[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018



Cidadania e participação,
tanto trabalho por concretizar!

[Publicado no facebook em 05.02.2018]

Há 6 anos, como sempre acontece nesta altura do ano, estava eu em Salzburg. Acompanhando o que ia acontecendo por cá, publiquei um texto acerca da cidadania e participação que, ainda hoje, me parece, de partilha pertinente.
Infelizmente, tanto a nível nacional como local, o quadro de referência pouco ou nada se alterou. Quando, em Sintra, o Movimento QSintra, veio pôr na ordem do dia a questão da permanente necessidade da intervenção cívica esclarecida, lúcida e consequente, eis o meu convite ao acesso parcial daquele texto.

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5 de Fevereiro de 2012 ·
Cidadania e participação

"(...) Interessante é reflectir sobre as razões que enquadram o fenómeno [da baixíssima participação dos jovens na resolução dos problemas que enfrentam as comunidades onde residem]. Certamente que, para resultado tão negativo, tem contado - e, de que maneira!... - a mediocridade do modo como exerce o poder a classe política que os cidadãos têm elegido ao longo de décadas.
Contudo, se os cidadãos elegem tais representantes, fazem-no, certamente, tanto por falta de esclarecimento como porque a Lei Eleitoral vigente (que é óptima para perpetuar estes incompetentes e oportunistas alojados nos partidos do designado «arco do poder») que não privilegia os círculos nominais, afasta liminarmente os eleitos dos eleitores.
Mas, a montante de tudo isto, parece-me agigantar-se uma razão, muito poucas vezes conjugada com este quadro, qual seja a da enorme percentagem de analfabetismo funcional e de iliteracia que ainda afecta alguns milhões de nossos concidadãos.
[Cumpre não esquecer, como, em geral, o têm feito os governantes portugueses], que sendo o nosso um país europeu, na maior parte dos índices de desenvolvimento, nem sequer está considerado entre a média europeia...
Enquanto ainda precisamos de quase uma cruzada afim da Educação de Base de Adultos, a Europa dita desenvolvida preocupa-se, sim senhor, com a Educação de Adultos, mas não tendo que considerar a enorme quantidade de recursos agora necessários ao nosso país, como estratégia de remediação daquilo que deixou de investir a meio da década de oitenta e que hoje lhe custará rios de dinheiro.
Quem me conhece, em especial, como Técnico de Educação, sabe que esta é uma perspectiva que advogo e perfilho há muitos anos. Sempre que estou no estrangeiro, particularmente em países europeus, como é o caso de Áustria, onde há muito foram resolvidas questões para nós ainda tão cruciais, tão presentes, cada vez mais difíceis de equacionar, ainda mais aguço essa convicção.
Finalmente, pois claro, não posso ter outra opinião: a cidadania, a participação cívica para resolução dos problemas que afectam os cidadãos, não é coisa que se decrete. Infelizmente, não. Cidadania e participação constituem termos de um binómio indissociável da tríade que tem no civismo a outra vertente.
Nos dias de hoje, são princípios e valores que coincidem com a ideia de patriotismo, pressupondo um caminho de vivência diária da democracia. Mas, assim sendo, estamos num círculo vicioso porque a qualidade da vida democrática depende do exercício da cidadania. Ah, pois estamos...
(...)"

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