[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016



Um verdadeiro tesouro!

[publicado no facebook em 15.02.2016]


E que bem se lhe refere Vitor Serrão. Como é que nos damos ao luxo de deter peças patrimoniais, como esta autêntica preciosidade, que permanecem no mais sombrio desconhecido?

Esta é daquelas obras que, independentemente da distância a percorrer, merecem uma deslocação de propósito. Bom seria que, obviamente, no local, toda a informação pertinente estivesse devidamente disponibilizada.
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Em país com as características do nosso, tudo seria mais propício se, em vez de um admirável alto-relevo gótico do final do século XIV, ali por perto, vivesse algum craque do futebol. Provavelmente, até museu afecto lhe ergueriam...
 
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MEMÓRIAS DE SÍTIO COM O SÃO JORGE DE EIRA PEDRINHA. Na capela de Nossa Senhora da Piedade de Eira Pedrinha, nos arredores de Condeixa-a-Nova, existe um admiráve...l alto-relevo gótico do final do século XIV que representa São Jorge a enfrentar o dragão para resgatar uma princesa cativa de um rei tirano, uma das lendas mais intrincadas na memória popular medieval. Além do cavaleiro, ataviado a rigor, que trespassa o dragão do mal, vêem-se, ao fundo, as muralhas da cidade, com figurinhas que espreitam das ameias e, à esquerda, e a dama já liberta das cadeias que a prendiam, tudo conforme à lenda fixada na célebre 'Legenda Áurea' de Jacques de Voragine. Peça muito interessante e de vigoroso lavor, mostra restos da primitiva policromia e ostenta, em baixo, uma legenda que reza: GONÇALO PALMEIRO MANDOV FAZER ESTA OBRA ERA MIL CCCC XXXUI ANOS (ano de 1398 da era cristã). Trata-se de obra de um bom imaginário coimbrão, que dominava os segredos da modelação calcárea e trata as formas com grande sensibilidade. Além disso, a peça constitui um óptimo documento sobre a armaria trecentista portuguesa, coeva, por exemplo, do tempo em que se iniciava a construção do mosteiro da Batalha. Só conhecia esta belíssima peça por reprodução no 'Inventário Artístico de Portugal', vol. IV, Distrito de Coimbra, 1953, da autoria de António Nogueira Gonçalves, e pude agora admirá-la de visu, em todo o seu esplendor, aquando das recentes IV Jornadas do Património Cultural e Natural de Condeixa, organizadas por Miguel Pessoa. Mais estranho, por isso, o silêncio que existe por parte dos medievalistas portugueses sobre uma peça artística desta qualidade...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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