[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015



Sintra,
Quinta do Relógio,
episódio a recordar


[facebook, 28.01.2015]

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"Nos jardins da Quinta do Relógio, onde se encontra, neste momento uma galeria de exposição de fotografias, existe, meio escondida, uma pequena gruta construída com a técnica de embrechados, na qual foram utilizados, maioritariamente e em grande profusão, cacos diversos de louça da china. Com um enorme tanque de água à sua frente quase passa despercebida. Um nicho no alto, neste momento vazio, em baixo, em estuque a representação de uma igreja e construções laterais que eu arriscaria dizer que se trata da Basílica e Convento de Mafra. Do lado direito do nicho, talvez a representação do Convento da Pena e, do outro lado o Castelo dos Mouros já muito danificado (?). Em ambos os lados da gruta existem bancos e, no chão, uma enorme concha. É muito bonita !!!

Num manuscrito anónimo existente na Biblioteca de Sintra redigido por volta de 1850, o autor menciona esta Quinta que um certo “padre Jerónimo legou aos antepassados do 15º Conde do Redondo, o actual proprietário” que na época era D. José de Sousa Coutinho (1797-1863). (Anne de Stoop – Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa 1986)

Será esta gruta contemporânea do dito frade Jerónimo ou, foi algum dos proprietários que se lhe seguiram que a terá mandado construir?"
[Emília Reis]


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A propósito deste interessantíssimo 'post' da querida amiga Emilia Reis, gostaria de lembrar um quadro de referência global em que se enquadra este seu contributo. E começo logo por afirmar que, era «por estas e por outras» razões, também interessantes, que, durante a presidência do Prof. Fernando Roboredo Seara, tanto se falou na compra da Quinta do Relógio por parte da Câmara Municipal de Sintra.

Como sabem os meus leitores, e a Emilia Reis é das pessoas que bem sabe, tive oportunidade de me manifestar veementemente, durante quase dois anos, através de escritos sucessivos, contra tal negócio na medida em que os custos inerentes à recuperação do património em questão - devido à total descaracterização do interior do palacete de estética romântica de feição arabizante - são perfeitamente incomportáveis para as finanças municipais.

Se o negócio da venda que o proprietário propunha - não sei se continuará a propor - era assim tão bom, porque não convenceria ele um grupo financiador privado a concretizá-lo? É para isso que a iniciativa privada deve aparecer, para correr riscos e promover atitudes negociais, com objectivos de disponibilização ao usufruto cultural, mediante entradas pagas, iniciativas hoteleiras, de restauração, espectáculos, etc, em relação aos quais a administração local e central não estejam vocacionadas ou não possam encarar tal investimento.

Felizmente, na minha perspectiva - e saudei a decisão com o maior júbilo, igualmente através de textos nas redes sociais e na imprensa local - a autarquia desinteressou-se da compra a qual, em tempo de recursos tão mitigados, poderia ter sido muito problemática.

Também «por essas e por outras», portanto, 'por não se ter deixado encantar por cantos de sereia' é que o Prof. Fernando Roboredo Seara deixou ao actual executivo uma situação financeira que tem sido elogiada em todas as instâncias. O ex-Presidente, aliás, é daqueles que muito há-de ser recordado por aquilo que, muito judiciosamente - repito, sempre na minha perspectiva - impediu que fosse feito...

Por vezes, tenho visto comparar esta situação com a da compra da Quinta da Regaleira. Quando a Dra Edite Estrela assim decidiu, de modo algum, se colocavam os riscos da operação que acima acabei de referir. Na altura, fez muito bem, fez um riquíssimo negócio, os sintrenses enriqueceram o património com uma unidade interessantíssima que «começou logo a facturar». E não mais parou!

Q.E.D.!


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