Nada de confusões! [II]
É subordinado a este título que mantenho na revista "Tempo Livre" da Fundação INATEL, uma rubrica mensal que me dizem ter sucesso. Fico satisfeito porque, mesmo após o lançamento da publicação em suporte digital, a TL tem uma tiragem papel que ronda os 85.000 exemplares. Naturalmente, mesmo não particularmente motivados, alguns leitores acabarão por ler a minha prosa.
Neste mural, sempre que publico alguma matéria afim da correcção linguística, também tenho verificado que a quantidade de 'gosto' não deixa de ser significativa, revelando um especial interesse pela matéria. Assim sendo, além dos casos que, por qualquer razão, aqui forem sendo esporadicamente suscitados, passarei a transcrever o artigo da revista em data posterior à sua publicação.
No facebook, devido à impossibilidade de utilização de recursos gráficos, fico muito limitado. Mas, estou em crer, a leitura e interpretação não sairão prejudicadas.
Então, eis a reprodução do texto deste mês de Setembro:
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Do mais bem ao melhor...
Desta vez, venho chamar a vossa atenção para a necessidade
do máximo cuidado quanto à correcta expressão do comparativo do advérbio de
modo bem. Confesso ter alguma
dificuldade em perceber as frequentes hesitações e os erros flagrantes na
medida em que se trata de uma daquelas confusões cuja remediação é da maior
simplicidade, limitando-se à observância de regra extremamente acessível.
Primeiramente, cumpre considerar que o referido comparativo
pode apresentar uma forma regular mais
bem e outra irregular melhor. Sendo
ambas absolutamente admissíveis, no entanto, o seu uso não é arbitrário ou
indiferente já que, em segundo lugar, e, fundamentalmente, devem usar mais bem sempre que o advérbio preceder
um particípio passado. Apenas isto. Reparem nos exemplos:
O teu quarto
ficou mais bem pintado do que o do
António. // Tens de aprender a conduzir melhor nestas estradas sinuosas. //
Nem depois da explicação dela me
considerei mais bem informado. //
Se não correres melhor até podes cair.
De qualquer modo, ficar por estas linhas acabaria por não
vos habilitar com a informação que ainda me parece importante partilhar. Na
realidade, o mais a propósito que é possível, evidenciam-se os casos de melhor e pior que, em simultâneo
e respectivamente, são comparativos
dos adjectivos bom e mau e dos advérbios bem e mal. Então, como assegurar que não se incorre em erro?
Muito simplesmente, sempre que melhor se emprega como comparativo de bem, é invariável. Ex: As bebidas que melhor fazem à saúde são geralmente as mais baratas. Porém, se
for comparativo de bom, então, é
variável. Ex: Em geral, as mulheres são melhores profissionais em determinadas
áreas sociais. Naturalmente, vamos encontrar idêntico quadro com pior.
Retomaria o que registei no segundo parágrafo para
confirmar que mais bem e, portanto, também
mais mal são, respectivamente,
comparativos regulares de bem e mal, usados antes de particípios. Ex: Em princípio, as vinhas mais mal tratadas dão piores
vinhos.
[O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]
[O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]
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