[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 14 de julho de 2015



São Jorge
- 23 de Abril
Padroeiro de Portugal


[facebook, 23.04.2015]


De acordo com a tradição, São Jorge (275 - 23 de abril de 303) foi um soldado romano, ao tempo do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. Na hagiografia, São Jorge é um dos santos de maior devoção, tanto na Igreja Católica Apostólica Romana como na Ortodoxa e também Anglicana. É um dos Catorze santos auxiliares e ficou imortalizado na lenda em que mata o dragão.

Pensa-se que terão sido os Cruzados ingleses, que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques na conquista de Lisboa, em 1147, os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para as lusas paragens. No entanto, não seria antes do reinado de D. Afonso IV que o grito de guerra, por São Tiago, substituiria por São Jorge.
 
Vem a propósito lembrar a capelinha de São Jorge, em Aljubarrota, e o especial fervor religioso que por ele tinham São Nuno Álvares Pereira e o próprio D. João I. Aliás, foi no reinado do Mestre de Avis que, precisamente, São Jorge passou a ser padroeiro do reino de Portugal.

E o Castelo de São Jorge, em Lisboa? Pois claro, invoca o mesmo santo cuja iconografia, como sabem, nos remete para a lendária cena em que mata o dragão. Aproveitaria para partilhar convosco esse interessante relato que, afinal, é apenas um entre os que nos chegaram com diferentes versões.
Jorge teria assentado arraiais com sua armada romana próximo de Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo alado que se entretinha a devorar os habitantes da cidade, que, naturalmente, se viram obrigados a procurar refúgio junto às muralhas.

O hálito do lagartão monstruoso era tão venenoso que pessoas próximas podiam morrer envenenadas. Com o intuito de manter o animal longe da cidade, todos os lhe eram oferecidas ovelhas e quando já não havia mais rebanho, as sacrificadas passaram a ser crianças.

Até que o holocausto atingiu a própria filha do rei, Sabra, menina de catorze anos. Vestida como se fosse para o seu próprio casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera do animal. Quando soube da história, Jorge decidiu pôr fim ao episódio, montou o seu branco corcel e foi resgatá-la. Antes, porém, obrigou o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súbditos se converteriam ao cristianismo.

Após tal juramento, Jorge partiu ao encontro da princesa e do "dragão". Nada consegue com a lança que se despedaça contra a pele do monstro e, com o impacto, São Jorge cai do cavalo. Ao cair, consegue rolar o corpo até uma árvore de laranjeira que o protege do veneno do dragão até recuperar suas forças.

Novamente pronto para a luta, Jorge atinge a cabeça do dragão com a sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo a sua armadura em duas partes. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e, seguidamente, crava a espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que, muito ferido, cai aos seus pés.
 
Jorge amarra uma corda ao pescoço da fera e, triunfante, atravessa a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. É então que Jorge corta a cabeça ao bicho. E todos os habitantes da cidade se tornaram cristãos.

Nesta poderosa alegoria, dragão, ou seja, o demónio, simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé enquanto que a donzela representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
PS:
Acreditem que nenhum recente acontecimento desportivo em terras bávaras me animou à partilha desta memória...

 

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