[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 10 de novembro de 2015




No monte,
um Alentejo de Outono



[referente a 7 e 8 mas publicado às primeiras horas de 09.11.2015]


Fim de semana em tempo de viver tradição. Três gerações da família, dezassete pessoas, algumas pela primeira vez, a varejar, a arrastar redes atrás de redes, sob troncos, ramos, que devolvem a chuva dos pequenos frutos. Separar a folhagem, carregar baldes para a carrinha de caixa aberta do Senhor Augusto.

É o calor esperado, anunciado durante toda a semana, São Martinho a sério. Horas e horas de arrasar, tempo de aprender o duro de um relógio lento, de sede e suor, na pacífica guerra de varas que açoitam o sagrado lenho centenário, que nos viu nascer e ali vai continuar quando partirmos.
Dias de grande lição, necessária lição. A vinha, a toda à volta, num sossego de hectares e hectares de matizes outonais impossíveis, transforma o nosso pequeno olival numa ilha que é promessa do melhor azeite da Cooperativa da Vidigueira. Uma lição de harmonia que beneficia, sem exigência nem limite.

Este é um Outono pródigo. Há que dar graças a Deus e, como não, lembrar o do ano passado em que, devido à praga da mosca que assolou a zona, nem um quilograma enviei para o lagar. Por isso, a meio da manhã e da tarde, também a alegria imensa à volta da mesa grande, sob o famoso telheiro, o encontro com os bons queijinhos, enchidos e vinho, bolos e biscoitos destas terras de interior profundo.

E, sempre, ao almoço, a amesendação incondicional da Cidalia Ferreira, na "Mó", em Albergaria dos Fusos, perto do nosso monte. Sopas de cação, ensopado de borrego, feijões com moganga acompanhando peixe frito, vinhos branco e tinto dos nossos vizinhos da Ervedeira. Sobremesas? O melhor é deixar para outro escrito!... Como seria o meu Alentejo sem a Cidália?

Trabalho e festa. O cansaço e a lição. Ninguém vai esquecer, em especial, os garotos. Privilégio deles.

 

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