Verona,
Otello
Otello
[publicado em 29 de Maio nofacebook]
Quem projectar Ir a Verona, com o objectivo de assistir à representação de uma ou mais óperas do Festival , deve ter em consideração que, à partida, apesar de já sair de casa com os bilhetes na mão, nada está garantido. O clima, mesmo em Agosto, sendo muito imponderável, pode determinar o cancelamento ou, já mesmo em curso, a interrupção da récita enquanto não passa a chuva (estão sempre à venda os previsivelmente indispensáveis impermeáveis…), interrupção que pode ser mesmo definitiva.
Mas, como acima ia escrevendo, a vivência é única. Por isso e, para que ficasse marca indelével para o resto das suas vidas, minha mulher e eu fizemos questão de levar as nossas filhas a Verona ainda na infância. Há precisamente trinta anos, lá fomos assistir à representação de Aida e de Il Trovatore, numa viagem inesquecível, com outros momentos musicais que nem nós nem, muito menos, as miúdas jamais deixaremos de ter presente. Em diferentes oportunidades, fiquei a dever a Verona muitas das melhores horas das óperas de Verdi a que tenho assistido na vida. Verona é uma experiência que os melómanos não podem nem devem perder.
A propósito, julgo poder afirmar que, também os próprios auditórios, os seus espaços físicos, as suas condições específicas, desde Bayreuth a Salzburg, do MT ao Covent Garden e à Bastilha, sei lá, contribuem para a formação do melómano, vão-no diferenciando. Pois, a partir do momento em que passa pela arena de Verona, também «mais» diferente se torna o amante da ópera. Não só, como já dei a entender, fruto da informalidade, mas também em resultado das condições acústicas e da escala das produções, pela movimentação, completamente diferente, dos intervenientes num espaço físico tão sui generis.
Ora bem, hoje, dia em que, a partir das 19,00, se canta uma versão concertante do Otello no Grande Auditório da Gulbenkian – ainda integrada no ciclo dedicado a obras musicais inspiradas pela produção shakespeariana, acerca do qual tenho tido oportunidade de partilhar algumas impressões convosco – venho propor-vos uma gravação deste drama lírico numa produção da Arena de Verona.
Desde já aviso que a direcção de Zoltán Pesko não é das mais estimulantes... Não é só na Gulbenkian que temos um Foster a deturpar algumas linhas estruturantes da pas partituras... Porém, como protagonistas, não poderiam ter melhor proposta. O tenor russo Vladimir Atlantov faz o Otelo, Kiri te Kanawa canta a Desdemona e o barítono Piero Cappuccilli (que, tantas vezes vi assegurar outros papéis capitais do reportório lírico) dar-vos-á uma extremamente convincente assunção do malévolo Iago.
Boa audição!
http://youtu.be/ETsneoOfOIA
Quem projectar Ir a Verona, com o objectivo de assistir à representação de uma ou mais óperas do Festival , deve ter em consideração que, à partida, apesar de já sair de casa com os bilhetes na mão, nada está garantido. O clima, mesmo em Agosto, sendo muito imponderável, pode determinar o cancelamento ou, já mesmo em curso, a interrupção da récita enquanto não passa a chuva (estão sempre à venda os previsivelmente indispensáveis impermeáveis…), interrupção que pode ser mesmo definitiva.
Mas, como acima ia escrevendo, a vivência é única. Por isso e, para que ficasse marca indelével para o resto das suas vidas, minha mulher e eu fizemos questão de levar as nossas filhas a Verona ainda na infância. Há precisamente trinta anos, lá fomos assistir à representação de Aida e de Il Trovatore, numa viagem inesquecível, com outros momentos musicais que nem nós nem, muito menos, as miúdas jamais deixaremos de ter presente. Em diferentes oportunidades, fiquei a dever a Verona muitas das melhores horas das óperas de Verdi a que tenho assistido na vida. Verona é uma experiência que os melómanos não podem nem devem perder.
A propósito, julgo poder afirmar que, também os próprios auditórios, os seus espaços físicos, as suas condições específicas, desde Bayreuth a Salzburg, do MT ao Covent Garden e à Bastilha, sei lá, contribuem para a formação do melómano, vão-no diferenciando. Pois, a partir do momento em que passa pela arena de Verona, também «mais» diferente se torna o amante da ópera. Não só, como já dei a entender, fruto da informalidade, mas também em resultado das condições acústicas e da escala das produções, pela movimentação, completamente diferente, dos intervenientes num espaço físico tão sui generis.
Ora bem, hoje, dia em que, a partir das 19,00, se canta uma versão concertante do Otello no Grande Auditório da Gulbenkian – ainda integrada no ciclo dedicado a obras musicais inspiradas pela produção shakespeariana, acerca do qual tenho tido oportunidade de partilhar algumas impressões convosco – venho propor-vos uma gravação deste drama lírico numa produção da Arena de Verona.
Desde já aviso que a direcção de Zoltán Pesko não é das mais estimulantes... Não é só na Gulbenkian que temos um Foster a deturpar algumas linhas estruturantes da pas partituras... Porém, como protagonistas, não poderiam ter melhor proposta. O tenor russo Vladimir Atlantov faz o Otelo, Kiri te Kanawa canta a Desdemona e o barítono Piero Cappuccilli (que, tantas vezes vi assegurar outros papéis capitais do reportório lírico) dar-vos-á uma extremamente convincente assunção do malévolo Iago.
Boa audição!
http://youtu.be/ETsneoOfOIA
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