[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 5 de setembro de 2014



Nada de confusões! [II]


É subordinado a este título que mantenho na revista "Tempo Livre" da Fundação INATEL, uma rubrica mensal que me dizem ter sucesso. Fico satisfeito porque, mesmo após o lançamento da publicação em suporte digital, a TL tem uma tiragem papel que ronda os 85.000 exemplares. Naturalmente, mesmo não particularmente motivados, alguns leitores acabarão por ler a minha prosa.

Neste mural, sempre que publico alguma matéria afim da correcção linguística, também tenho verificado que a quantidade de 'gosto' não deixa de ser significativa, revelando um especial interesse pela matéria. Assim sendo, além dos casos que, por qualquer razão, aqui forem sendo esporadicamente suscitados, passarei a transcrever o artigo da revista em data posterior à sua publicação.

No facebook, devido à impossibilidade de utilização de recursos gráficos, fico muito limitado. Mas, estou em crer, a leitura e interpretação não sairão prejudicadas.

Então, eis a reprodução do texto deste mês de Setembro:
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Do mais bem ao melhor...


 
Desta vez, venho chamar a vossa atenção para a necessidade do máximo cuidado quanto à correcta expressão do comparativo do advérbio de modo bem. Confesso ter alguma dificuldade em perceber as frequentes hesitações e os erros flagrantes na medida em que se trata de uma daquelas confusões cuja remediação é da maior simplicidade, limitando-se à observância de regra extremamente acessível.  
Primeiramente, cumpre considerar que o referido comparativo pode apresentar uma forma regular mais bem e outra irregular melhor. Sendo ambas absolutamente admissíveis, no entanto, o seu uso não é arbitrário ou indiferente já que, em segundo lugar, e, fundamentalmente, devem usar mais bem sempre que o advérbio preceder um particípio passado. Apenas isto. Reparem nos exemplos:
O teu quarto ficou mais bem pintado do que o do António. // Tens de aprender a conduzir melhor nestas estradas sinuosas. // Nem depois da explicação dela me considerei mais bem informado. // Se não correres melhor até podes cair.
De qualquer modo, ficar por estas linhas acabaria por não vos habilitar com a informação que ainda me parece importante partilhar. Na realidade, o mais a propósito que é possível, evidenciam-se os casos de melhor e pior que, em simultâneo e respectivamente, são comparativos dos adjectivos bom e mau e dos advérbios bem e mal. Então, como assegurar que não se incorre em erro?
Muito simplesmente, sempre que melhor se emprega como comparativo de bem, é invariável. Ex: As bebidas que melhor fazem à saúde são geralmente as mais baratas. Porém, se for comparativo de bom, então, é variável. Ex: Em geral, as mulheres são melhores profissionais em determinadas áreas sociais. Naturalmente, vamos encontrar idêntico quadro com pior.
Retomaria o que registei no segundo parágrafo para confirmar que mais bem e, portanto, também mais mal são, respectivamente, comparativos regulares de bem e mal, usados antes de particípios. Ex: Em princípio, as vinhas mais mal tratadas dão piores vinhos.
[O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]


[O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]

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