[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 19 de setembro de 2014



Odeceixe, novamente

[facebook, 14.09.2014]


- inferno episódico

Devido à previsível e monumental barulheira de uma festança promovida pela própria Câmara Municipal de Aljezur, anunciada para as noites e madrugadas de sábado e domingo, arraial montado em cima do belvedere, a vinte metros de minha casa, decidimos ir embora. Pura e simplesmente, não estivemos para aturar manifestações de selvajaria durante as quais se pr
oduziria poluição sonora insuportável. Então, o paraíso de Odeceixe?

Em pleno Parque Natural da Costa Vicentina, onde há um certo cuidado em não poluir e respeitar o ambiente, ninguém parece preocupar-se com as cargas inusitadas de decibéis fabricados por ‘digeis’ e grupos não sei quê, encartados e pagos pelo município. Não deverá ser fácil qualquer autarquia responsabilizar-se por maior paradoxo… Então, o paraíso de Odeceixe?

Há pouco, a meio da tarde, acabando de regressar, perguntei como tinha sido. Um inferno, responderam. Ninguém pregou olho durante duas noites. Um horror, falta de respeito, em nome não sei de quê. Nós pudemos solucionar a questão da melhor maneira. Quem não está bem… Mudámo-nos por uns dias, fomos para outra casa, noutro local estupendo. E quem não pode fazer o mesmo? Quem, por exemplo, aluga um apartamento, por uns dias, não lhe passando pela cabeça que, num parque natural, possa acontecer um tal descalabro? Então, o paraíso de Odeceixe?

- paraíso retomado

Terminou o suplício do qual fugimos. As horas do fim de tarde não podiam ser mais abençoadas. O banho? Uma iniciação. E a caminhada? Crepuscular, entre Odeceixe praia e a povoação, seis quilómetros ida e volta. Ladeio a ribeira, entre os cheiros da ruralidade que respiro por todo o lado, o funcho, os marmelos, medronhos que avermelham, verdes, verdes hectares e hectares de milho, e os novilhos que engordam felizes.

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