[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015



2015, Salzburg, XI
(27 de Janeiro)

[facebook, 27.01.2015]

Neste momento cai um grande nevão sobre Salzburg. Desde o passado sábado, o cenário tem vido a mudar radicalmente. Como sempre acontece antes que o branco se instale para ficar uns tempos, primeiro timidamente e, depois, cada vez mais fortemente, a neve marca uma presença impositiva, determinante e alteradora dos comportamentos dos cidadãos que, de qualquer modo, a esperam sempre e com ela convivem em harmonia.
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Também é esta 'cultura de Inverno' que espero sempre encontrar quando, nesta altura do ano, aqui passo estas semanas. Nem todos gostam ou podem, tal é o caso da Ana Maria, minha mulher, que me acompanhou em Salzburg, só por altura do Festival da Páscoa, nunca por nunca em Janeiro-Fevereiro. Recusa-se, ponto final, eu respeito e venho sozinho. Confesso, aliás, que poderia faltar a todos os festivais da cidade mas nunca ao Mozartwoche.

Mas, nestas linhas, apenas gostaria de me referir à neve. Os meus caros amigos deverão ter em consideração que esta e todas as cidades do centro e Norte europeu têm de estar muito bem preparadas para os nevões. Nunca por nunca ouvi qualquer queixa. E já tenho apanhado nevões monumentais.

Se, em poucas horas, se acumulam milhares de toneladas de neve por todo lado, a verdade é que os serviços actuam de tal modo que nada, absolutamente nada pára. Como saio muito cedo, cerca das seis e meia da manhã, para fazer a minha caminhada, acompanho os trabalhos que estão a terminar e que se desenrolaram pela madrugada.

Servindo-se de todo o tipo de tractores e limpa-neves, desde os muito grandes aos domésticos, os cantoneiros não param. Tudo funciona. Tudo é previsível. Nada está entupido. Não há lixos abandonados. Aqui, de modo algum, se conjuga a perniciosa cultura do desleixo que tanto, tanto nos tem prejudicado em Portugal. Mesmo perante condições de clima muito exigentes, a normalidade do quotidiano não é minimamente prejudicada.

A neve continua a caír. E de que maneira! Hoje, aniversário de Mozart, tenho imensas voltas a dar. Apenas uma preocupação: cuidado com algumas superfícies geladas onde qualquer descuido pode ter consequências muito perniciosas.

De qualquer modo, a propósito, como não lembrar a queda de uma senhora no execrável pavimento da Heliodoro Salgado, há uns quinze dias, em pleno coração da sede do concelho de Sintra, em consequência da incúria sistemática da Câmara Municipal de Sintra? A mesma Europa, «climas» diferentes, e que distância, Santo Deus!


 

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