[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 13 de julho de 2014



Cidadania e participação

[facebook, 12.07.2014]
 
Não posso estar mais de acordo com Daniel Oliveira. E, desta específica circunstância, permito-me generalizar para todo o tipo de intervenção cívica.

Discutir nos lugares certos, estar disposto ao trabalho de grupo sem protagonismo individual, fazer um «trabalho de sapa» discreto, eficaz, são atitudes que, insisto nesta tecla, dificilmente podem acontecer num país com o grau de iliteracia que grassa em Portugal.

Escrevi iliteracia mas, sendo coisa...
diferente, também penso na altíssima percentagem de analfabetismo que, não esqueçam, é a mais elevada de todos os países que integram a União Europeia. Pensa muito mal quem julga que tais factores não condicionam a actuação dos cidadãos.

Infelizmente, de mais não sendo capazes, «apenas» se limitam a engrossar uma ou outra manifestação de rua. De facto, a luta ocupa tabuleiros tão mais diversos e sofisticados quanto mais favoráveis forem os índices socioeconómicos. Veja-se o que acontece nos países que, mais no centro e Norte da Europa, costumamos olhar como modelos.
 
 
Escrevi isto a outubro de 2010:

"E tudo se resume a livrarmo-nos de Sócrates. São sempre tão simples os dilemas nacionais: encontra-se um vilão, espera-se um salvador. Sócrates foi um péssimo primeiro-ministro? Seria o último a negá-lo. Mas, com estas opções europeias e a arquitetura do euro, um excelente governo apenas teria conseguido que estivéssemos um pouco menos mal. Só que discutir opções...
económicas e políticas dá demasiado trabalho. Discutir a Europa, que é 'lá fora', é enfadonho. É mais fácil reduzir a coisa a uma pessoa. Seria excelente que tudo se resumisse à inegável incompetência de Sócrates. Resolvia-se já amanhã."

Num momento em que começa a contagem decrescente e há quem ache que basta correr com Passos Coelho para resolver os problemas achei boa ideia republicar isto. Apesar de haver diferenças, a começar pela existência de um Tratado Orçamental que tem de ser alterado, pelo facto deste governo concordar com a esta política europeia e por ter ultrapassado todos os restantes em incompetência, vencer esta crise exige um debate mais difícil. Se a mobilização for só em torno de uma pessoa estamos bem tramados. Espero que o debate no País (e não em algum partido em particular) evolua para o que interessa
 
 

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