[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018



Senhor Dr. Basílio Horta:
- Fugiu-lhe a boca para a verdade!...

[publicado no facebook em 02.02.2018]

Na grande parangona que encimava a entrevista que o Dr. Basílio Horta, Presidente da Câmara Municipal de Sintra, concedeu ao 'Diário de Notícias', publicada em 13 do passado mês de Janeiro, lia-se:
"Queremos tirar o trânsito do centro histórico em 2018"
Muito bem, Senhor Presidente! Aplauso, Senhor Presidente! Não poderão estar mais de acordo os fregueses da União das Freguesias de Sintra, onde o centro histórico de Sintra está implantado e devidamente delimitado, bem como os munícipes em geral e visitantes, todos tão sacrificados pela actual falta de condições!
No entanto, tendo em consideração que há pontos por esclarecer naquela dúzia de palavras de uma notícia que, aparentemente, é tão pacífica, o autarca que gere os destinos do segundo mais populoso concelho do país e o que detém uma das maiores concentrações de património natural e edificado, não pode furtar-se à resposta das seguintes questões:
1. Como pode afirmar que, em 2018, o centro histórico vai ficar livre de viaturas particulares se, a montante, não foi construído um único centímetro quadrado dos parques periféricos que, de acordo com os estudos disponíveis, deverão ser instalados nas três entradas da sede do concelho, nas zonas de Ramalhão, Várzea e Lourel, portanto, pressupondo um período de obras consentâneo e adequado às exigências em presença?
2. Como se atreve a considerar, como parque de estacionamento periférico, aquela coisa perfeitamente desqualificada, mal acabada e insegura que a Câmara Municipal de Sintra instalou na Portela?
Desconhece o Senhor Presidente que um parque periférico, em qualquer latitude civilizada, deve estar dotado, entre outros serviços, pelo menos, de instalações sanitárias, e interface para articulação com a rede de transportes públicos que levará os interessados a todos os destinos, mediante tarifa simbólica que inclui o estacionamento e o valor dos bilhetes dos percursos a concretizar?
3. As fotos recordam-lhe um dos locais de Sintra que mais radicado está no coração dos sintrenses e visitantes. Trata-se do Largo D. Fernando II, geralmente conhecido como Largo da Feira de São Pedro, onde o Senhor Presidente pretende instalar um parque de estacionamento para cem viaturas!
Mas, então, não foi o Senhor Presidente o autor daquelas palavras acima citadas? Como pretende tirar o trânsito do 'centro histórico' e carregar de viaturas o Largo D. Fernando II, se este faz parte do 'centro histórico' de Sintra? Aliás, do mesmo 'centro histórico' não fazem parte outros e bem conhecidos lugares da Vila Velha e Estefânea?
Para já, enquanto aguardamos respostas, bem podemos afirmar, Senhor Presidente, que lhe fugiu a boca para a verdade. Fugiu-lhe a boca para a realidade de um próximo futuro Terreiro de São Pedro, o nosso Rossio de São Pedro, que não pode e vai deixar de ter trânsito a circular, a estacionar, a procurar lugar para estacionar entre as mais noventa e tal viaturas, e a sair do parque - perdão do Largo D. Fernando II - para demandar outras bandas.
Não, Senhor Presidente! A Câmara Municipal de Sintra não pode pretender «domesticar» o actual caos do estacionamento em São Pedro através de uma operação de condescendência ao automóvel. Isso seria um atentado à inteligência, uma atitude anacrónica que não tem em conta a lógica actual de recusa de indução de trânsito nos centros históricos, tão proclamada pela própria UNESCO.
Dissemo-lo, na Divisão de Empreitadas, quando fomos recebidos no passado dia 31 de Janeiro, e estamos certos de que, através dos canais hierárquicos, os respectivos técnicos lhe transmitirão a veemência dos nossos propósitos, dispostos que estamos à concretização de todas as diligências afins da satisfação dos nossos objectivos.
[Ilustr: Largo D. Fernando II, uma foto de Alagamares - Associação Culturale três de Pedro Macieira]

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