[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 2 de fevereiro de 2014





[Salzburg, 02.02.2014, (1)]

A propósito do ‘Bazar’


O ‘Bazar’ é o meu Café em Salzburg. Típico ambiente do tradicional Café austríaco, uma das melhores situações, à beira do rio Salzach, no coração da cidade, estou a três minutos de casa, bastando-me descer a Linzer Gasse, de St Sebastian até à Schwarzstrasse, a mesma avenida onde fica o Mozarteum, apenas uns metros mais à frente, e eis-me num d
os cantos mais aconchegados da cidade. É de lá que agora venho e onde tenho ido durante estes dias.

Digo-vos quase tudo se lembrar que este era o poiso de Max Reinhardt, fundador, em 1920, do Festival de Salzburg, dono de Leoploldskron, o palácio que ainda se tornou mais famoso depois de ali terem sido rodadas cenas de ‘Sound of Music’; aqui, onde conspirava encenações com Hugo von Hoffmannstahl, ponto de encontro com Stefan Zweig, o Café em cuja esplanada Marlene Dietrich fez sensação uns anos antes de a guerra rebentar.

Como a tradição que está colada às paredes deste tipo de lugares é património intocável, é claro que, hoje em dia, no ‘Bazar’, encontremos muitos homens do Teatro, cantores de passagem por Salzburg, jornalistas, homens de Letras, músicos. É aqui que apetece, e é possível, passar horas esquecidas lendo gratuitamente a imprensa de todas as latitudes, escrevendo, pedindo agora um ‘machiato klein’, passada uma hora, uma fatia de um dos seus formidáveis bolos.

Quase ao lado, fica o ‘Sacher’, também Café, integrado no mais famoso dos hotéis austríacos. É em ambiente algo diferente do ‘Bazar’, mais formal mas nada intimidatório – aliás, só se intimida quem não está bem na sua pele ou, pura e simplesmente, não ‘sabe estar’ – onde amanhã, com a Prof. Geneviève Geffray, a minha grande amiga em Salzburg, cerca do meio dia, teremos um tête-à-tête para avaliação da Mozartwoche e abordagem de um projecto de tradução, antes de comprar a 'Sacher-Torte', em caixinha de madeira, para levar à família.

Salzburg, a sofisticada Salzburg, também é «isto», a cultura do e no Café, uma autêntica instituição por onde passa um dos mais requintados índices da qualidade de vida desta gente que se relaciona com as Artes e as Letras.

Bem, e já de seguida, tenho de me pôr a caminho do Mozarteum para o último concerto. Como tiveram oportunidade de verificar, estas duas semanas passaram num ápice. Felizmente, ainda estarei mais uns dias.

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