Transladar?
“Sophia. Pedro Mexia escreve sobre uma das nossas maiores poetisas quando se completam dez anos sobre a sua morte e os seus restos mortais vão ser transladados para o Panteão Nacional”
Eram estas as palavras que, sob o retrato de Sophia de Mello Breyner, na capa do ‘Actual’, suplemento do “Expresso” do passado dia 28 de Junho, anunciavam a publicação de um artigo desenvolvido no interior da publicação. Acontece que, perante a leitura daquele título, várias pessoas me perguntaram se a forma ‘transladados’ não seria incorrecta.
Primeiramente, deixem-me expressar a satisfação pela dúvida suscitada. Os jovens e mais velhos que me contactaram revelam preocupação com a correcção da expressão verbal e escrita, algo que me encanta e dá um certo alento quando deparo com tantos dislates diários na imprensa e na comunicação social audiovisual.
Já directamente ao esclarecimento, devo informar que o “Expresso” não errou. ‘Transladado’ e ‘trasladado’ são palavras sinónimas, significando mudança, deslocação, transferência de um lugar para outro. Têm, de facto, grafia dupla, tal como ‘transbordar/trasbordar’ ou ‘transmontano/trasmontano’. Em todas presentes, os prefixos ‘trans’ e ‘tras’, de origem latina, logo determinam o sentido de ‘movimento para além de’.
Aproveitando a oportunidade, ainda gostaria de clarificar que incorrecto, isso sim, é dizer ou escrever ‘transfegar’. A verdade é que, não sendo este um verbo que se use a toda a hora, já o tenho ouvido e lido mal aplicado, em vez de ‘trasfegar’, forma esta que não tem qualquer alternativa.
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