[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 17 de abril de 2018



Afirmação de princípio

[Publicado no facebook em 16 de Abril de 2018]

[À guisa de cumplicidade, com um abraço ao Pedro Policarpo]

Em relação às restrições de acesso e à circulação na Vila Velha, recentemente e em boa hora impostas pela Câmara Municipal de Sintra, há pessoas que, manifestamente, preferiam o caos, a balbúrdia e a insegurança reinantes até ao passado dia 26 de Março.
Verdade que, ainda com muito por fazer para que tudo fique real e devidamente operacional, não poderemos pôr em dúvida que tais pessoas conviverão mal com soluções civilizadas? Como interpretar de modo implicitamente diferente as atitudes pouco lúcidas, mesmo precipitadas a que temos assistido?
Quer a título pessoal, quer em grupo, jamais poderia subscrever tais práticas. Naturalmente, mesmo com as dificuldades decorrentes da entrada em vigor das medidas agora vigentes, mesmo perante a imensidade de questões a resolver, diametralmente oposta seria sempre a minha atitude.
Depois de devidamente informado em relação ao que está previsto concretizar, primeiramente até ao Verão, em segundo lugar, até ao fim do ano e, finalmente, durante os próximos três anos, não tenho a menor dificuldade - repeti-lo-ei as vezes que forem necessárias - em dar a mão à autarquia naquilo que estiver ao meu alcance.
Se, por um lado,me assiste a enorme vantagem de não estar, sequer minimamente, obrigado a qualquer agenda partidária, por outro, a minha 'actividade política', ou seja, a 'intervenção cívica' que me mobiliza, impõe a atitude da activa 'colaboração crítica'. que sempre defendi e valorizei.
Neste caso, aliás, bem posso afirmar e confirmar que, afinal, só estava à espera que as recentes mudanças fossem introduzidas para que, publicamente, tomasse a posição que considero mais consentânea com a realidade que, finalmente, estamos a viver.

[Ilustr: Sintra, trânsito caótico (foto do blogue 'Retalhos de Sintra']




Testemunho dominical

[Publicado no facebook em 16 de Abril de 2018]

Por um lado, se me apetecia ser mais directo e quase telegráfico, por outro, não conseguindo subtrair-me ao prazer das cenas que partilhei, eis-me caído na tentação de mais umas palavras que alicercem o testemunho.
Depois de a Câmara Municipal de Sintra ter introduzido as alterações ao trânsito de acesso e circulação na Vila Velha, foi ontem o primeiro fim de semana em que, não tendo ido até ao Alentejo devido a «obrigações musicais na Gulbenkian», me foi possível avaliar o comportamento dos visitantes de Sintra durante uma tranquila manhã de Domingo.
Cerca das onze e meia, mais ou menos confundido entre centenas e centenas de peões que, pela Volta do Duche, se encaminhavam até às imediações do Palácio Nacional, apercebi-me de que, em sentido contrário, alguns condutores provenientes da descida da Visconde de Monserrate, até conseguiam estacionar ao pé da Fonte Mourisca…
Então vamos lá a mais uma avaliação sumária, muito sumária porque, tal como tenho expressado em diferentes ocasiões, ainda em período de adaptação, não é altura para avaliações conclusivas.
Ora bem, tal como a maioria dos sintrenses, eu também sei que a ‘Piriquita’ é o barómetro da vida comercial local. Casa verdadeiramente icónica da doçaria regional e nacional, o que ali se passar, em frente aos balcões e à volta das mesas, será imagem fiel da maior ou menor animação dos negócios de toda a vizinhança.
Enfim, para que tenham uma aproximada ideia do que se passava àquela hora, primeiramente, verifiquei que as mesas estavam totalmente ocupadas e que, inclusive, havia pessoas aguardando que alguém saísse para ocupar o ambicionado lugar; em segundo lugar, ao tirar a senha para ser atendido, verifiquei que tinha 12 clientes à minha frente.
Em suma, estava «à cunha» a casa dos meus queridos amigos Julia e Fernando Cunha e, a confirmá-lo, tendo eu prolongado a conversa para além dos limites aconselháveis, quando saí, já depois de aviado de toucinho do céu e nozes douradas, agradecia a Julia por eu a ter «libertado» do prolongado diálogo uma vez que tinha mesmo de ir dar uma ajuda ao balcão…
Ao saír, a Rua das Padarias não podia estar mais apinhada de gente a subir e a descer. Por ali, por todo o nosso Terreiro do Paço, tão grande era a animação como o sossego e a descontracção dos visitantes que, em fila contínua, continuavam a chegar. Sem pressas, sem trânsito, sem semáforos, sem guardas a apitar. Que descanso! De modo algum exagero! Pelo contrário, contenho a minha evidente satisfação.
Já de regresso, parei para saudar dois agentes da GNR em serviço junto à ‘Bristol’. Gostei de perceber como vai o ânimo destes polícias que, sintomaticamente, puderam falar comigo à vontade, pura e simplesmente, porque pouco tinham a fazer. Aproveitei para os parabéns da ordem, em relação ao excelente trabalho durante o período de adaptação por que ainda estamos a passar, manifestando eles o mais sincero agrado pelo apreço que, em geral, os sintrenses têm dado conta.
A concluir, como não registar a diferença, meu Deus, relativamente a horríveis e bem recentes cenas! Como esquecer que, não há muito tempo, também num Domingo, passando pelo Largo Dr. Carlos França, deparava com três pronto-socorro preparados para entrar em acção porque estava interrompida a circulação a partir da Regaleira, precisamente, em consequência de carros mal estacionados da autêntica selva a jusante?
Pelos vistos ainda haverá gente que, ou é incapaz de notar o benefício da mudança ou, então, em consequência dos tais «prejuízos umbilicais» a que me tenho reportado, até se dava muito bem com esses lamentáveis episódios de perfeito terceiro mundo que tanto denunciei ao longo de anos e anos...
Quanto mais não fosse - e é muito, muito mais - a segurança de pessoas e bens já teria determinado as alterações que a autarquia viabilizou.



Inspiração para o Festival de Sintra?

[Publicado no facebook em 15 de Abril de 2018]

Um postal 
Ide Nuno Vieira de Almeida chamando a atenção para o sucesso de um festival de música no Brasil, em que ele próprio participou, que talvez possa servir de 'inspiração' à organização do nosso que, coitado, tanto anda pelas ruas da amargura...
Nuno Vieira de Almeida está em UFG Campus 2.
so mesmo que, com brilhantismo, as duas organizadoras fizeram. Tiro o meu chapéu à Gyovana Carneiro, à Ana Flavia Frazão ( uma brilhante pianista ou melhor ainda, uma brilhante música que urge fazer ouvir em Lisboa) e a toda a equipe pelo extraordinário trabalho realizado. E, já agora, por se terem lembrado de mim. Mil parabéns! Como vocês dizem por aqui: Valeu 👏👏
Uma vista da universidade de Goiânia


Museu de Odrinhas
- Divulgação absolutamente indispensável

[Publicação no facebook em 14 de Abril de 2018]

A pág. 61 do suplemento 'Revista' da edição de hoje, Sábado 14 de Abril, do Semanário "Expresso", é totalmente ocupada com um anúncio da responsabilidade da Câmara Municipal de Sintra de proposta de visita ao Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas
"Visite um museu único em Odrinhas", a mensagem de apelo, na horizontal, três linhas, em letras garrafais, encimando a foto que ilustra esta partilha. Mais abaixo, outra mensagem: " A meio caminho entre Sintra e o Atlântico há uma linha que une o presente e o passado: o Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas. Aqui, numa das maiores colecções de inscrições romanas da Península Ibérica, conta-se a História com mais de dois milénios."
Não posso estar mais de acordo com esta atitude. No Semanário de maior tiragem e circulação nacional, tanto em suporte papel como digital, esta publicidade é vital. O trabalho desenvolvido no MASMO, pelo Director Prof. José Cardim e a sua equipa de colaboradores é dos de maior qualidade, que Sintra tem vindo a oferecer sem, de modo algum, que tenha atingido o número de visitantes que o seu acervo e instalações justificam.
Em Sintra, tal como se insistiu no passado dia 4, durante a Conferência sobre Requalificação Urbana, a diversificação dos polos de interesse cultural é uma questão de sobrevivência do concelho.
A verdade é que Sintra não tem sabido canalizar os visitantes para destinos interessantíssimos, como o do caso vertente, tendo descansado na demanda da Vila Velha e dos pontos altos da Serra. Inadiável este trabalho de divulgação - que se espera sistemática e não esporádica - que esta publicidade indicia.
Os mais sinceros parabéns!
_______
AT: Neste preciso momento, uma exposição do maior interesse, recentemente inaugurada pelo Presidente da República. De propósito, não divulgo nestas linhas com o objectivo de vos suscitar o interesse da pesquisa. Vão! Visitem e, a exemplo do que sempre costumo aconselhar, vão por mim, levem os miúdos!
CM-SINTRA.PT
{pgslideshow id=10|width=750|height=320|delay=3000|image=O}{tab=Breve Historial} O Museu Arqueológico de…





Sob os efeitos das alterações à circulação no centro histórico
- Novidades na subida à Pena
- Avaliações? Lá mais para o Verão!...

[Pubvlicado no facebook em 13 de Abril de 2018]

Sobre as alterações ao trânsito automóvel no centro histórico, mais um artigo que subscrevi para a edição do 'Jornal de Sintra' de 13 de Abril. Havendo ainda oportunidade, gostaria de sublinhar a ideia da necessidade da maior contenção relativamente às avaliações «em cima» do acontecimento, ou seja, ainda em pleno período de adaptação às mudanças introduzidas pela Câmara Municipal de Sintra.


Alterações ao trânsito,
a civilizada resposta do Tribunal

[Publicado no facebook em 10 de Abril de 2018]

Perante algumas civilizadas medidas introduzidas pela Câmara Municipal de Sintra no sentido do condicionamento do trânsito no centro histórico, alguns comerciantes e moradores locais interpuseram uma providência cautelar à qual o Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra acaba de negar o efeito suspensivo solicitado.
"(...) O advogado José Manuel Fernandes reiterou que os comerciantes não estão contra alterações viárias, mas na forma como foram adoptadas e pedem a construção de parques de estacionamento na proximidade do centro histórico.(...)"
Ora bem, a dar crédito às supra-citadas declarações do advogado em questão, constantes do artigo que partilho, caem pela base alguns anteriores argumentos dos seus representados, segundo os quais até estariam de acordo com as medidas já vigentes se, a montante, para estacionamento dos veículos dos seus potenciais clientes na Vila Velha, a Câmara Municipal de Sintra tivesse instalado os parques dissuasores periféricos.
Pois, não senhor! De acordo com a notícia deste jornal, a grande solução que os comerciantes reivindicam, veiculada pelo referido Dr. José Manuel Fernandes, isso sim, vai no sentido de que a Câmara Municipal de Sintra deveria construir parques de estacionamento 'na proximidade' do centro histórico...
A que proximidade se referirão? À distância que os separa da escada de acesso ao Palácio Nacional de Sintra onde, cumpre não esquecer, apenas há uns anos, os comerciantes pretendiam que permanecesse a possibilidade de estacionar viaturas particulares e autocarros de turismo?
Haja lucidez e discernimento!
PUBLICO.PT
Tribunal negou efeito suspensivo à providência cautelar que foi apresentada por comerciantes e moradores do centro histórico contra as alterações na…



Memórias da Vila Velha...
Que pretendem certos nostálgicos do passado?

[Publicado no facebook em 7 de Abril de 2018]

"(...) hoje há quem diga constantemente que os antigos projectos de parques de estacionamento no Vale da Raposa e no Rio do Porto "é que eram" porque afinal "os carros ficavam escondidos e nem se notavam" (...)".
[Ricardo Duarte, em comentário ao meu texto "Requalificação urbana em Sintra" aqui publicado anteontem, dia 5 de Abril]
__________________________
Caro Ricardo,
Ambos temos falado e escrito acerca deste assunto. Falado e, repito, escrito! Cada vez mais nos devemos sentir gratificados por termos tido a coragem, em tempos mais e menos propícios, de pôr 'preto no branco' as nossas opiniões.
Ao longo de décadas, fomos habituados aos maiores desconcertos, quer vindo do Largo Dr Virgílio Horta quer dos interstícios da Vila Velha e nobres imediações. Neste capítulo das impressões desqualificadas, a asneira tem origem nos mais diferentes berços e, por vezes, é a proveniente dos mais bem nascidos que causa as maiores perplexidades...
No entanto, sem que, efectivamente, jamais a Câmara Municipal de Sintratenha posto em causa, por exemplo, a necessidade da instalação dos parques periféricos, a verdade é que, por outro lado e, a título de mero exemplo, apenas há meia dúzia de anos, certos comerciantes (atenção, não generalizo!...) exigiam que se mantivesse a possibilidade do estacionamento de automóveis e autocarros de turismo em pleno Largo Rainha D. Amélia, à beira das escadas do palácio!...
Provavelmente, tão doutas cabeças ainda não terão conseguido libertar-se da imagem que abaixo ilustra estas breves palavras. Aliás, como não perceber que apenas um curto passinho separa essa atávica «disponibilidade mental» da oposição às medidas agora introduzidas pela autarquia?
Um abraço amigo


Sintra,
desconcerto nas alterações trânsito no centro histórico
- interesses pessoais exponenciados 
- incapacidade de distanciamento que a opinião fria      
  determina

[Publicado no facebook em 6 de Abril de 2018]

Durante muitos anos, fui profissionalmente formado e, sistematicamente, habituado a contar com reacções que, tanto a nível individual como colectivo, é suposto serem abrangidas pelo quadro da designada 'relutância à mudança', verificável sempre que determinada entidade modifica algum quadro de referência.
De facto, em tal contexto, não tenho motivos para considerar que, afinal, não estaria tão bem preparado como julgava para bem entender como reagiriam as pessoas em relação às alterações à circulação automóvel no centro histórico, tão recentemente introduzidas pela Câmara Municipal de Sintra.
Todavia, tenho de confessar que fui deveras surpreendido. Atónito, dei por mim perguntando que justificação poderia eu encontrar para aceitar de boamente, que, geralmente consideradas como educadas, esclarecidas, mais bem informadas do que a média dos cidadãos, certas pessoas houvesse que reagiram tão precipitada e atavicamente como quaisquer grunhos e pacóvios.
Sendo patente, como não me tenho cansado de referir, que, a montante, ainda não estavam criadas as condições para que as alterações pudessem ter sido introduzidas sem críticas de maior, a verdade é que, entre outros factores ponderáveis, a insegurança reinante, como também já tive oportunidade de partilhar, determinava a adopção das medidas vigentes.
Certo é que, apesar de a Câmara Municipal de Sintra, se ter desmultiplicado em reuniões para esclarecimento das dúvidas em presença, foi evidente o deficit da partilha de informação, na ausência de uma campanha mediática à altura das circunstâncias.
De qualquer modo, em contrapartida, dificilmente se compreende que, reclamando-se do estatuto dos que pretendem intervir civicamente a partir das melhores práticas, tenha havido quem se atreveu a pisar terreiro durante o inevitável e absolutamente indispensável período de adaptação à mudança, período durante o qual suposto é parar, escutar, olhar, avaliar serenamente, analisar e diagnosticar para, finalmente, poder expressar opiniões e agir de acordo.
Há um tempo para tudo!
A intervenção cívica não pode ceder à facilidade de uma contundência inconsequente. Umas vezes individualmente, outras em grupo, impõe-se a eficácia mesmo que, aparentemente, nem sequer se vislumbre a 'operacionalidade' subjacente.
Há que saber dar a mão para, seguidamente, poder contar com o crédito entretanto ganho e esperar que renda os dividendos bastantes para poder reivindicar mais e mais. À contundência de certas fases, prefiro, isso sim, os períodos de colheita a partir do investimento a montante...
________________________.
[Ilustr: Trânsito descendente, a caminho do Palácio Valenças (foto de Fernando Castelo no blogue retalhosdesintra]




Requalificação urbana e
descentralização cultural

[Publicado no facebook em 5 de Abril de 2018]

Um dos assuntos abordados durante o debate suscitado no período que se seguiu à intervenção do Prof. Sidónio Pardal durante a Conferência ontem promovida pela Câmara Municipal de Sintra foi o da 'descentralização' dos polos culturais que, decisivamente, contribuirá para o 'alívio' da pressão turística concentrada na Vila Velha e no alto da Serra.
Colares, por exemplo, mereceu uma intervenção deveras interessante ao meu querido amigo João F Santos (João Faria dos Santos), destacado membro da Alagamares - Associação Cultural. Referindo-se a vários itens da circunstância cultural local, não deixou de ter em consideração o empenho na classificação do lindíssimo renque de plátanos adjacentes às instalações da sede da Adega Regional.
À mistura com uns inevitáveis goles do raríssimo 'Ramisco', o João ouviu do Dr. Basílio Horta palavras muito encorajadoras relativamente ao empenho da Câmara Municipal de Sintra no sentido de investir os recursos bastantes à proposta de um circuito que implique visita às adegas, às plantações e a todo o universo da vitivinícola colarense.
Foi durante essa intervenção, relativa à referida necessidade de 'descentralização', que o Presidente da Câmara também aludiu ao programa em estudo e em vias de concretização - e eu sei que está mesmo em estudo sob coordenação de outro meu querido amigo, o Prof. José Cardim Ribeiro, Director do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas que esteve presente no Auditório Acácio Barreiros - no sentido de promover um circuito turístico de visita aos locais de interesse arqueológico, nos termos do qual, muito naturalmente, o próprio Museu dele fará parte.
São, de facto, entre outras, notícias muito animadoras que abrem perspectivas de entrosamento de várias entidades, públicas e privadas, que, sem grande investimento, poderão animar a vida cultural e económica de um concelho que, tão interessante e diversificado, não pode estar confinado ao seu Terreiroi do Paço na Vila Velha e aos monumentos da encosta e alto da Serra.
[Ilustr: Adega Regional de Colares; Museu Arqueológico de Odrinhas, foto da recente visita do PR]



Requalificação urbana em Sintra

[Publicada no facebook em 5 de Abril de 2018]

Ontem de manhã, muita gente, sala quase cheia do Auditório Acácio Barreiros do Centro Cultural Olga Cadaval, para o grande privilégio de assistir à conferência do Prof. Sidónio Pardal sobre o tema da Requalificação Urbana em Sintra, numa iniciativa, a todos os títulos louvável, da Câmara Municipal de Sintra.
Permitam uma primeira referência, de carácter pessoal. Há quinze anos, com Adriana Jones, Presidente da Associação de Defesa do Património de Sintra, tive o gosto de acompanhar o Prof Sidónio Pardal numa jornada de trabalho, no terreno, em que avaliou as diferentes hipóteses de localização dos três grandes parques de estacionamento periférico. Há mais de trinta anos que me preocupo com o assunto e, sem dúvida, aquele dia de Fevereiro de 2003, tornou-se-me inesquecível porque o conferencista de ontem obedece a uma prática de trabalho de análise sistémica que, só por si, é uma lição.
Professor da Universidade de Lisboa. com agregação em Planeamento do Território, Sidónio Pardal é autoridade nacional que, desde os anos 70 do século passado tem desenvolvido notável actividade nos domínios do urbanismo, arquitectura paisagista e, precisamente, planeamento regional e urbano, autor de conhecidas obras como o Parque da Cidade do Porto o Parque da Paz na cidade de Almada, o Parque Urbano do Rio Ul em São João da Madeira, o Passeio Marítimo de Oeiras, o Jardim Público do Entroncamento, o Jardim do Visconde da Luz, em Cascais, os Espaços Exteriores do Aeroporto Sá Carneiro, o Estádio Municipal e o Parque da Cidade da Póvoa de Varzim, o Parque Oriental da Cidade do Porto (1.ª Fase) e o Parque Urbano de Ovar.
Há muitos anos que Sintra também tem contado com a sua colaboração. Mais recentemente, é de sua autoria a proposta do parque da Carregueira cuja concretização já em curso, sem qualquer dúvida, transformará a zona original num espaço de tal modo propício que, no contexto da área Metropolitana de Lisboa, só é comparável ao de Monsanto.
Numa comunicação extremamente acessível, o Prof. Sidónio Pardal chamou a atenção para uma série de questões da maior e mais recente pertinência que, comunidade detentora de rico e diversificado património em todos os domínios como é Sintra, não pode deixar de ter em consideração, questões às quais me referirei em próximo texto.
Tendo em consideração que a oportunidade da Conferência também proporcionou ao Presidente da Câmara o ensejo de se referir a projectos em curso e a concretizar a curto, médio e longo prazos, gostaria de partilhar convosco apenas dois exemplos dentre os muitos casos ventilados, se bem que alguns dos suscitados por elementos do público presente até nem tivessem relação específica com o tema que ali nos tinha levado.
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Projecto direito ao coração
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Em primeira linha, a resposta a uma questão que coloquei acerca do estado de lamentável degradação em que se encontra o conjunto urbano servido pelas Escadinhas do Hospital, portanto, entre o plano superior do Largo Dr. Gregório de Almeida e o que, mais abaixo, identificamos como a zona do Rio do Porto.
Confirmando a razão que nos assiste quanto à natural expectativa de poder contar «só» com o melhor destino possível para aquela nobre zona, foi o próprio Dr. Basílio Horta quem anunciou a que não poderia ter sido mais bem acolhida, não só por mim mas, como foi bem patente, por todos os circunstantes.
Pois, todo aquele espaço será requalificado e transformado em fracções habitacionais exclusivamente destinadas aos jovens sintrenses que todos pretendemos não saiam de Sintra! Vamos a isso! Cá estaremos, a partir de agora, a reivindicar a concretização de projecto tão cordial (mesmo do coração…) como promissor para a reabilitação da qualidade de vida em Sintra.
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Como podem subsistir dúvidas que tais?
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É de causar o maior pasmo, outro não pode ser o termo, o facto de haver quem, como algumas pessoas naquele auditório, que ainda questionam a Câmara quanto à razão de ir construir parques de estacionamento a quatro ou cinco quilómetros de Sintra, quando a autarquia teria a possibilidade de os instalar, bem no centro da urbe, como no Vale da Raposa… Valha-nos São Cristóvão, advogado dos condutores!
Então, ainda hoje, passados quase vinte anos sobre a luta que os sintrenses travaram contra a construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, precisamente no centro histórico, ainda há munícipes que sonham com tais calamidades, mais ou menos a cem, duzentos metros? Embora saiba que, como eleitos, os autarcas não podem deixar de dar todas os esclarecimentos suscitados por dúvidas dos cidadãos, eu admiro a sua paciência…
Naturalmente, perante tal despautério, tivemos o gosto de ouvir o Presidente confirmar, inequivocamente, que jamais construirá qualquer parque de estacionamento no centro de Sintra.
Como assim não poderá deixar de acontecer o actual executivo, também sem margem para qualquer dúvida, bem poderá contar com o permanente escrutínio e constante exigência quanto ao cumprimento atempado do programa de aumento da actual oferta de estacionamento nas bolsas de primeira periferia e construção dos anunciados parques verdadeiramente periféricos.
[Ilustr: Prof. Sidónio Pardal (foto da Alagamares - Associação Cultural;Escadinhas do Hospital, edifício dos Inválidos do Comércio (foto do blogue sintraemruínas)]



De automóvel,
da Estefânea a Monserrate e regresso

[Publicado no facebook em 3 de Abril de 2018]

Ontem à tarde, precisando de ir a Monserrate, aproveitei a oportunidade para mais uma avaliação – certo é que, necessariamente, muito imediatista, fruto das mais pessoais impressões – sobre as consequências, a montante e a jusante, das alterações introduzidas pela Câmara Municipal de Sintra com o objectivo de libertar o centro histórico de Sintra da carga imensa de automóveis.
Saindo da Estefânea, mais precisamente da Rua Câmara Pestana, junto ao Centro Cultural Olga Cadaval, fiz um percurso que, desde já registo, não podia ter sido mais agradável e civilizado. Passando pela Correnteza, subi ao Largo do Moraes, para continuar até ao Jardim da Vigia e logo inflectir para a Rua do Roseiral, no termo da qual, voltei à direita, descendo até ao Gandarinha, aí me dirigindo à Sabuga, Quinta do Saldanha e por ali abaixo, até ao Largo Dr. Carlos França.
Nada, absolutamente nada de especial a assinalar. Mas, a partir dali, isso sim, a meio da tarde cinzenta, imensa gente a pé, como não me lembro de ter visto há muito tempo, e, naturalmente, muito mais à vontade porque os veículos circulam só num sentido.
Agora, por aquela estrada fora, até há dias tão perigosa, sempre na iminência de se resvalar para a berma, agora, repito, a minha própria condução é incomparavelmente mais descontraída, despreocupada, naturalmente, só num sentido! Satisfeito, pergunto-me se quem se revela «tão prejudicado» com as mudanças, não experimentará a mesma sensação…
Parei o carro, junto à Quintinha de Monserrate, tendo tido oportunidade de conversar com pessoas de dois grupos que ali se cruzaram, muito contentes da vida com a sua caminhada. Depois de me ter encontrado com quem combinara, e já afeito ao meu regresso ao ponto de partida, prossegui até à Quinta da Piedade.
Não podendo deixar de pensar na Senhora Marquesa de Cadaval e adivinhando a boamente como teria acolhido estas medidas da autarquia, contornando o verde muro da propriedade e enveredando pelo caminho cuja placa toponómica lembra a grande mecenas, desci a Galamares, até ao entroncamento com a estrada para Sintra.
Não tendo chegado a ser contratempo porque, na altura, o trânsito era reduzido, lá tive de me sujeitar ao comando do semáforo antes da Ponte Redonda. Uma vez que a obra de recuperação do pavimento abatido – ali de urgentíssima concretização – não depende da Câmara Municipal de Sintra mas das Infrestruturas de Portugal, não seria possível chegarem a um acordo que obviasse os evidentes transtornos?
Prosseguindo, voltei à vespertina e calma procedência do meu recanto da Estefânea, terminando uma deslocação, tão civilizada, que até parecia terem sido outras, de latitudes mais favoráveis, as coordenadas geográficas do trajecto que acabara de fazer…
Afinal, ainda há pouquíssimos dias, para fazer o mesmo percurso, teria eu de passar pela Vila Velha, com o meu automóvel e, à minha reduzidíssima escala individual, lá iria contribuindo para o inferno do costume com a passagem de mais uma dentre as milhares de viaturas... Afinal, a avaliar pelas «reacções umbilicais» entretanto surgidas, até parece que muita boa gente se dava tão bem naquele cenário como Deus Nosso Senhor e os Anjos…
PS
Não colaborando na divulgação de qualquer sintrense cenário idílico, na verdade, para que tivesse tido esta ingénua e inocente experiência como condutor e amante de Sintra, não havia inferno algum noutros locais desta nossa querida terra.
Sei que há imensas questões a melhorar e cá estarei, tal como tenho «avisado», para acompanhar e exigir o que tiver de ser. Como, por exemplo, a interdição de circulação de viaturas particulares a caminho da Pena ou a construção urgentíssima dos parques verdadeiramente periféricos, como os dois da Cavaleira ou o outro, na zona do Ramalhão, nas imediações do estabelecimento prisional. Aliás, apenas mantendo a minha atitude sempre.
Tal como outros solitários e solidários companheiros, não estou «por aqui» só há alguns meses... Com eles, com os de sempre, continuarei, continuaremos, sem agenda política, a lutar «só» pelos superiores interesses de Sintra.
[Ilustr: Estrada Velha Sintra-Colares, à esquerda, junto Quinta da Piedade]