[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 5 de janeiro de 2016



 
Viena, aos 5 de Janeiro de 1791
Efeméride mozartiana



Concerto em Si Maior para Piano e Orquestra, KV 595


O último dos vinte e sete concertos para este instrumento, no ano em que o compositor acabaria por falecer, tão precocemente. Longe de adivinhar que seria o seu último concerto para piano, Mozart apresenta uma proposta de serenidade, tão definitiva, que não há comentador que não ceda à tentação de o considerar na acepção de testamento pianístico.

Como proposta de partilha, a inolvidável Clara Haskil (7.1.1895 - 7.12.1960) com a Gürzenich-Orchester Koln, sob a direcção de Otto Klemperer, numa gravação de 9 de Setembro de 1956, ano em que se comemorou o ducentésimo aniversário de Mozart..Gostaria de vos dizer que, mais uma vez, estive a ouvir outras leituras deste mesmo concerto, em momentos chave dos vários andamentos e, não me sobra uma dúvida. Haskil é o paradigma. E a parceria com Klemperer é de uma cumplicidade tocante.

Aqui não há quaisquer truques. Mozart, Mozart, apenas Mozart, como estou habituado a ouvir, em excepcionais ocasiões. Sem quaisquer «rodriguinhos», sem 'arredondamentos' dos acordes. Uma verdade a que temos direito. De facto, nunca ouvi um melhor serviço a Mozart. Naturalmente, tenho em consideração os «gigantes» Brendel, Uchida, Schiff (este cada vez mais e mais) que estão na mesma galáxia...

Finalmente, com especialíssima emoção,

permitam que dedique esta proposta à memória da minha querida amiga Maria Nobre Franco, que foi directora do Sintra Museu de Arte Moderna-Colecção Berardo, falecida no ano passado. Tal como eu, a Maria é [deixem que continue a usar o Presente...] uma indefectível de Haskil. Partilhámos esta justíssima preferência que, cumpre assinalar, coincide com as melhores críticas do século vinte. Ainda hoje, em Salzburg, se chora por Haskil, a inultrapassável.


Boa audição!


http://youtu.be/241dlJB5wow [Allegro]http://youtu.be/e8n7saeecAk [Larghetto e Allegro]
 
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[1. A primeira foto reproduz um desenho que Dora Stock executou durante a última estada de Mozart em Dresden, em Abril de 1789. A técnica usada designa-se, em Alemão, como "Silberstiftzeichnung" e, em Inglês, "silverpoint". Trata-se da imagem mais fiel, também a última, nos seus trinta e três anos, que é possível reter do rosto de Wolfgang Mozart;

 2. Abaixo, a assinatura do compositor, ou, melhor, uma das assinaturas, tudo leva a crer que a preferida. Parece que aquele 'Amadé', à francesa, lhe soava muito bem]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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