DAR CRÉDITO ÀS RESOLUÇÕES
Pedro Passos Coelho refere, frequentemente, as preocupações do PSD com o défice público, considerando que o seu combate é uma “emergência nacional”.
A “Resolução” aprovada no Conselho Nacional do PSD de 11 de Maio último, parece clara ao apontar as políticas erradas como justificação da crise que atravessamos. Fica no ar a promessa de atribuição de responsabilidades, por “uma razão de transparência da nossa vida democrática”.
O combate ao défice é apontado como “objectivo fundamental”, e nas “orientações a observar” salienta-se que “num momento em que pedem aos portugueses sacrifícios excepcionais, a classe política e os gestores públicos têm a obrigação ética de dar o exemplo”.
Acreditemos na bondade das decisões e avaliemos práticas de seus representantes.
Sintra foge aos objectivos estabelecidos pelo Conselho Nacional do PSD?
O empenho do Presidente da Câmara de Sintra (empenhados seremos nós, os munícipes...) para um empréstimo de 26.607.629 euros, com os quais, à mistura com escolas, se pretende adquirir a Quinta do Relógio (para ajudar, em contos: 1.353.253) e o Complexo de Fitares (em contos: 962.313) terá de enquadrar-se no “objectivo fundamental” da Resolução.
Para desculpar a insistência política, pouco importa se o Tribunal de Contas aprovou ou não o acto, já que são compromissos que se reflectem na vida futura do município e no panorama de endividamento do País.
Como muitos leitores não conhecem o estado actual da Quinta do Relógio, as fotos anexas dão uma pequena mostra do que se pretende comprar, da ausência de informações sobre o custo da recuperação e, mais, quais os fins em vista depois de uma eventual recuperação.
Não restam dúvidas é que, à partida, quem ganha com o negócio são os vendedores e eventuais intermediários.
É altura de Passos Coelho (que conhece a situação) mostrar que as decisões do PSD não são apenas para os canais televisivos, mas para serem levadas à prática em nome do crédito que devem merecer as suas palavras.
Fernando Castelo