2015, Salzburg XII
(26 de Janeiro, ao princípio da tarde)
[At. cronologicamente anterior a Salzburg XI]
[facebook, 27.01.2015]
Neste altura abriu um Sol esplendoroso em Salzburg. Ainda não tinha acontecido desde que aqui cheguei na passada quarta-feira. Tenho duas janelas no meu quarto, uma com vista para Monchsberg e outra para Kapuzinenberg, através das quais me apercebo do efeito estupendo sobre o branquíssimo da neve que se acumulou, depois de dois dias a caír, quase ininterruptamente.
...
Aceito todas as condições do tempo que faz, esteja onde estiver, não gosto muito do vento quando bate a chuva, e não sou nada o tipo de pessoa que vem para o centro e Norte da Europa queixar-se da falta que lhe faz o Sol de Portugal. E, de facto, se há coisa que aqui não venho fazer, é esperar que o Sol brilhe, como faz neste momento. Foi só por isso que registei.
Com imenso que fazer lá por fora, não resisti vir partilhar convosco a fortíssima impressão que me causou o recital desta manhã de Mitsuko Uchida, na Grosse Saal do Mozarteum. Faço-o, ‘saltando’ um outro evento musical, da manhã de ontem que, ‘en passant’, aludi em ‘Salzburg IX’, o concerto da Capella Andrea Barca, sob a direcção de András Schiff que fica para outra oportunidade porque, de facto, outro valor mais alto se levantou.
Uchida veio interpretar as Sonatas KV. 280, KV. 330 e KV. 576 de Mozart bem como “Quatro Impromptus” op. Post. 142 – D 935 de Schubert. Não me vou deter na descrição de detalhes da interpretação das peças, a todos os títulos absolutamente superlativa. Quando se fala ou escreve sobre Uchida e outros pianistas da mesma galáxia – escassíssimos, actualmente, chegam e sobram os dedos da mão – os adjectivos não chegam. Fiquemos pelo sublime.
Gostaria, isso sim, de vos dar um ou outro apontamento pessoal e de amigos. Depois de um tal assombro, perante o caldeamento das emoções e da torrencial de pensamentos, memórias, comparações, conotações, que são convocados, fica-se perfeitamente arrasado. Ao pé de mim, um pouco por toda a sala, era essa a atitude do público, gratíssimo, elevado pela Arte da diva, em cujas mãos as peças de Mozart e Schubert atingem o estatuto do paradigma da interpretação.
No fim do recital, depois de aplausos prolongados, gratos, cúmplices, uma atitude muito rara neste templo da música: como que impulsionado por uma mola única, o público, de pé, continuava
ovacionando. Muitas lágrimas de felicidade, sorrisos, apertos de mão, abraços, uma catarse fabulosa.
Em memória de ocasião tão especial, gostaria de partilhar convosco, a sua leitura da Sonata em Ré Maior KV 576, chamando a vossa especial atenção para o Adagio.
http://youtu.be/1jd_FDw0Au8
Com imenso que fazer lá por fora, não resisti vir partilhar convosco a fortíssima impressão que me causou o recital desta manhã de Mitsuko Uchida, na Grosse Saal do Mozarteum. Faço-o, ‘saltando’ um outro evento musical, da manhã de ontem que, ‘en passant’, aludi em ‘Salzburg IX’, o concerto da Capella Andrea Barca, sob a direcção de András Schiff que fica para outra oportunidade porque, de facto, outro valor mais alto se levantou.
Uchida veio interpretar as Sonatas KV. 280, KV. 330 e KV. 576 de Mozart bem como “Quatro Impromptus” op. Post. 142 – D 935 de Schubert. Não me vou deter na descrição de detalhes da interpretação das peças, a todos os títulos absolutamente superlativa. Quando se fala ou escreve sobre Uchida e outros pianistas da mesma galáxia – escassíssimos, actualmente, chegam e sobram os dedos da mão – os adjectivos não chegam. Fiquemos pelo sublime.
Gostaria, isso sim, de vos dar um ou outro apontamento pessoal e de amigos. Depois de um tal assombro, perante o caldeamento das emoções e da torrencial de pensamentos, memórias, comparações, conotações, que são convocados, fica-se perfeitamente arrasado. Ao pé de mim, um pouco por toda a sala, era essa a atitude do público, gratíssimo, elevado pela Arte da diva, em cujas mãos as peças de Mozart e Schubert atingem o estatuto do paradigma da interpretação.
No fim do recital, depois de aplausos prolongados, gratos, cúmplices, uma atitude muito rara neste templo da música: como que impulsionado por uma mola única, o público, de pé, continuava
ovacionando. Muitas lágrimas de felicidade, sorrisos, apertos de mão, abraços, uma catarse fabulosa.
Em memória de ocasião tão especial, gostaria de partilhar convosco, a sua leitura da Sonata em Ré Maior KV 576, chamando a vossa especial atenção para o Adagio.
http://youtu.be/1jd_FDw0Au8
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