[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 15 de setembro de 2013



[transcrição do artigo publicado na edição de 13.09.2013 do 'Jornal de Sintra'. Por se tratar de um texto algo longo, foi dividido em duas partes. Hoje, conclusão]

 
Pinceladas de Setembro
(II Parte, conclusão)
-Exames aos professores e a outros profissionais

Perante o objectivo do Governo, de promover uma campanha de exames –no sentido de avaliar a competência de quem pretende ingressar na profi
ssão docente bem como a dos já contratados pelo Estado para o exercício das mesmas funções, portanto, sem qualquer vínculo – atrevo-me a sugerir que idênticas medidas sejam equacionadas em relação a todos os candidatos a cargos executivos de topo, no Governo, nas autarquias e grandes empresas públicas.

Para o efeito, um Grande Júri designado ad hoc verificaria, com especial acuidade, se os indivíduos estariam à altura de tais desígnios. Por exemplo, por aquele crivo passariam os «piquenos» incubados nas juventudes partidárias do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, habilitados pelas «universidades» de Castelo de Vide e quejandas, jovens muito dotados e polivalentes, que aspiram à farta gamela onde irão saltitar entre os mais cobiçados pedaços do lauto banquete dos altos cargos…

Se tal alvitre vingasse, da bateria de testes e entrevistas a concretizar, além das matérias afins aos quesitos mais pertinentes do lugar a preencher, o candidato também teria de se submeter à componente avaliativa da designada cultura geral, absolutamente decisiva e eliminatória, abrangendo Literatura, Música, Artes Plásticas, Filosofia, Política, História, Cinema, Teatro, etc, para cabal e efectiva demonstração do conhecimento das obras que constassem de uma lista representativa dos mais significativos momentos culturais da História da Humanidade.

Querem apostar que, finalmente, poderíamos começar a sossegar?

-Manuais escolares

Numa altura em que as famílias enfrentam tantas dificuldades decorrentes de orçamentos cada vez mais reduzidos – enquanto, paradoxalmente, o Governo afirma estar o país a caminho da saída da crise… – o início do novo ano lectivo, com a necessidade de investimento em manuais escolares, é algo que não pode deixar de preocupar qualquer cidadão, directa ou indirectamente envolvido naquela situação.

No meu caso, tratando-se de preocupação de muitos anos, também o foi enquanto Técnico do Ministério da Educação, onde tive oportunidade de me bater pela concretização de medidas e de atitudes que deparavam com o obstáculo do lóbi dos editores e livreiros os quais sabiam fazer sentir aos pequenos David, como eu, como poderosos eram aqueles Golias…

Há mais de trinta anos, e sempre que oportuno, juntamente com outros colegas, propusemos a concretização de soluções de acesso aos manuais, cujo sucesso certo e seguro, conhecíamos de outras paragens, de outros sistemas educativos, concretizadas em países bem mais ricos do que o nosso, onde proliferam os bancos de livros, as trocas, as cedências e os empréstimos das escolas aos seus alunos, etc.

Também aqui mesmo, nesta tribuna do Jornal de Sintra, ao longo dos últimos anos, várias foram as oportunidades em que trouxe o assunto à baila, na esperança de que água mole… Não admira que, actualmente, tanto me regozije pelos incontáveis casos que os meios de comunicação social vão divulgando, de soluções com que sonhei, que aliviam as famílias de despesas, perfeitamente escusadas, não raro, atingindo as centenas de euros. E, felizmente, também em Sintra, vários são os casos de êxito.

De todo em todo, dentre as soluções que conheço e tenho publicitado, a que mais advogo passa pelo empréstimo promovido pela própria escola. Trata-se de mais um acto de carácter implicitamente pedagógico, nos termos de um contrato que até pode ser reduzido a escrito, em que o aluno se assume como fiel depositário do livro, durante todo o ano lectivo, obrigando-se à devolução, naturalmente, em bom estado de conservação.

Nestas condições, o manual passa a revestir a condição de bem patrimonial da comunidade, que a escola cede e controla de acordo com as necessidades. Assim sucedendo, são os próprios cidadãos que, indo ao encontro do princípio constitucional, zelam no sentido de que o ensino seja tendencialmente gratuito, num domínio em que a cidadania activa consegue obter resultados tão nobres e eficazes.

[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]

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