'Por aqui' também passa a «economia que mata»...
Estas imagens separam diferentes maneiras de encarar a actividade agrícola, em geral, e a olivicultura, em sentido mais restrito. Para que tenham uma noção mais concreta acerca desta realidade, tenham em consideração que, grosso modo, há três atitudes em relação à exploração da natureza quando o objectivo é o olival:
1. olival tradicional - árvores plantadas em compassos largos - geralmente mais de 7X7m - 60 a 200 árvores por hectare - podendo ser mantidas em sequeiro ou regadio. É o sistema tradicional, utilizado há vários séculos, e representa ainda a maior parte da área de Olival em Portugal. A sua entrada em produção pode demorar 15 a 20 anos, sendo que se conhecem olivais produtivos com alguns séculos;
2. olival intensivo - árvores plantadas em compassos apertados - 285 a 415 árvores por hectare - exploradas em regadio. Entra normalmente em produção 5 a 7 anos após a instalação, podendo produzir durante várias décadas;
3. olival superintensivo - árvores plantadas em sebe, normalmente numa densidade entre 900 e 1200 árvores por hectare. É explorado em regadio, e entra em produção dois a três anos após a instalação. Os olivais mais antigos que se conhecem explorados neste sistema raramente ultrapassam os vinte anos de idade.
Ora bem, no caso do meu, trata-se de um olival perfeitamente tradicional com 140 oliveiras por hectare, do qual fotografei apenas umas poucas árvores para que se apercebam do compasso espaçadíssimo. As outras duas fotos ilustram um exemplo do superintensivo, vizinho do meu monte, em que a densidade é tremenda.
Naturalmente, quanto maior é o ratio de árvores por hectare, muito maiores são os riscos que se combatem com o recurso, também intensivo, a tudo quanto é tratamento da mais diversa natureza química. Reparem que a vida do olival superintensivo não ultrapassa os 20 anos, ou seja, as mesmas duas décadas que o tradicional precisa para começar a produzir...
A propósito, já devem saber o que está a acontecer nos grandes olivais da Andaluzia, onde a presença da bactéria 'Xylella fastidiosa' lançou o pânico nos agricultores da região, com mais de 60 milhões de oliveiras em produção, podendo vir a ter um impacto semelhante ao da 'filoxera' na vinha, a grande praga que ocorreu na Europa em meados do século XIX. Naturalmente, grande é a preocupação nos seus colegas alentejanos.
Pois é, meus caros amigos. Ou muito me engano ou aquele «branquinho» das duas fotos, a salpicar hectares e hectares de terreno, é bem a imagem de uma avidez cujos custos, estou em crer, ainda acabarão por saír demasiado caros. Demasiado caros a todos os cidadãos, que não só aos olivicultores. Embora a natureza vá dando sinais de manifesto «incómodo», a ganância torna os «interessados» muito distraídos...
Sem comentários:
Enviar um comentário