[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Museu de Portimão [3]

Se forem até Portimão e não tiverem tempo para muito mais do que a visita ao Museu, de qualquer modo, terão de almoçar ou jantar. Indo de automóvel, usem o parque de estacionamento perto da Casa Inglesa. É óptimo e muito central. Quanto à refeição, as sardinhas são sempre uma solução a encarar. Há muita tasca onde comê-las mas, nessa oportunidade, aconselharia a gozarem a possibilidade de irem até um dos restaurantes-esplanada no fim do paredão, junto à ponte do Arade.

São descendentes dos velhos braseiros, que ali existiram durante tantos anos satisfazendo o gozo de quem não dispensa a linda e vivinha da costa. Agora, mais sofisticados, continuam sendo uma boa aposta. Vão por mim, até ao Teca das Sardinhas onde, espero que acreditem, não tenho qualquer interesse comercial… Se tiverem a minha sorte, até pode acontecer que sejam servidos por um empregado de origem africana, cujo português falado é de tal ordem excelente que até emprega o condicional e o imperfeito do conjuntivo!

Supondo que acabaram de almoçar, terão o prazer de fazer o passeio até ao Museu, pelo paredão fora, junto ao rio, e de começar a digestão, muito satisfeitos com o que vão observando, nomeadamente, todo aquele arranjo urbano, muito simples mas extremamente operacional, não deixando de concluir como, mesmo partindo de situações muito difíceis, como a que anteriormente ali existia, é possível melhorar e proporcionar aos residentes e visitantes momentos agradáveis. Melhorar é sempre possível.

Sempre? Não, é exagero porque sempre haverá casos como o de Sintra onde, em sentido contrário, a evolução é sempre para pior…

NB:

As fotografias que se seguem apenas ilustram alguns pormenores relativos à componente do museu sobre a indústria conserveira de Portimão e, muito naturalmente, às conservas La Rose porquanto é no edifício daquela antiga fábrica que funciona o próprio museu. Todavia, como tive oportunidade de esclarecer no primeiro texto, é muito mais vasto o dispositivo museológico em presença.

Se querem que vos confesse, muito me apraz ter estado relacionado com aquele espaço. Mesmo ao nível das sensações, ainda hoje me parece sentir o entranhado cheiro a peixe. Recordo os odores dos temperos, das salmouras, dos vapores a sairem dos autoclaves, além de uma incrível variedade de ruídos, outra viva memória na qual radico a música concreta que poderia passar à pauta se, para tanto, tivesse engenho.

Vão ao Museu de Portimão. Os cheiros, de facto, não os encontrarão. Mas tudo o resto, inclusive os sons, por lá andam. Vão com tempo, vejam a documentação audiovisual imprescindível à compreensão daquele mundo fascinante e, mais tarde, se nisso virem conveniente, digam-me qualquer coisa sobre esta forte sugestão de actividade cultural que vos deixo.




1
Linha de fabrico















2
Triciclo publicitário











3
Topos de caixotes de madeira gravados com as diferentes marcas. La Rose é a primeira do canto superior esquerdo.




4
Entre outras estratégias de propaganda comercial, a mítica marca de conservas La Rose foi dada a conhecer ao mundo através de um gingle cantado pela própria Amália Rodrigues.
















5


Caixa de dúzia e meia de latas de conservas sortidas. Tratava-se de uma embalagem de luxo destinada a um mercado sofisticado.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Museu de Portimão [2]

Na realidade, o pai foi o último proprietário privado da fábrica de conservas de peixe que, sob a mítica marca La Rose, funcionou nas instalações industriais onde, após as mencionadas obras de adaptação, hoje está instalado o Museu de Portimão. Entretanto, já no princípio dos anos oitenta do século passado, conversara ele algumas vezes com o então Presidente da Câmara de Portimão, Arq. Martim Gracias, acerca da possibilidade de converter em museu o magnífico espaço da fábrica.

Mas «o projecto do pai» era manter uma parte da fábrica a laborar nos mesmos moldes e de acordo com o figurino histórico que dera fama e proveito à marca
La Rose. Se assim fosse, através de uma galeria panorâmica isolada, num plano superior, assistiriam os visitantes ao fabrico, em concreto, transformando em espectáculo o que era trabalho duro, em série, naquela cadeia de produção tão sui generis.

Também não era de difícil realização e poderia constituir fonte de financiamento muito significativa - com venda de produtos no fim do circuito - aliás a exemplo do que, propriedade de uns nossos amigos nórdicos, ele e eu tínhamos visto a funcionar na Dinamarca, meia dúzia de anos antes.


Não foi isso que veio a acontecer mas, meu Deus, o projecto que hoje em dia se visita é magnífico, nada tem que se lhe aponte e, muito menos, a falta daquela componente que o pai sonhara. Aliás, como se depreende, a viabilização de tal alternativa pressupunha a continuação da laboração da empresa, isto é, algo que foi considerado inoportuno ou, melhor, menos conveniente do que o encerramento.

Ainda um pouco mais de história. Acontece que, no fim da década de setenta, durante algum tempo, tanto eu com uma das minhas irmãs, pertencemos ao Conselho de Administração da empresa. Nessa altura, o outro sócio do pai, o Instituto de Participações do Estado (IPE) era representado naquele orgão de gestão pelo saudoso Comandante Gomes Mota – falecido em 2002 – militar de Abril, tão afecto aos valores da Democracia em construção, cuja memória igualmente homenageio neste despretensioso texto.

Trabalhar e com ele conviver, tanto em Lisboa como nas nossas estadas no Sul, foi de grande proveito para mim. Aprendia-se imenso com alguém do seu calibre, e, certo é que laterais, mas interessantíssimas, acrescentei ao meu património pessoal, algumas das suas histórias. Por exemplo, uma ou outra relativas ao seu sogro, Almirante Sarmento Rodrigues, uma das mais gradas e notáveis figuras do regime, então, recentemente deposto. Mas isso, enfim, já faz parte de um rosário com outras contas…

Comer e passear atento

Como calculam, conheço bem Portimão e arredores. Desde miúdo, terei assistido a todo o seu processo de descaracterização, resultante da descontrolada actividade turística, totalmente à trouxe-mouxe, muito especialmente depois de fins dos anos sessenta, através do surto de uma construção civil gananciosa e sem escrúpulos, vis-à-vis da falta de preparação de certos autarcas, nem sempre tão bem intencionados quanto seria de esperar…



(continua)

NB:

Na próxima terceira e última parte publicarei algumas fotos sobre esta matéria.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Museu de Portimão [1]


Provavelmente não saberiam que, no passado mês de Abril, em Estrasburgo, foi atribuída a distinção de Museu Europeu do Ano ao Museu de Portimão, inaugurado há pouco mais de dois anos. Se aceitarem a minha sugestão de ali se deslocarem numa próxima oportunidade, hão-de verificar como tal prémio não podia ter sido mais justo.

Não tenho a menor dúvida em afirmar que aquele é um dispositivo cultural extremamente interessante, onde o diálogo entre informação e aprendizagem é tão propício que suscita aos visitantes todas as reacções de agrado desencadeadas pelas mais sofisticadas e actuais técnicas de disponibilização de espécies museológicas.

Nada foi deixado ao acaso. Ali tudo obedece à lógica de partilha de um saber acumulado, não só ao longo de gerações mais recentes, no âmbito da indústria conserveira, mas também inerente a um passado tão remoto como o que remonta à ocupação humana daquele território meridional e litoral, em tempos pré-históricos e, muito mais tarde, pelos povos mediterrânicos, em especial, romanos e árabes, que deixaram vestígios absolutamente indeléveis.

Informação institucional

O Museu e respectivos anexos constituem uma proposta cultural irrecusável que nenhum cidadão português, com pretensões ao conhecimento do país, poderá dispensar. É uma grande lição de Cultura, que corresponde ao significativo investimento de cerca de dez milhões de Euros. Dá gosto verificar como o fruto dos impostos por todos nós liquidados pode resultar num manifesto de tão evidente regozijo.

Nos próprios termos da informação institucional, as origens do Museu de Portimão reportam-se a 1983, altura em que a Câmara Municipal de Portimão, aprovou um projecto museológico visando a investigação, recolha, documentação e divulgação do património local, com especial destaque para o arqueológico, industrial, náutico e subaquático.


Em 1996, o edifício da antiga Fábrica de Conservas Feu Hermanos, foi adquirido pelo Município de Portimão, tendo em vista a sua adaptação ao futuro Museu. Três anos mais tarde, foi elaborado o Programa Museológico e lançado o concurso para o Projecto de Arquitectura, seguindo-se o processo de construção e reabilitação do edifício, o apetrechamento técnico e museográfico das novas instalações, cuja inauguração e abertura ao público, ocorreu a 17 de Maio de 2008.


Estruturado como Museu de Sociedade, de Identidade e de Território, integrado na Rede Portuguesa de Museus, pretende reforçar a divulgação e valorização do património, interpretar a evolução histórica, territorial e social da comunidade e um parceiro nas estratégias de desenvolvimento local.

O espólio do Museu é constituído por património industrial e etnográfico, designadamente o de indústria conserveira, construção naval, pesca, estiva, litografia, fundição, latoaria, fumeiros, transportes, entre outros. Quanto aos testemunhos arqueológicos do Município, este agrega materiais provenientes de várias estações arqueológicas terrestres e subaquáticas.

Por estes dias, quem pretender beneficiar da imprescindível visita, primeiramente, há-de deparar com a exposição permanente subordinada à tríade temática PortimãoTerritório e Identidade, que está estruturada em 3 percursos: 1-Origem e destino de uma comunidade; 2-A vida industrial e o desafio do mar; 3- Do fundo das águas. Além desta, ainda Portimão nos Alvores do Século XX e, muito afim do período de comemoração do centenário da República, Manuel Teixeira Gomes entre dois séculos e dois regimes.

O adjectivo apropriado é imperdível. A lógica daquele circuito expositivo é de tal modo evidente que outra não se afiguraria concretizável em função dos objectivos pretendidos ao nível da fácil e eficaz aquisição de conhecimentos por parte do destinatário visitante. Trata-se de uma daquelas situações perfeitamente paradigmáticas em que a exposição é um autêntico lugar de formação.


…e informação [muito…] pessoal

Como pretendo que nada falte aos meus leitores, passo a facultar-lhes, ainda a propósito dos antecedentes do Museu de Portimão, uma informação tão pessoal que só eu mesmo poderia veicular. É coisa que, relacionada com este assunto, tem a ver com interesses da minha família em actividades de comércio internacional e nas indústrias das pescas e conserveira.

(continua)

sábado, 25 de setembro de 2010

Silenciados ou insensíveis

“Se te portares bem, dou-te um rebuçado” promessa de Alice para calar políticos no Concelho das Maravilhas.

Devidamente organizados, uns três meses antes de actos eleitorais, é vê-los. Associações, clubes, instituições sociais, escolas, nada escapa a visitas, ao inventário dos problemas e carências, prometidas soluções. Tudo para a defesa dos nossos interesses – insisto, dos nossos – segundo nos fazem chegar.

Passadas as eleições, quaisquer que sejam os resultados, há sempre disponibilidade para integrarem aquele grupo de privilegiados que entram directamente para conselhos de administração, não descurando uns lugares noutras áreas, por vezes, com pompa, rotulados de assessores.

É a vida, as necessidades. Às malvas a prometida resposta aos mais profundos anseios populares...

Convergidos ou convertidos à dependência, dão assomos como prova de vida, com cuidadoso alarde porque, nestas coisas, é preciso contentar o benfeitor mas mostrar independência aos eleitores. E por aí ficamos, mesmo que nos deparemos com as mais indignas vicissitudes.

A morte de duas senhoras em Belas e a rocambolesca história do seu processo judicial, ou os jovens que, à falta de prometidas piscinas, encontraram o fim das suas vidas em lagoas improvisadas, apagaram-se na esponja do tempo, marcando muitos políticos cujo distanciamento ajudou ao silêncio.

O falhanço das políticas de desenvolvimento (falava-se em sustentado...), a patusca campanha para o romantismo turístico, o aproveitamento empolado das dificuldades sociais para fins de imagem política, não têm justificado a respectiva denúncia.

Sintra realmente cresce na sujidade, mas a falta de sensibilidade para o efeito justificará que não ocorram manifestações para o evitar. A qualidade de vida tem piorado porque, em vez da evolução, confrontamo-nos com o retrocesso.

Na componente histórica, a salvaguarda do riquíssimo património é um campo onde a sensibilidade não campeia, mais parecendo que existe uma cumplicidade com os atentados, não nos devendo esquecer da famigerada construção em Vale dos Anjos, da destruição do tanque ou do desaforo que foi a interdição de acesso dos munícipes aos jardins de Seteais.

Agora, como se não bastasse, passou a haver um parque de caravanismo em pleno Centro Histórico. Nem uma palavra sobre tal ofensa. Nada. Como se a proximidade de uma zona classificada pela Unesco como Património Cultural da Humanidade não merecesse respeito.

No âmbito da vivência cultural, a carência de bibliotecas públicas, ano após ano, passa despercebida.

O panorama que se vive em Sintra reflecte a oferta de lugares, de cargos, de benesses.

Lembrem-se meus amigos, três meses antes das próximas eleições, eles andarão por aí. A ouvir os nossos problemas, fingindo nada terem a ver com a situação que vivemos.

Fernando Castelo

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Passageira apreensão


Bem, depois de um episódio tão recente como o que, na passada terça feira, sucedeu na Fundação Calouste Gulbenkian, tenho razão bastante para entrar em período de apreensão absoluta. Se tiverem a paciência de lerem as linhas que se seguem, hão-de reparar como tenho motivo para assim poder ter começado este meu apontamento.

Vamos aos factos. No âmbito do excelente Festival Mozart com que está a iniciar a temporada 2010-2011 Gulbenkian de música, anunciava o programa do passado dia 21 a audição das primeira e última sinfonias de WAM, ou seja, da Sinfonia nº.1, em Mi bemol maior, K.16, da Sinfonia nº 41, em Dó maior, K.551, primeira e última sinfonias do compositor, para além do seu Concerto para Piano e Orquestra nº 20 em Ré menor, K.466.

Para a execução das obras, contava-se com a Orquestra da casa que, durante o anunciado concerto e na derradeira das sinfonias teria Florian Krumpöck ao piano e na regência. Interpretada a primeira das citadas peças, sob a direcção do concertino Florian Zwiauer, a alma mater do Festival, seguir-se-ia o concerto de piano.

Seguir-se-ia, escrevi eu e muito bem. Seguir-se-ia, entre outras, se a imprescindível presença do piano, não tivesse sido irremediavelmente comprometida por uma inultrapassável avaria de ordem técnica que afectou a manobra de fazer subir o Steinway, da cave sob o palco, até ao seu lugar definitivo, permitindo a interpretação…

E não havia nada a fazer. Nada. A mesma plataforma elevatória que, há mais de quarenta anos – posso eu testemunhar, quase diariamente – tem funcionado tão impecavelmente, recusava-se a colaborar. Mas o espectáculo, tinha de continuar. Após um penoso intervalo, durante o qual não se percebia se haveria alguma hipótese de resolver o manifesto contratempo, apareceu um funcionário.

Quase na borda do palco, muito timidamente, num quadro do mais profundo amadorismo, com uma vozinha inaudível, sem microfone [enfim, que aquilo, como sabem, é uma casa sem meios...] lá avisou que nada havia a fazer. E, como contra factos não há argumentos, todos tivemos de assumir que, no melhor pano cai a nódoa.

É que, na realidade, a Fundação Gulbenkian é o melhor pano. Melhor pano é inimaginável. E, para nosso grande e absoluto privilégio, apesar de internacional, a Gulbenkian tem sede em Portugal. Trata-se de uma verdadeira instituição, onde, como é sabido, nada é deixado ao acaso, uma verdadeira ilha de excelência num país em que tudo está contaminado por uma patológica cultura do desleixo.

Agora, digam-me lá se não tenho razão para a apreensão que comecei por manifestar… Eu aguento tudo, desde o fisco que me vem aos bolsos buscar o que não é capaz de cobrar aos ricos e poderosos, até à proverbial incompetência da Câmara Municipal de Sintra que nos mina a qualidade de vida. Eu aguento tudo, porque vivo na constante convicção de que, todos os dias, tenho a Gulbenkian como segunda casa, lugar de permanente refúgio. Mas, então, que profundo golpe foi este? Valha-me Deus, até a Gulbenkian agora me falha?

Não, não acredito. E a atestar que assim mesmo não é, logo entrou o jovem Maestro Krumpöck, impondo à orquestra e ao auditório a sua leitura da Júpiter. E que coisa espantosa de se ouvir e entender ele nos deu no fim de tarde. Reger Mozart é aquilo, aquela sábia noção dos tempi, aquela acre e doce relação de momentos de tensão e lassidão em que Amadé foi perfeito e perfeitamente imbatível em toda a História da Música.

Conheço Krumpöck das minhas frequentes estadas em Salzburg e Viena, conheço-lhe o piano, a sagacidade, a mozartiana propensão. Tenho pena, muita pena que, devido ao capricho de uma máquina que não deve ter sido bem oleada, Lisboa não tivesse escutado o nº 20 em Ré menor pelas suas mãos. Paciência. Percebeu, no entanto, que ali, naquele austríaco Florian, há uma sensibilidade mozartiana inequívoca.

A atestar que o acontecido é mesmo para esquecer, já ontem ouvimos a Freiburger Barockorchester, o Coro Gulbenkian e um conjunto de belíssimas vozes solistas, sob a direcção de René Jacobs, interpretando a ópera Cosi fan tutte em versão de concerto. É um daqueles programas, tão sofisticado, que só a Gulbenkian tem meios para se abalançar. E foi uma noite de glória, numa das casas que, a nível mundial, propõe da melhor música.


domingo, 19 de setembro de 2010

Mais acompanhado…

Retomo hoje uma questão que aqui vos trouxe no passado dia 7 deste mês, constante do texto Sintra, saber viver... cuja abordagem me permitiu atingir os dois objectivos que, desde já, me permito recordar.

Em primeiro lugar, propus-me denunciar a atitude dos designados agentes culturais de Sintra que, silenciando a situação de degradação de tantas ruas, travessas, jardins e edifícios – inclusive municipais!... – nas três freguesias da sede do concelho, contribui para a manutenção e difusão da imagem de descalabro a que esta terra chegou. Infelizmente, não se trata de algo que apenas afecte o actual executivo camarário já que, em geral, revela a incompetência da toda uma classe política que, sucessivamente, não tem sabido exercer o poder autárquico.

Por outro lado, se bem se lembram, expressava eu o maior desalento porquanto, decorrente dessa omissão, sentia a falta de companheiros com quem, através desta fabulosa arma que é a escrita corajosa, pertinente e consequente, pudesse continuar a desenvolver uma luta a favor dos reais interesses de Sintra, já que nenhuns outros, como é público e notório, me têm animado de há muitos anos a esta parte.

A atestar a verdade inequívoca destas considerações, os amigos de Sintra que frequentam estas páginas poderão facilmente confirmar como, no território que mais me tem (pre)ocupado, não haverá uma única situação merecedora de denúncia que não tivesse sido objecto de atenção, em mais de 500 (quinhentas) mensagens no sintradoavesso, bastando que, para o efeito, acedendo ao arquivo do blogue, mencionem o local.

Igualmente, em centenas de artigos publicados no saudoso Jornal de Sintra, não perdi a oportunidade de escancarar o que muitos gostariam de esconder. Fi-lo, como sabem, até que um conhecido e lamentável episódio,* protagonizado pela actual direcção, inviabilizou a continuidade da minha colaboração no semanário onde jamais tive o mínimo problema e sempre mantive a mais cordial relação com todos os seus anteriores directores.


Os pontos nos ii

Ora bem, voltando ao cerne da questão, o que me leva a este aparente puxar pelos galões da contínua luta de denúncia do que Sintra não merece? É que, por um lado, gostaria de saudar, o mais efusivamente que me é possível, o artigo Maravilhas naturais e coisas menos naturais, de Fernando Morais Gomes, presidente da Alagamares, publicado em 10 de Setembro no sítio da associação.

Trata-se de um escrito na contínua linha do seu trabalho que tenho tido oportunidade de distinguir, trabalho que coincide e se insere, tanto na minha forma de actuação de sempre como na de outros militantes da mesma causa como Pedro Macieira, Emília Reis ou Fernando Castelo, por exemplo. Natural é que assim seja. É a tal cumplicidade a funcionar, não coisa de hoje, mas de muitos anos nisto, a chamar a atenção de quem não está à altura dos desafios.

Ainda a propósito, teria o maior gosto em convidar-vos à frequência de
http://cafecomadocante.blogs.sapo.pt/2010.html onde o mesmo Fernando Morais Gomes nos confronta com os mais oportunos nacos de prosa, como aquele recente acerca da Sintra Garagem que, de igual modo, tanta água pela barba me tem dado. De facto, sinto-me muito mais acompanhado. Mas não quero confusões com quaisquer pseudo militantes da causa da defesa do património, por mais benquistos que possam parecer.

Mais especificamente, nada me apetece pactuar com o oportunismo de outras vozes [que, agora, aparecem a falar do que sempre tem estado mal, mas à sua revelia…] porque talvez sintam o terreno um pouco mais propício, chegando ao ponto de proporem, como suas e originais, soluções afins da resolução do problema do estacionamento, que beberam directamente nos meus escritos.


Para que dúvidas não restem, refiro-me à mesma gente que, no tempo da luta contra a construção do parque subterrâneo de estacionamento na Volta do Duche, só surgiu da letargia, que é o seu estado natural, não se tendo acobardado, com receio de ferir susceptibilidades, porque, na voragem dos acontecimentos, nada mais podia fazer do que emparceirar com quem nunca foi cobarde nas denúncias.

Claro é que, após o êxito da iniciativa, foi habilíssima na colheita de louros. Com tais pessoas, não quero [poderei mesmo usar o plural], não queremos qualquer confusão...

* Ler no sintradoavesso, entre outros, Truncar & manipular, 21.09.09 e A não esquecer, 28.09.09



terça-feira, 14 de setembro de 2010

Governar em Portugal…

No começo de um ano lectivo que se prevê bastante animado, espero bem que os decisores políticos que tutelam o Sistema Educativo nacional sejam tocados pela necessidade de moderarem as suas expectativas. De uma vez por todas, imperioso se revela que assumam a realidade sociocultural portuguesa, deixando-se da veleidade de que o nosso é um país médio da União Europeia.

Em particular, muito bom seria que se coibissem do exercício de relações perfeitamente disparatadas, quando não caricatas, com o que se passa em países cujos agentes e actores dos respectivos sistemas educativos nada têm ou muito pouco apresentam de relacionável com o nosso.

O caso mais flagrante de dislate institucional tem acontecido com o atrevimento de se equacionarem medidas afins de resultados manifestamente positivos em enquadramentos finlandeses…

Apenas um exemplo. Tem Portugal um problema relacionado com a elevada percentagem de retenções? Mas porquê tanta preocupação? Faça-se como na Finlândia, meus senhores, imitem-se os bons exemplos. É só analisar as estratégias, adoptá-las, procedendo às devidas adaptações…

Todos nós temos assistido a este abusivo e escandaloso tipo de abordagem. É uma questão seríssima do nosso sistema que, de modo algum, se pode articular com a realidade finlandesa em particular ou sequer com a escandinava em geral. Mesmo que fosse possível adoptar e adaptar o complexo dispositivo nórdico, restaria sempre o pequeno problema do enquadramento familiar e social das crianças e jovens portugueses...

Já pensaram os responsáveis portugueses na distância incomensurável que separa a família média finlandesa da sua congénere portuguesa? Têm em consideração os nossos dirigentes que, na Finlândia, ao deparar-se com o problema de apoio a um estudante em dificuldades, tal circunstância tem contornos específicos, também relacionados com os altos índices do nível e qualidade de vida do país na sua globalidade?

Num país onde não há analfabetismo, em que são elevados os níveis de escolarização dos cidadãos, com hábitos de consumo cultural excepcionais, a estratégia para obviar os chumbos dos meninos não é exportável para Portugal onde a iliteracia, o analfabetismo funcional e pleno têm contornos insuportáveis em termos europeus.


Haja decoro! Acabemos com estas manobras para deslumbrar papalvos.





quinta-feira, 9 de setembro de 2010

“DEDICAÇÃO”? AO MÁXIMO!!!

S. PEDRO NÃO ESPERAVA TANTO...

(...) temos enfrentado com toda a honestidade, frontalidade e força de vontade empenhados em melhorar e dar qualidade de vida a todos os que habitam nesta zona, uma freguesia mítica e linda onde dá vontade de viver.” (Mensagem do Presidente da Junta de S. Pedro de Sintra).

A Praça D. Fernando II é uma das zonas mais nobres não só do centro histórico de S. Pedro, mas também de Sintra em geral, exigindo o maior empenho dos autarcas para a preservação da sua dignidade.

Por isso, aquando dos festejos populares de 2009, causou espanto que alguns antigos bancos de pedra que existiam na Praça tivessem sido arrancados e por ali ficado. O acto foi justificado como “para melhor funcionamento dos stands”. Isto é, eliminou-se um bem público para benefício ocasional dos “comes e bebes”.

Quatro dos bancos retirados do local










A sanha anti-bancos não foi total. Talvez para salvaguardar a “mítica e linda” história local, o único banco danificado e de impossível usufruto, manteve-se no seu lugar.

Este banco, sim, ficou no local











Como este mobiliário urbano é propriedade da Câmara, o despautério foi transmitido ao respectivo Presidente (em 18.6.2009) para “(...) fazer inverter a situação” (...) “explicando – se tanto se tornar necessário – as regras e padrões pelos quais um Presidente de Junta se deve nortear (...)”. Até hoje, nenhuma “dedicação” foi dedicada a responder.

Acabados os festejos, os bancos arrancados (em bom estado, como as fotos provam) deixaram de ser vistos, receando-se por um acto condenável de usurpação.

No Ofício nº. 831/09, de 30.7.2009, o Presidente da Junta garantia que “(…) os mesmos estão guardados no armazém da Junta, pois iremos fazer uma experiência com outro modelo de bancos, caso não resulte, os mesmos irão ser repostos (…)”

Esta garantia acabou por se revelar como não correspondente à realidade, já que, uns dias depois, se detectaram dois desses bancos no estaleiro de uma respeitável Instituição, a qual – felizmente – os recolheu para não os deixar ao abandono.

Os bancos que foram protegidos











Entretanto, o tal banco danificado manteve-se firme no seu lugar, até que há poucos dias foi recuperado da forma que seguidamente se ilustra a quantos gostem de apreciar estas expressões plásticas…

O banco recuperado...











Registe-se que os bancos retirados nunca mais voltaram ao seu antigo local.

Se nos lembrarmos do que foi relatado neste blogue em 22 de Agosto, sobre a Fonte da Estefânia que foi levada há quase 3 anos, não restam dúvidas de que estamos perante evidências isoladas de um mal que alastra como mancha de óleo mas que não passam de sintomas de uma doença generalizada a vários níveis, cuja patologia envolve a falta de competência, a cultura do desleixo institucionalizada que tudo mina e contamina.

Depois disto, ainda haverá dúvidas sobre o diagnóstico da “Dedicação”?


Fernando Castelo

terça-feira, 7 de setembro de 2010


Sintra, saber viver

Em todas as culturas e civilizações, uma multiplicidade de ditados se evidenciam, recomendando o recato do discurso e especiais cuidados na verbalização de certas opiniões, em especial, daquelas que, uma vez expressas, são susceptíveis de desencadearem consequências irreversíveis.

E, de facto, neste domínio, quanto mais hipócritas forem as herdadas e praticadas normas de socialização, mais hipóteses subsistem de serem transmitidos princípios educacionais que, não raro, passam à categoria de hábitos culturais, pouco ou nada recomendáveis às sociedades que privilegiam a verdade como pauta de conduta a caminho de qualquer tipo de progresso.

O calado é o melhor. O silêncio é de ouro. Eis dois dos ditados que, com as devidas adaptações e traduções, existem em todas as comunidades, independentemente das coordenadas geográficas e do respectivo nível de progresso. Notem que continuo a grafar o termo progresso, em itálico, já que o seu recurso não é minimamente pacífico, tantas são as suas mais ínvias acepções.


Todavia, mais abrangente do que os precedentes e verdadeiro corolário da cartilha de quem pretenda safar-se, em todas as circunstâncias, sejam quais forem as dificuldades, é o famoso viver não custa, o que custa é saber viver… Não deve haver maior esterco do que os execráveis conceitos contidos neste controverso conselho que, certamente, muita gente vai ouvindo ao longo da vida.

Muito gostaria eu que escassa fosse a quantidade de pessoas observando tão polémico princípio. Infelizmente, no entanto, basta olhar à volta para concluir que se o meu desejo tivesse qualquer hipótese de adopção na sociedade portuguesa, não haveria forma, por exemplo, de fazer ocupar os lugares de direcção de qualquer entidade pública ou privada…

Sintra, que silêncio este?


O silêncio é de ouro? Nem sempre, e, em especial, se pensarmos nas situações em que o silêncio é criminoso ou, pelo menos, tão contundente como a situação que, permanecendo silenciada, não tem hipótese de remédio em tempo oportuno. Vejamos, então, como e porquê, tudo isto vem a propósito de Sintra.

Naturalmente, não me refiro ao primoroso silêncio das alamedas, dos parques ou dos eremitérios da Serra. Em Sintra, o que chega a ferir é o silêncio das pessoas que calam o que não devem, nomeadamente, gente geralmente considerada afecta às actividades culturais, que não manifesta a mínima indignação perante o horroroso relaxo a que esta terra chegou.

Ora bem, isto não é normal. Normal, em qualquer latitude, e também em Sintra, é que, habituadas à discussão franca e aberta, ao debate que sempre está a montante do real progresso, tais pessoas aparecessem na praça pública a apontar o dedo àquilo que, nesta sintrense cultura de desleixo, se tornou insuportável. E isso, em Sintra, nós não vemos, não ouvimos nem lemos. O que prevalece, apesar de inaudível, é um silêncio tão incompreensível e paradoxal que grita, grita, cúmplice dos desmandos a que ninguém acode.


O silêncio a que me reporto colide com a indesmentível realidade resultante de dez anos de gestão em que os actuais autarcas bem podem limpar as mãos à parede. De nada se podem orgulhar, nem sequer de terem sabido manter os índices de qualidade de vida vigentes na altura em que iniciaram o governo local, circunstância que bem atesta a degradação vigente.*

A sua incapacidade é geral em todo o território municipal mas, ainda mais flagrante nas três freguesias da sede do concelho onde os desafios, ainda que particularmente complexos, estariam à altura de uma equipa razoavelmente credenciada, a nível político e técnico como, por exemplo, a de António Capucho, em Cascais, onde tudo acontece com outro gabarito. Isto mesmo não pode deixar de ser lembrado, em função da vizinhança. [Pois é, a comparação é dolorosa, mas como fica a meia dúzia de quilómetros, o que importa é saber beneficiar…].

Ao longo de anos e anos de denúncias, nos media locais, em reuniões da Assembleia e da Câmara Municipal de Sintra – como toda a gente sabe, muito antes de 2007, altura em que iniciei também esta tribuna do sintradoavesso – não me acusa a consciência de não ter alertado e contribuído com sugestões pertinentes para a resolução de problemas que afligem a nossa comunidade. A propósito, e, quase à guisa de súmula, permitam que vos sugira a (re)leitura de 2001-2010, esquecer ou aprender, texto aqui publicado em 07.06.10.

A verdade é que, rarissimamente, apesar da pertinência, da inequívoca verdade das situações apontadas, me senti acompanhado por quem é suposto estar na primeira linha das denúncias. Claro que não estou a pensar em Alagamares ou Chão de Oliva, cujos dirigentes considero magnificamente quixotescos e meus cúmplices dilectos. Penso, isso sim, no silêncio dos demais, e são tantos…

Porque decidiu tanta gente, relacionada com a actividade cultural, abafar o ruído da indignação contra o estado de degradação, porcaria e generalizada falta de condições que respondam à procura dos visitantes, viajantes e turistas, para além da resposta que tarda às necessidades prementes de residentes e comerciantes, indignação essa que deveria andar aí à solta, em plena liberdade?

Será que, sob a capa deste escandaloso silêncio, se acoberta alguma perniciosa forma do tal saber viver comprado a troco de alguns pratos de lentilhas? Se tal não acontece, até parece. Talvez assim não seja, oxalá não passe de distracção… Enfim, não abandonemos a nossa permanente perspectiva de boa intenção.


*De acordo com um estudo da Universidade da Beira Interior, Sintra passou de um honroso 5º para o 42º lugar na escala da qualidade de vida dos concelhos portugueses



sábado, 4 de setembro de 2010

Quinta do Relógio,
tanto desacerto...


”(…) A Resolução aprovada no Conselho Nacional do PSD de 11 de Maio último, parece clara ao apontar as políticas erradas como justificação da crise que atravessamos. Fica no ar a promessa de atribuição de responsabilidades, por “uma razão de transparência da nossa vida democrática”.

O combate ao défice é apontado como “objectivo fundamental”, e nas “orientações a observar” salienta-se que “num momento em que pedem aos portugueses sacrifícios excepcionais, a classe política e os gestores públicos têm a obrigação ética de dar o exemplo”.

(…)

Sintra foge aos objectivos estabelecidos pelo Conselho Nacional do PSD?
(…)”

Fernando Castelo
sintradoavesso, 30.08.10


Acabado de regressar de Bayreuth, retomo a minha escrita no sintradoavesso com mais um texto sobre o tão polémico negócio da compra da Quinta do Relógio. Para o efeito, não poderia ter encontrado melhor desafio do que a peça aqui publicada pelo Fernando Castelo na semana passada, da qual retirei a citação reproduzida na epígrafe supra.

Importa que logo comece por me demarcar. Como poderão imaginar, estou positivamente nas tintas para as resoluções do PSD. Nada tenho a ver com tal partido – nem com qualquer outro, aliás... – ainda que me cumpra respeitá-lo, enquanto associação que se afirma democrática, num Estado Democrático de Direito. Tudo isto, independentemente de, como é o caso referido por Fernando Castelo, se reportar a uma resolução perfeitamente lógica, de bom senso e pacífica.

O que de mim afirmo, igualmente a Sintra se aplica. Mas, nada tendo a ver com as resoluções do PSD, dando-se o caso de o executivo municipal estar confiado àquela força partidária, o que espera e tem direito é a ser bem gerida, de tal modo que os munícipes considerem acautelados e suficientemente defendidos os seus interesses presentes e futuros.

Quem tem a ver com, e é suposto respeitar as resoluções do PSD, são os militantes do PSD e, por maioria de razão, os militantes qualificados do PSD, muito especialmente, aqueles que, na sequência de processos eleitorais, forem chamados ao desempenho de altos cargos de gestão autárquica.

Naquela posição está o Dr. Fernando Seara que, por exemplo, ao propor a aquisição da Quinta do Relógio, demonstra, ele sim, embora não devesse, o mais olímpico desprezo, quer pela defesa dos interesses dos munícipes quer pelas resoluções do seu partido em geral e pelo líder do seu partido em particular.

Bom seria, de facto, que Passos Coelho e Fernando Ruas, perante a iminência do prejuízo dos interesses de Sintra e dos sintrenses, se sentissem suficientemente desafiados no sentido de solicitarem um simples pedido de esclarecimento ao edil em questão, confrontando-o com a desconformidade de tal investimento, no actual enquadramento de crise global e, enfim, ao arrepio de resoluções decorrentes das diferentes instâncias que lideram.

Infelizmente, num periférico, pobre e mal gerido país como é o nosso, pouco ou nada me surpreende que o Presidente da Câmara Municipal de Sintra se proponha concretizar um negócio como o da compra da Quinta do Relógio, apenas a benefício da empresa vendedora, proprietária de um edifício que, em virtude da manifesta degradação, a vários níveis, mais não é do que gato por lebre. E, embora avultadíssimas e demoradas, nem sequer estão identificadas as obras indispensáveis à recuperação do imóvel.

Surpresas do BE…

E nada disto me surpreende, repito, neste pobre, periférico e mal gerido país porque, mais especificamente, em Sintra, o Presidente da Câmara foi capaz de avançar com o despautério de tal projecto, certamente contando com a benevolente atitude de um partido com a implantação local do Bloco de Esquerda, que sempre estará disposto a acolher favoravelmente qualquer hipótese de aumento do património municipal, de acordo com opinião do próprio André Beja em recente conversa comigo.

Conhece o BE que programa cultural ali pretende desenvolver a CMS? Ou dá este partido de barato que a CMS nem competência tem para gerir o património actual (veja-se o caso do desprezo pelas potencialidades de aproveitamento da Quinta da Ribafria)? Paciência... Será que, também neste caso, nada mais nos resta do que assim responder, como é costume rematar quando falta resposta pertinente às mais óbvias perguntas? Não, meus senhores, pelo contrário, que falta de paciência!...

Dificilmente se entende como, entre compra da propriedade, obras subsequentes e serviço da dívida, decide o BE colaborar na afectação de tão significativos recursos públicos. Entretanto, desta forma colaborando no comprometimento do futuro da comunidade, revela o BE a incapacidade na urgência do envolvimento num combate que o honraria, como o da resolução do problema do estacionamento na sede do concelho, através da consabida estratégia de implantação de parques periféricos. Sim, que o dinheiro não estica

Quem se der ao trabalho de tentar perceber os contornos do negócio não deverá contar com mais explicações da coligação "Mais Sintra". Os termos da Proposta que apresentou bem expressam a incapacidade de justificar qual seja - para além da vantagem do vendedor - o interesse dos munícipes na transacção. A CDU, através da sua declaração de voto, logo se demarcou, explicando que se absteve para viabilizar a aquisição do complexo de Fitares embora esteja contra o negócio da Quinta do Relógio. O PS, inequivocamente, votou contra.

Resumindo e concluindo, foram PSD, CDS e BE que viabilizaram tão controverso investimento. Enfim, a História não deixará de registar mais esta aparentemente paradoxal convergência de entendimento. Finalmente, ficam sabendo que enviei uma carta à Assembleia Municipal acerca desta aquisição. Não tenho a veleidade de que, por via de tal diligência, algo possa ser alterado. No entanto, ficando o registo em arquivo, não se dirá no futuro que não houve quem não tenha denunciado o que parece flagrante desacerto.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CASA DAS QUEIJADAS,

UMA NOVA IMAGEM

No nosso artigo de ontem publicámos uma foto da CASA DAS QUEIJADAS com o aspecto que manteve até recentemente e que era muito desagradável.

Antes da publicação das fotos de ontem, foi feita a confirmação das diferentes situações mas, por um lapso do circuito, falhamos esta. Logo esta!!!

Felizmente ontem, num comentário ANÓNIMO, que desde já agradecemos, foi-nos indicada a desconformidade.

Segue-se a nova e bela imagem da CASA DAS QEIJADAS aproveitando-se para felicitar os seus proprietários, pedindo-se nos relevem pela foto que, na data da publicação, estava desactualizada.











Com esta recuperação foi eliminado aquele telheiro que, durante tantos anos, encobriu a beleza da construção.

Fernando Castelo

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

TURISMO:

FORA! FORA, COM TAL "DEDICAÇÃO"!...

Passado o mês de Agosto, aquele que apresenta rácios de maior movimentação turística, virá a propósito considerar que muitos forasteiros terão sido atraídos a Sintra na sequência de dispendiosas campanhas publicitárias que, de modo algum, poderiam corresponder à realidade que todos conhecemos.

As imagens que apresentamos são parte constituinte de um circuito turístico, bem patente no ciclo de horror aqui ilustrado por postais dando conta de uma degradação que Sintra não merece.

Aí estão, um telheiro inqualificável, casas degradadas, lixo, as famosas casas "embrulhadas" antes das eleições de 2005 (garantidamente para um museu), auto-caravanismo selvagem com ocupantes a pernoitar num parque de estacionamento, os vidros partidos naquele que chegou a ser falado como o futuro hospital da Misericórdia de Sintra, a cruz do antigo cemitério, já quase tapada por canas e matagal, a rua dos Arcos...

Chegou-se ao ponto de, nos principais sanitários públicos no Centro Histórico (Calçada do Pelourinho), há longos meses que os visitantes não dispõem de toalhetes para limpar as mãos...

Como se tudo isto não bastasse, uns dias antes, tivemos de escutar o Senhor Presidente da Câmara, sentado num trem, a dizer que "todos os dias faz esta Volta do Duche a pé"...

Como, até agora, não são conhecidas quaisquer medidas para inverter os casos citados, teremos de concluir que, ou elas passaram a fazer parte das atracções turísticas ou, então, estamos perante o mais rotundo falhanço em relação àquilo que é prometido e que, no dia-a-dia, acaba por ser realizado.

Com uma tal "Dedicação" o nosso futuro está cada vez mais comprometido.


Queiram fazer o favor de seguir o roteiro mais frequente dos turistas:


Frente à estação e uma das casa da CP











Lixo no Casal S.Domingos e uma ex-"embrulhada"











Auto-caravanismo...e cruz do cemitério











Vidros na Misericórdia e rua dos Arcos











Fernando Castelo

Nota: Por uma questão de dignidade local, aqui fica um convite aos responsáveis pelos vidros partidos no antigo edifício da Misericórdia: substituam-nos e, aqui neste blogue, indiquem os respectivos custos. Nós pagaremos a recolocação.