[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 2 de novembro de 2013


2 de Novembro,
dia dos fiéis defuntos



Venho propor-vos a audição de uma peça belíssima, no dia em que a Igreja nos convida a reflectir sobre a Morte, com o objectivo de que assumamos a vida como fugaz e efémera passagem, o mais possível libertos da matéria, libertos do «ter» e a caminho do «ser». Sabe o crente que a Morte é «a grande amiga» – como afirmava Mozart – que abre a porta a uma dimensão de vida outra.

Dos compositores que conhecemos, nenhum ignora esta perspectiva na sua Missa dos Mortos. Naturalmente, também isso se passa com a obra que vos trago, a terceira versão do Requiem em Ré menor, op. 48 de Gabriel Fauré (1845-1924), datada de Paris, em 12 de Julho de 1900, uma reorquestração para grande orquestra que, contudo, preserva uma sobriedade notável e absoluta «limpidez».

Foi o compositor quem selecionou os textos. O Benedictus é substituído pelo Pie Jesu, enquanto que os dois últimos versículos da Sequência dos Mortos e a antífona In Paradisum bem como o responso Libera me pertencem à liturgia da Sepultura.

Não podemos deixar de ter em conta que Fauré escreve esta obra entre crises de depressão, na sequência da morte do pai e da iminente morte da mãe. Não conheço outro Requiem que suscite uma consolação mais serena, nenhum que apresente assim a morte, como desfecho muito mais feliz do que doloroso.

Nesta gravação, colhida ao vivo na sala do Concertgebouw de Amsterdam em 23 10/1997, as vozes solistas são de Sibylla Rubens (soprano) e Detlef Roth (barítono), canta o Netherlands Kamerkoor e toca a Royal Concertgebouw Orchestra, sob a direcção de Philippe Herreweghe.

Boa audição!


http://youtu.be/Rv8oOIV7QEw
 
 

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