[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 14 de março de 2014



Karl Marx

14 de Março

Neste aniversário da morte (1818-1883) a lembrança, em tradução muito livre, de um pensamento de Karl Marx que qualquer cristão católico não pode deixar de subscrever:

"Quanto menos comes, bebes, compras livros, vais ao teatro e ao café, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas desporto, etc., mais economizas e mais cresce o teu capital. «És» menos, mas «tens» m
ais. Assim todas as paixões e actividades são tragadas pela cobiça."

Ou seja, ninguém veio a este mundo para sofrer mas, isso sim, para viver uma existência que, embora de contenção, jamais será avessa ao usufruto das boas coisas, num equilíbrio de relação favorável com a Natureza e com o Espírito.

E, a propósito...

De qualquer modo, uma dicotomia radical se apresenta ao homem de todos os tempos: Ou «és» ou «tens». Não há volta a dar, é a questão do Ser e do Ter. Quando SS Paulo VI clamava: "Homens, sede homens" era isto mesmo que significava, a inequívoca opção por SER!

O contrário desta opção passa pela via da competição desenfreada, da cobiça e da ganância, que, no dizer do Papa Francisco, são ingredientes da «economia que mata», isto é, de um TER que ofende a dignidade e onde radica a exploração do homem pelo homem.

E, afinal, tudo isto está na «boa notícia» que, até etimologicamente, o Evangelho é. Grande parte disto já estava na República de Platão. Mais recentemente, Thomas More, mártir pelas causas da Verdade e da Dignidade, santo da nossa Igreja, também escreveu isto em "Utopia".

O que continua a toldar o nosso entendimento perante tão doutos testamentos de palavra iluminada, de Luz feita verbo? Na data em que comemoramos a efeméride da morte de Karl Marx, em que enterramos D. José, voz da Igreja portuguesa tão incompreendida quanto lúcida, em que lembramos a renúncia de Bento, o nosso Papa emérito e, pelo Espírito Santo, nos regozijamos com Francisco, repito a pergunta: que prejuízo nos perturba o entendimento? Porque recusamos SER e preferimos TER, se estamos a morrer?
 
 

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