dos fregueses. Nunca nos zangámos e, de parte a parte, jamais deixámos de expressar os nossos argumentos com a maior vivacidade. E, de vez em quando, sentamo-nos à mesma mesa, eu e ele que não partilhamos ideologia e, muito menos partido.

Se generalizar a outros contextos autárquicos, por exemplo, também ao nível da Câmara Municipal, sempre que o autarca decide mal, cá devemos estar para lhe chamar a atenção. Por outro lado, em sentido oposto, em vez de partirmos do princípio de que é para isso que ele ocupa o lugar, uma palavra de congratulação, de parabéns, não pode deixar de constituir a mais civilizada atitude de incentivo que me ocorre protagonizar. Todos o sabem, tenho-o feito constantemente, por vezes, com muita incompreensão à mistura.

Bonomia? Sem dúvida. Mas também, civilidade. Se assim não acontece é porque de nada serviram as leituras dos clássicos que, podemos citar a torto e a direito, mas não assumimos na radicalidade das suas propostas. Etimologicamente, respeito, provém de res pectum, ou seja coisa do peito, daquela parte do corpo onde estão os órgãos mais importantes. Do peito, também é o coração, cors, cordis  onde radica o que é cordial e a cordialidade.

Bonomia? Civilidade, Cordialidade. A «história» de hoje, suscitada por essa foto aí partilhada.
 
 
 
 

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