Se forem até Portimão e não tiverem tempo para muito mais do que a visita ao Museu, de qualquer modo, terão de almoçar ou jantar. Indo de automóvel, usem o parque de estacionamento perto da Casa Inglesa. É óptimo e muito central. Quanto à refeição, as sardinhas são sempre uma solução a encarar. Há muita tasca onde comê-las mas, nessa oportunidade, aconselharia a gozarem a possibilidade de irem até um dos restaurantes-esplanada no fim do paredão, junto à ponte do Arade.
São descendentes dos velhos braseiros, que ali existiram durante tantos anos satisfazendo o gozo de quem não dispensa a linda e vivinha da costa. Agora, mais sofisticados, continuam sendo uma boa aposta. Vão por mim, até ao Teca das Sardinhas onde, espero que acreditem, não tenho qualquer interesse comercial… Se tiverem a minha sorte, até pode acontecer que sejam servidos por um empregado de origem africana, cujo português falado é de tal ordem excelente que até emprega o condicional e o imperfeito do conjuntivo!
Supondo que acabaram de almoçar, terão o prazer de fazer o passeio até ao Museu, pelo paredão fora, junto ao rio, e de começar a digestão, muito satisfeitos com o que vão observando, nomeadamente, todo aquele arranjo urbano, muito simples mas extremamente operacional, não deixando de concluir como, mesmo partindo de situações muito difíceis, como a que anteriormente ali existia, é possível melhorar e proporcionar aos residentes e visitantes momentos agradáveis. Melhorar é sempre possível.
Sempre? Não, é exagero porque sempre haverá casos como o de Sintra onde, em sentido contrário, a evolução é sempre para pior…
NB:
As fotografias que se seguem apenas ilustram alguns pormenores relativos à componente do museu sobre a indústria conserveira de Portimão e, muito naturalmente, às conservas La Rose porquanto é no edifício daquela antiga fábrica que funciona o próprio museu. Todavia, como tive oportunidade de esclarecer no primeiro texto, é muito mais vasto o dispositivo museológico em presença.
Se querem que vos confesse, muito me apraz ter estado relacionado com aquele espaço. Mesmo ao nível das sensações, ainda hoje me parece sentir o entranhado cheiro a peixe. Recordo os odores dos temperos, das salmouras, dos vapores a sairem dos autoclaves, além de uma incrível variedade de ruídos, outra viva memória na qual radico a música concreta que poderia passar à pauta se, para tanto, tivesse engenho.
Vão ao Museu de Portimão. Os cheiros, de facto, não os encontrarão. Mas tudo o resto, inclusive os sons, por lá andam. Vão com tempo, vejam a documentação audiovisual imprescindível à compreensão daquele mundo fascinante e, mais tarde, se nisso virem conveniente, digam-me qualquer coisa sobre esta forte sugestão de actividade cultural que vos deixo.
1
Linha de fabrico
2
Triciclo publicitário
3
Topos de caixotes de madeira gravados com as diferentes marcas. La Rose é a primeira do canto superior esquerdo.
4
Entre outras estratégias de propaganda comercial, a mítica marca de conservas La Rose foi dada a conhecer ao mundo através de um gingle cantado pela própria Amália Rodrigues.
5
Caixa de dúzia e meia de latas de conservas sortidas. Tratava-se de uma embalagem de luxo destinada a um mercado sofisticado.