[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 21 de março de 2014



Salomon


A produção de uma obra como a Oratória  Salomon de G.F. Händel, é um empreendimento musical de tal modo sofisticado, dispendioso, arriscado, cheio de imponderáveis que, em Portugal, só uma estrutura organizativa como a da Fundação Calouste Gulbenkian responde a semelhante desafio.

No entanto, apesar de dispor da maioria das condições para o efeito, nomeadamente, uma orquestra e coro de excelente qualidade, e de poder contratar as melhores vozes solistas, nem sempre estão reunidos todos os factores absolutamente determinantes para que se registe um sucesso como o do concerto de ontem.

Felizmente, a partir desta temporada, com um maestro com o alto gabarito de Paul McCreesh, a Gulbenkian recupera a possibilidade de apresentar obras deste alto calibre sem arriscar resvalar para o comprometimento da qualidade parcial e total, como estava a suceder no passado recente.

Nota-se, e de que maneira, o resultado do trabalho que o Maestro McCreesh tem levado a cabo nos ensaios com a orquestra. E, de igual modo, manifestamente, a extrema preocupação com as questões da acústica, por exemplo, na distribuição dos naipes, recorrendo às mais  interessantes soluções e, de facto, conseguindo obter os melhores efeitos.

Em 'post' anterior anunciei o elenco total que assegurou o evento pelo que me dispenso de o repetir. É difícil destacar seja o que for pela positiva de tal ordem foram as prestações, com o Coro, em noite de glória, distinguido pelo público com estrondosa ovação.

O contratenor Iestyn Davies demonstrou cabalmente porque se tem revelado mais-valia e garantia de êxito nas melhores casas de música europeias e americanas. Igualmente, em alto nível Gillian Webster, Mhairi Lawson, sopranos que têm trabalhado frequentemente com McCreesh.

Um êxito que mereceria ter sido partilhado por uma lotação esgotada. Mas a casa estava muito longe disso. Em Lisboa, reportando-me apenas ao caso  da Gulbenkian, ao longo de cinquenta anos (quarenta e cinco no Grande Auditório), tenho assistido a faltas de presença tão significativas que já nem me dou ao trabalho de analisar as causas. Enfim, como já o tenho feito noutros contextos, bem posso dizer que para esse peditório...

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