[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 16 de outubro de 2015



Savall.
Atraso desculpável?



Na passada Sexta-feira, dia 9, subordinado ao título "Melomania, a quanto obrigas!", suscitado pela coincidência de eventos musicais que obriga a uma certa «ginástica» para poder estar nos que, de todo em todo, são imperdíveis, escrevia eu:

"(...) 3. No domingo, pelas 19.00, mais uma vez na Gulbenkian, Jordi Savall e Hespèrion XXI propõem um programa de música europeia dos períodos renascentista e barroco, incluindo peças de compositores, entre os quais constam os portugueses Manuel Rodrigues Coelho, e Pedro de Araújo, organista da Sé Catedral de Braga até 1665.
 
Inclui ainda peças do compositor valenciano Luís de Milan, que dedicou a obra Libro de música de vihuela de mano intitulado El maestro, publicado em 1536, ao rei D. João III, o que leva a crer que Milan tenha passado alguma temporada em Portugal.

Acerca deste último, entre hoje e o dia do evento, ainda terei oportunidade de partilhar mais algumas notas. Entretanto, como poderão verificar, começa mesmo o melhor dos desassossegos para qualquer melómano. já sei que, para já, não vai ser fácil conjugar as propostas musicais com o gozo do Outono, em Sintra e no monte, no Alentejo. Mas, como assim é há muitos anos, claro que não concedo a mínima hipótese de stress... (...)"

Pois, desde então, ainda não tinha tido oportunidade, mas ei-la que chega para me poder reportar ao concerto de Hespèrion XXI, no dia 11 de Outubro, domingo, pelas 19.00 horas, no Grande Auditório da Gulbenkian. Lotação a rebentar pelas costuras. Fim de tarde de grande festa, com este que é um dos grupos de Jordi Savall.

Enfim, já não sei há quantos anos que com ele partilhamos momentos de tanta elevação. Mas, se tiver em consideração que, desde a fundação de Hespèrion, de La Capella Reial de Catalunya e de Le Concert des Nations, respectivamente remontando a 1974 e 1987 e 1989, em lugares tão diferentes como na Gulbenkian, na Sé de Lisboa, no Mosteiro de Alcobaça, no Alentejo, na Póvoa de Varzim, em Espanha, na Suiça, em França, na Áustria, especialmente em Salzburg, tenho acompanhado o percurso de Savall e da sua gente, então, são mesmo cerca de 40 anos de dedicação, companheirismo, cumplicidade, de comunhão na utopia que lhe é tão cara da possibilidade de transformação do mundo através da Música.

Ainda no intervalo do concerto, com João faria, meu amigo de Sintra, confessava eu e ele anuía, que muita falta nos tem feito a saudosa Montserrat Figueras já que era indissociável das andanças do grupo, tendo-lhe conferido uma marca cuja ausência dói mesmo. Ora bem, isto só se sente quando, de facto, se desenvolve uma relação que ultrapassa a «normal» entre o artista e um público mesmo muito, muito fiel.

Além do grande director, na viola da gamba soprano, tenhamos a boa prática de lembrar todos os membros do ensemble: Philippe Pierlot, violas da gamba alto e baixo, Sergi Casademunt, viola da gamba tenor, Lorenz Duftschmid, viola da gamba baixo, Xavier Puertas, violone, Enrike Solinis, tiorba e guitarra, Michael Behringer, órgão e cravo e Pedro Estevan, percussão. Se o faço é porque, de facto, não há qualquer 'estrelato' e, isso sim, oito excepcionais intérpretes em que JS é apenas o 'primus inter pares'. Quem como nós os conhecemos sabe quão sincera é esta que não chega a ser uma minha opinião e muito mais uma mera constatação.

A estrutura do evento, obedecendo a um percurso que incluiu obras dos compositores acima referidos, "A Europa Musical 1500 - 1700", permitiu contemplar 'Danças Italianas do Renascimento Veneziano', 'Música da Corte Isabelina', 'Danças e Tentos de Espanha e Portugal', 'Música para o Rei Luís XIII','Música da Alemanha' e 'Música da Europa Barroca'. Uma sábia escolha de obras que, em cerca de hora e meia, propiciou a abordagem de um autêntico e riquíssimo mosaico do nosso mais valioso património musical europeu.

Naturalmente, interpretações inultrapassáveis. Mas, sabem os meus amigos acerca do que escrevo, sempre aquela excepcional impressão de que estamos perante um grupo de artífices que, na sua «oficina», onde apenas há Mestres, produzem uma obra de qualidade suprema, com uma atitude tão discreta da qual só é capaz quem está perto do sublime.
 
Do aludido percurso, inerente à música da corte de Isabel I, deixo-vos com uma das peças apresentada no concerto da Gulbenkian. Ter-meão desculpado o atraso da referência ao evento? É que não tenho tido mãos a medir...

E, amanhã, já outro importante concerto na Gulbenkian. No Sábado? Outro no Palácio de Queluz, que já anunciei. aqui no meu mural No Domingo? Bem, no dia 18, vou até ao monte, no Alentejo. Outra música...

Boa Audição!

 
 
 
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