São rosas,
meus senhores…
Que espantosa tarde passei ontem em Monserrate! O pretexto – deixem-me assim referir o evento que, para Sintra, terá concitado a atenção da maioria dos media nacionais e estrangeiros – foi a visita a Monserrate de Suas Altezas Reais o Príncipe de Gales e Duquesa de Cornualha que, na sequência de um convite absolutamente genial, honrando tanto quem o formulou como os príncipes que, em tão boa hora aceitaram, vinham inaugurar um roseiral ali recentemente recuperado.
Bem, num país a braços com a crise que só Deus Nosso Senhor e nós é que sabemos, vivendo esta malvada situação que consome os melhores humores, energias e empenhos, digam-me lá se não acham estupendo que uma empresa e uma associação locais, respectivamente, a Parques de Sintra Monte da Lua e os Amigos de Monserrate, se tenham abalançado à concretização de um empreendimento de recuperação de património que culminaria com uma festa tão especial como a que ontem aconteceu?
Sem tentar condicionar a vossa resposta, responderei ter sido mesmo algo de grande sabedoria e sentido de oportunidade. E, por aquelas bandas da serra, como nada acontece por capricho, tenha-se em atenção o enquadramento do 29 de Março na felicíssima campanha de beneficiação que vem contemplando a generalidade dos sofisticados bens patrimoniais geridos pela PSML. Desta vez, o roseiral, do qual apenas havia a memória e leves vestígios.
Culminando um cuidadoso labor de investigação e de trabalho de campo, iniciado em 2008, ontem houve oportunidade de ler e interpretar os resultados obtidos pela equipa de projecto em que Gerald Luckhurst, o designer, Gonçalo Simões, gestor, e os jardineiros Nuno Oliveira, Pedro Martins e Timothy Stretton, se enterraram até ao pescoço, com tanto sucesso. Percorri os caminhos, cuidadosamente, fotografei o roseiral, nas suas primícias, porque quero registar a evolução deste canteiro de Monserrate, ao longo dos anos que me sobrarem.
Desvio pela Pena
Uma vez que aludi a esta equipa de projecto, forçoso é que recorde o espantoso palmarés de actuação do formidável grupo de técnicos que, sob orientação do Prof. António Lamas, nos está a devolver tantas jóias antes agonizantes e quase irremediavelmente perdidas. Mesmo que pretendesse ser muito sucinto, teria matéria para mais dois ou três escritos, em ambas as vertentes do património natural e edificado. Eu até nem gostaria de sair de Monserrate… Mas não consigo resistir à tentação de, mais uma vez, aludir os trabalhos em curso na Pena e, em especial, no Chalé da Condessa.
Aquele ninho de amor, que tanto nos diz, é objecto de uma obra de recuperação e restauro, ela própria um acto de grande amor à causa do edifício e das memórias agarradas, entranhadas naquelas paredes que tanto têm sofrido. Justíssimo o maior encómio ao trabalho de dois homens, Arq. José Maria Lobo de Carvalho e Engº Daniel Silva, que tenho a alegria de poder considerar bons amigos, cujo envolvimento e dedicação à obra são indescritíveis.
O que eles ali têm feito! Quantos obstáculos vencidos, quantas descobertas, quantas vitórias! Ah, se os sintrenses soubessem o que já estão a dever a esta gente! Mas, com toda essa gratidão em carteira, preparem-se os munícipes, os visitantes e amigos do património para o coroar de tanto empenho. Vem aí a inauguração do Chalé da Condessa. Se a minha sugestão puder ser aceite, já em 22 de Maio, aniversário da nossa querida Elise, teríamos a alegria de ver o resultado de tamanho desvelo. Que privilégio, a casa, os jardins à volta, os caminhos, tudo devolvido à vida!
O milagre de Monserrate
Enfim, o que foi sonho, ali está, bem real. Mas, como não devo deter-me neste desvio da Pena, eis que já estou de volta a Monserrate e, de novo, à tarde de ontem. Afinal, e tão prodigamente, o que por aqui contemplo, observo e continuo a experimentar, é o resultado da mesma linguagem de sinais, valores e princípios, que animam e estão presentes em todo o trabalho da PSML. Pois bem, ao voltar eis-me na companhia de mais amigos da Monte da Lua.
O Engº Jaime Ferreira, com o «seu» Património Gera Inclusão (PGI), intervenção acerca da qual escreverei em próxima oportunidade, a Dra. Ana Oliveira Martins (que boa conversa sobre os maçons Mozart e Haydn!) e a Arq. Luísa Cortesão, animadíssimas e sempre testemunhando o privilégio enorme que é trabalhar nesta casa, os administradores Drs. Manuel Baptista e João Lacerda Távares, gentis até mais não poder ser, dando-me conta de novas ideias e projectos sempre fervilhando…
Tratado principescamente – nesta tarde, com a presença das reais pessoas, seria difícil empregar advérbio mais a propósito – percebem porque tão bem me sinto em Monserrate? Ontem, porém, para além daqueles amigos, ainda contei com a vespertina e fraternal cumplicidade de João Rodil e Fernando Morais Gomes. A Filipe Schönborn, ouvi mais uma curiosa, musical e veneziana história de amor, em que a senhora sua avó, a marquesa Dona Olga, também espreitava de soslaio.
Pela primeira vez, e, já não era sem tempo, pude trocar impressões com o Arq. António Nunes Pereira, novo Director do Palácio da Pena, que me impressionou muito especial e vivamente. Fiquei a saber que, lá no alto da Serra, continua a pensar-se na definitiva solução para todos os assuntos que nos preocupam. Claro que falámos do estacionamento, do acesso a pé, pois claro, no transporte hipomóvel que, tão bem como eu, ele conhece de Neuschwanstein, também da vocação naturalmente equestre da abegoaria e sei lá que mais. Com a corda que estávamos, ainda hoje continuaríamos de conversa…
Toda a gente estava muito entusiasmada com Suas Altezas. Com notável informalidade, humor e afabilidade, desdobraram-se em considerações, interessando-se por tudo e mais alguma coisa. Julgo poder traduzir a geral e imensa pena de não poder assistir-se à plantação das duas roseiras, no próprio roseiral, ao fundo e à direita do famoso relvado, local onde, inicialmente, era suposto que a cerimónia acontecesse. Indicações protocolares, de última hora, determinaram que a manobra de jardinagem, em dois vasos, acontecesse cá em cima, perto da porta principal do palácio.
Paciência. Nada está perdido. É só deixar que alguns meses passem. Não virá longe o dia em que, acompanhado pelo Arq. Gerald Luckhurst e jardineiro-geral Tim Stretton, debruçando-se sobre os botões prestes a despontar, o Prof. António Lamas anunciará solene e vitoriosamente: - São rosas, meus senhores! E, sabe-se lá, tal como ontem foi acontecendo, tão requintadamente, também então, talvez se ouçam as trompas, graves e nobres, sublinhando o suave milagre primaveril…
PS:
Pareceu-me que o Presidente Fernando Seara estava muito satisfeito. Não era caso para menos. Raras vezes, tão feliz e oportuna, acabou por se revelar uma visita de Estado, ao mais alto nível, que – não sei como definir, senti-o, talvez quase intuitivamente – terá contribuído para desanuviar o ambiente. Bom seria aproveitar a onda e fazer como proclamava São Francisco de Assis “(…) onde houver discórdia, que eu leve a união (…) onde houver tristeza, que eu leve a alegria (…)”
[sempre de acordo com a antiga ortografia]
quinta-feira, 31 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
Sócrates,
um problema do PS,
um obstáculo nacional
Sem pretender alimentar quaisquer polémicas estéreis - muito menos, a nível local, com amigos que são militantes do PS, que bem conhecem o meu posicionamento de independente de esquerda - não poderei deixar de opinar acerca das dificuldades de equacionar soluções para a crítica situação do país, dificuldades suscitadas pelas controversas atitudes de liderança política de José Sócrates.
Considero-me entre aqueles que, neste momento tão difícil da vida política nacional, teriam preferido que o Secretário-Geral do PS fizesse uma fria análise sobre o seu próprio protagonismo na condução dos negócios da República nos últimos anos.
Em função das dificuldades que a sua própria personalidade determina ao exercício dessa reflexão, seria de esperar que algumas figuras de destaque da Comissão Política Nacional, do Secretariado, enfim, de todos os órgãos colegiais do PS, ajudassem Sócrates a concluir que os serviços por ele prestados ao partido e ao país fazem parte de um ciclo que terminou com o dealbar dos acontecimentos que se precipitaram na semana em curso.
O que me parece é que, infelizmente, José Sócrates não tem, em seu redor, amigos políticos, amigos tout court, familiares, que o ajudem no caminho para a lucidez, sempre tão necessária e determinante em momentos cruciais da vida individual de um lider. Assim sendo, perturbado com as luzes de uma ribalta às quais se habituou e que, fatalmente, hão-de acompanhá-lo até ao desenlace, próximo ou mais longínquo, que jamais será fulgurante, José Sócrates não entende as vozes de quem - em minha opinião, com justeza - o consideram como peça impeditiva da resolução mais expedita da situação criada.
O PS continua com legitimidade democrática, decorrente das últimas eleições legislativas, para ser governo e liderar alternativas de governo. Julgo não errar ao considerar que as oposições, nomeadamente à direita, não deixariam de reflectir na hipótese de acolherem favoravelmente uma alternativa de liderança PS, apontando este um outro nome como futuro PM, na sequência da questão que, inevitavelmente, o PR não deixará de colocar ao próprio PS.
Temos assistido, tantas vezes dolorosamente, à impossibilidade de entendimento entre governo e oposição devido a dificuldades de entendimento pessoal. Repito e sublinho, em resultado de dificuldades de entendimento pessoal. Com outro PM, geralmente respeitado e, de si mesmo, inequivocamente respeitável, não poderia suscitar-se outra solução, inequivocamente benéfica para toda a comunidade nacional?
Não dispõe o PS de figuras respeitadas e respeitáveis, que poderiam protagonizar a liderança que se impõe e manter o partido mais votado no exercício do poder, através de soluções de compromisso com os outros partidos? Então, entre outros, António Vitorino, António Costa, Manuel Maria Carrilho, Ana Gomes, não poderiam ser indigitados para o serviço de que o país deles poderia esperar em substituição de um Sócrates tão desgastado e, infelizmente, tão pouco respeitado, tanto pela classe política como pelos cidadãos em geral?
Claro que sim. Todavia, em Portugal, este tipo de solução ainda não faz parte do leque de alternativas que, noutras latitudes, são encaradas como normais, praticáveis, equacionáveis, operacionais e, acima de tudo, civilizadas.
um problema do PS,
um obstáculo nacional
Sem pretender alimentar quaisquer polémicas estéreis - muito menos, a nível local, com amigos que são militantes do PS, que bem conhecem o meu posicionamento de independente de esquerda - não poderei deixar de opinar acerca das dificuldades de equacionar soluções para a crítica situação do país, dificuldades suscitadas pelas controversas atitudes de liderança política de José Sócrates.
Considero-me entre aqueles que, neste momento tão difícil da vida política nacional, teriam preferido que o Secretário-Geral do PS fizesse uma fria análise sobre o seu próprio protagonismo na condução dos negócios da República nos últimos anos.
Em função das dificuldades que a sua própria personalidade determina ao exercício dessa reflexão, seria de esperar que algumas figuras de destaque da Comissão Política Nacional, do Secretariado, enfim, de todos os órgãos colegiais do PS, ajudassem Sócrates a concluir que os serviços por ele prestados ao partido e ao país fazem parte de um ciclo que terminou com o dealbar dos acontecimentos que se precipitaram na semana em curso.
O que me parece é que, infelizmente, José Sócrates não tem, em seu redor, amigos políticos, amigos tout court, familiares, que o ajudem no caminho para a lucidez, sempre tão necessária e determinante em momentos cruciais da vida individual de um lider. Assim sendo, perturbado com as luzes de uma ribalta às quais se habituou e que, fatalmente, hão-de acompanhá-lo até ao desenlace, próximo ou mais longínquo, que jamais será fulgurante, José Sócrates não entende as vozes de quem - em minha opinião, com justeza - o consideram como peça impeditiva da resolução mais expedita da situação criada.
O PS continua com legitimidade democrática, decorrente das últimas eleições legislativas, para ser governo e liderar alternativas de governo. Julgo não errar ao considerar que as oposições, nomeadamente à direita, não deixariam de reflectir na hipótese de acolherem favoravelmente uma alternativa de liderança PS, apontando este um outro nome como futuro PM, na sequência da questão que, inevitavelmente, o PR não deixará de colocar ao próprio PS.
Temos assistido, tantas vezes dolorosamente, à impossibilidade de entendimento entre governo e oposição devido a dificuldades de entendimento pessoal. Repito e sublinho, em resultado de dificuldades de entendimento pessoal. Com outro PM, geralmente respeitado e, de si mesmo, inequivocamente respeitável, não poderia suscitar-se outra solução, inequivocamente benéfica para toda a comunidade nacional?
Não dispõe o PS de figuras respeitadas e respeitáveis, que poderiam protagonizar a liderança que se impõe e manter o partido mais votado no exercício do poder, através de soluções de compromisso com os outros partidos? Então, entre outros, António Vitorino, António Costa, Manuel Maria Carrilho, Ana Gomes, não poderiam ser indigitados para o serviço de que o país deles poderia esperar em substituição de um Sócrates tão desgastado e, infelizmente, tão pouco respeitado, tanto pela classe política como pelos cidadãos em geral?
Claro que sim. Todavia, em Portugal, este tipo de solução ainda não faz parte do leque de alternativas que, noutras latitudes, são encaradas como normais, praticáveis, equacionáveis, operacionais e, acima de tudo, civilizadas.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Pela Correnteza [II]
(conclusão)
Na sequência do prometido, continuemos pela Correnteza. Do texto aqui publicado no passado dia 20, não posso deixar de recuperar a sua linha de força inicial, se bem lembrados estão, relativa à pouca higiene e ao geral descuido a que está votada tão nobre varanda. Na circunstância, a responsabilidade atribuível tanto pode remeter-se à Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel como à própria Câmara Municipal de Sintra.
No entanto, apesar de tão evidente manifesto daquilo que tenho apelidado como a proverbial e bem sintrense cultura do desleixo, de tal modo a Correnteza se impõe como plataforma de lazer, propícia ao desfrute da paisagem envolvente, que, oportuna e muito naturalmente, acabou por ser escolhida como sofisticado enquadramento da Biblioteca Municipal de Sintra. O seu projecto de construção implicou na íntima articulação com o edifício inicial, a Casa Mantero, simultaneamente recuperada após longas décadas de agonia degradante.
Não vos tinha eu informado que abordaria o caso de um café por ali instalado? Pois então, é precisamente no rés-do-chão deste singular palacete que funciona o café-bar e esplanada da biblioteca. Não me detendo em rodeios, e sem a mais pequena hesitação, desde já vos afirmo que tais instalações, de atroz banalidade, estão longe de se adequar ao enorme privilégio de um dos mais exclusivos miradouros da Vila de Sintra.
Com uma situação estupenda, dali se alcançando um horizonte de estonteante beleza, constantemente renovado pelo cromatismo sazonal, suposto seria que merecesse a melhor atenção dos responsáveis autárquicos, nomeadamente do sector do turismo. Infelizmente, tal não aconteceu. Para todos os efeitos, o que ali funciona é, tão somente, um incaracterístico ponto de apoio aos utentes da biblioteca, análogo a qualquer barzito. Todavia, para evitar equívocos, gostaria de sublinhar que nada há de ofensivo.
Creio que, em suma, valerá a pena equacionar um destino perfeitamente adequado, de tal modo que o café-bar e esplanada possam operar de acordo com a dignidade do enquadramento. Ainda um reparo final relativo ao horário de funcionamento que, salvo melhor opinião, deveria ser considerado independente do regime da biblioteca. Então os formidáveis entardeceres e noites estivais? E os domingos do Senhor, ali, depois da Santa Missinha?
Dá Deus nozes a quem não tem dentes… É verdade! É o que apetece repetir e voltar a repetir. De facto, mais alguma vez, terá sido o provérbio conjugado tão a propósito?
terça-feira, 22 de março de 2011
A crise e a verdade
Não deixa de ser espantoso como a medíocre classe política portuguesa, devidamente acolitada por toda uma comunicação social deficientemente habilitada, insistem na ideia de que estamos a caminho de uma estúpida e evitável crise política que em nada beneficia e, muito pelo contrário, ainda piora o estado da nação.
Como é possível persistir na promoção de tal ideia, como se Portugal já não estivesse mergulhado numa tremenda crise política, como se Portugal não estivesse em declarada bancarrota, vivendo há não sei quanto tempo do auxílio externo o qual, em tempos mais recentes, se tem traduzido na sistemática compra de dívida pelo Banco Central Europeu...
Não percebo como, de uma vez por todas, não se assume que, em grande medida, a salvação do país passa pela adopção de uma estratégia afim da economia de guerra, nos termos da qual não há possibilidade de incurso no mínimo desperdício. Por outro lado, estou convencido de que a montante de todo este imbróglio, há uma questão de verdade oculta, que se impõe agarrar inequivocamente, verdade que ainda nos há-de surpreender com o conhecimento de horrorosos buracos orçamentais que, através de habilidades de toda a natureza e feitio, têm sido subtraídos ao controlo dos cidadãos.
Estou em crer que muita da atitude de recusa formal em solicitar a ajuda externa mais consentânea com a situação das finanças nacionais se relaciona, precisamente, com a necessidade de ocultar a geral incompetência e, inclusive, algumas barbaridades de gestão, declaradamente criminosa, que conduziram à situação em que se encontra o país.
A mentira também tem um limite. Geralmente apáticos, habituados a tanta iniquidade, os cidadãos só se mobilizarão para os ainda mais dolorosos desafios que têm de enfrentar e superar se, finalmente, olhos nos olhos e sem subterfúgios, entenderem quem estiver disposto a dizer toda a verdade, doa a quem doer. E, por favor, entendam bem que não estou sequer a insinuar tratar-se do chefe do partido da oposição.
Sofrer pela verdade
A verdade, a decência e a ética, que são indissociáveis da vida política, determinam que não mais se adie o que é imperioso seja feito de imediato, ou seja, devolver ao povo a palavra determinante que lhe assiste no sentido de decidir o modo como pretende ver assegurado o governo da República, com que protagonistas e com que objectivos.
A grande maioria dos portugueses, que não milita em partidos mas está atenta à gestão da coisa pública e anseia pela possibilidade de contribuir para uma vida cívica de qualidade - numa polis despoluída de politiqueiros de terceira categoria - só pode congratular-se com a hipótese de poder denunciar e, pelo menos, de ver denunciadada alguma da porcaria infecta que aflige o país, através de uma campanha eleitoral que constitua uma verdadeira barrela.
Vale a pena! Tudo pela verdade, tendo como absolutamente certa a necessidade de passar pela tal crise política que, tão paternalista e pressurosamente, há quem tanto insista em evitar… Vai doer? E de que maneira! Economia de guerra não contempla eufemismos. Não se recordam do sangue, suor e lágrimas do discurso do Churchil? Pois vai ser assim e não por pouco tempo. O melhor é prepararem-se mesmo muito a sério.
domingo, 20 de março de 2011
Pela Correnteza,
novamente... [1]
Moro na Estefânea, numa zona em que, como edifícios vizinhos, tenho o Sintra Museu de Arte Moderna-Colecção Bernardo, o Centro Cultural Olga Cadaval, ambos mesmo defronte de minha casa. A Biblioteca Municipal também fica a escassas dezenas de metros, na Correnteza, designação toponímica comum da Alameda dos Combatentes da Grande Guerra. Entre outros assuntos, pretendo chamar a atenção para as instalações onde, em situação soberba, ali funcionam um café, restaurante e esplanada.
Antes, porém, impõe-se tratar do enquadramento. Tão perto de casa, raro é o dia em que não passo por esta grande e estupenda varanda, donde se alcança um dos mais belos panoramas de Sintra. Todavia, com horizonte tão privilegiado, entre a serra e o Atlântico, a Correnteza está longe de ser um miradouro irrepreensível. Pena é que assim suceda já que, à partida, tem sobejas condições que permitiriam atribuir-lhe os maiores encómios.
Se, logo no título, dou a entender que este é um escrito de revisitação, tal se deve ao facto de, neste mesmo blogue,* já ter abordado as questões objecto do texto que hoje inicio. Não é bom sinal que, passados quase quatro anos, nada, absolutamente nada, se tenha alterado que pudesse dignificar esta herança que foi obra da edilidade liderada por Francisco Craveiro Lopes, oficial da Força Aérea que, na sequência da morte do Marechal Carmona, lhe sucedeu na Presidência da República.
Começo pelo singular pavimento, em calçada à portuguesa, dotado de profusos, simples mas extremamente eficazes motivos de negro ondular, conferindo ao lugar uma tal dinâmica que, paradoxalmente, em articulação com outros elementos cenográficos, acaba por promover uma atmosfera deveras repousante. As pérgulas, propondo assentos e parapeitos convidativos à contemplação – com lindas latadas de glicínias, suportadas por espessa e sólida estrutura de madeirame – constituirão, porventura, a imagem de marca do local.
Porém, infeliz e habitualmente descuidado, trata-se de um espaço que, em determinadas circunstâncias, resultado da falta de higiene, por ausência de lavagem, chega a ser perigosamente escorregadio, verdadeiro caso de desleixo, impeditivo do desfrute por crianças que, acompanhadas por familiares, todo o direito teriam ao sossego que cumpre à autarquia assegurar.
Se, de facto, o local é varrido todos os dias, tal operação não basta. Aliás não parece razoável que, dispondo de equipamento à altura, não se proceda adequadamente. Por se tratar de um problema de higiene pública, vão permitir que, a propósito, insira este parêntesis para lembrar como, no caso vertente, bem se aplica a controvérsia acerca da pertinência de manutenção em actividade de empresas municipais, como a HPEM, cuja actuação e actividade, em vez de beneficiar, acabam por, manifestamente, prejudicar os interesses mais evidentes de munícipes e visitantes.
[continua]
*1. A Caminho da Correnteza,2. Na Correnteza, 3. Ainda na Correnteza, 4. Na Casa Mantero (todos datados de 27.09.2007); 5. O IIM da Correnteza (26.02.2009); 6. HP…o quê? (19.10.2010)
novamente... [1]
Moro na Estefânea, numa zona em que, como edifícios vizinhos, tenho o Sintra Museu de Arte Moderna-Colecção Bernardo, o Centro Cultural Olga Cadaval, ambos mesmo defronte de minha casa. A Biblioteca Municipal também fica a escassas dezenas de metros, na Correnteza, designação toponímica comum da Alameda dos Combatentes da Grande Guerra. Entre outros assuntos, pretendo chamar a atenção para as instalações onde, em situação soberba, ali funcionam um café, restaurante e esplanada.
Antes, porém, impõe-se tratar do enquadramento. Tão perto de casa, raro é o dia em que não passo por esta grande e estupenda varanda, donde se alcança um dos mais belos panoramas de Sintra. Todavia, com horizonte tão privilegiado, entre a serra e o Atlântico, a Correnteza está longe de ser um miradouro irrepreensível. Pena é que assim suceda já que, à partida, tem sobejas condições que permitiriam atribuir-lhe os maiores encómios.
Se, logo no título, dou a entender que este é um escrito de revisitação, tal se deve ao facto de, neste mesmo blogue,* já ter abordado as questões objecto do texto que hoje inicio. Não é bom sinal que, passados quase quatro anos, nada, absolutamente nada, se tenha alterado que pudesse dignificar esta herança que foi obra da edilidade liderada por Francisco Craveiro Lopes, oficial da Força Aérea que, na sequência da morte do Marechal Carmona, lhe sucedeu na Presidência da República.
Começo pelo singular pavimento, em calçada à portuguesa, dotado de profusos, simples mas extremamente eficazes motivos de negro ondular, conferindo ao lugar uma tal dinâmica que, paradoxalmente, em articulação com outros elementos cenográficos, acaba por promover uma atmosfera deveras repousante. As pérgulas, propondo assentos e parapeitos convidativos à contemplação – com lindas latadas de glicínias, suportadas por espessa e sólida estrutura de madeirame – constituirão, porventura, a imagem de marca do local.
Porém, infeliz e habitualmente descuidado, trata-se de um espaço que, em determinadas circunstâncias, resultado da falta de higiene, por ausência de lavagem, chega a ser perigosamente escorregadio, verdadeiro caso de desleixo, impeditivo do desfrute por crianças que, acompanhadas por familiares, todo o direito teriam ao sossego que cumpre à autarquia assegurar.
Se, de facto, o local é varrido todos os dias, tal operação não basta. Aliás não parece razoável que, dispondo de equipamento à altura, não se proceda adequadamente. Por se tratar de um problema de higiene pública, vão permitir que, a propósito, insira este parêntesis para lembrar como, no caso vertente, bem se aplica a controvérsia acerca da pertinência de manutenção em actividade de empresas municipais, como a HPEM, cuja actuação e actividade, em vez de beneficiar, acabam por, manifestamente, prejudicar os interesses mais evidentes de munícipes e visitantes.
[continua]
*1. A Caminho da Correnteza,2. Na Correnteza, 3. Ainda na Correnteza, 4. Na Casa Mantero (todos datados de 27.09.2007); 5. O IIM da Correnteza (26.02.2009); 6. HP…o quê? (19.10.2010)
sexta-feira, 18 de março de 2011
Alguns comentários recuperados!!
Através da minha caixa de correio electrónico ainda me foi possível recuperar alguns dos muitos comentários que tinha suprimido. Pelo respeito que me merecem os seus autores, decidi republicá-los, em duas levas, subordinados aos títulos dos textos a que se reportavam. Hoje, a primeira parte. Mais uma vez, lamento a perda de todos os outros que, de facto, não é possível trazer de volta.
Mozart, Amadé, sempre
Caro Dr. Cachado,
Quem gosta deste compositor não pode dispensar este "site" magnífico.
Muito triste com acontecimentos no Japão encontro consolo na música de Mozart. Acabei de ouvir Requiem em memória de tantas vítimas.
Lourdes Cabral
Publicada por Lourdes Cabral em Sintra do avesso a 17/03/11 12:44
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Obrigado pelo aviso sobre o site. De facto é precioso. Nestes dias vou ouvindo música. É o que me alivia e Mozart está sempre comigo.
Alzira
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 17/03/11 09:06
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Fui ler os seus artigos publicados no Jornal de Sintra em 2006 quando passaram 250 anos do nascimento de Mozart. Recortei e guardei porque desfazem ideias erradas sobre Mozart que continuam a circular. Chamo a sua atenção para o programa do Victorino de Almeida onde, no passado domingo, ele se referiu ao enterro mas com a história do cão atrás da carreta, etc.
Se puder pf esclareça.
O site é óptimo. Quem gosta de Mozart é obrigado a ir lá.
Manuel Semedo
Publicada por Manuel Semedo em Sintra do avesso a 16/03/11 21:04
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Sigo sempre os conselhos de quem quer o meu benefício... Consigo nunca fico decepcionado. O serviço do Mozarteum é um portento. Grato,
Lopes Ramos
Publicada por Lopes Ramos em Sintra do avesso a 16/03/11 17:01
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Mozart não precisa de marketing. Mas o conselho do João Cachado tenho a certeza que vai conduzir a que muitas pessoas passem a conhecer o compositor muito melhor.
Também já consultei o site do
Mozarteum e fiquei impressionado.
obrigado.
Carlos Ramiro
Publicada por Carlos Ramiro em Sintra do avesso a 16/03/11 16:42
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Já lá fui. Este site é um espanto. Obrigado ao Prof. Cachado.
Rui Passos
Publicada por Rui Passos em Sintra do avesso a 14/03/11 23:55
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À Rasca
De que estava à espera?
Como o seu texto não era main stream...
Console-se com as mensagens positivas.
Abraço
Carlos Sousa
Publicada por Carlos Sousa em Sintra do avesso a 14/03/11 13:00
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Lamento mas tenho de o dizer, esta suposta geração à rasca está a ter uma atitude de gente rasca. Porque e que temos tanta abstenção nos actos eleitorais? Cumpram com a sua obrigação civica de votar! È muito porreiro protestar, dizer umas quantas banalidades contra o "sistema", mas ir ao domingo votar, depois de uma noitada custa muito , è uma violência. Por detrás desta manifestação esconde-se a ganância do poder a todo o custo. Esconde-se o lobo na pele do carneiro. Chamo aqui a atenção para o livro que foi ontem apresentado como pré-programa de governo do psd. Se agora se sentem à rasca, num futuro breve poderão vir a mudar de nome para geração do exôdo. Natalia Gomes
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Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 11/03/11 14:39
Cachado,
Sou da sua geração, a geração de
60. Tivemos problemas horrorosos, falta de liberdade, guerra colonial, levávamos tareia se ousávamos protestar, íamos parar à prisão.
E estes gajos agora que têm tudo como nenhuma geração anterior teve, nem sequer sabem escrever as razões das sua queixas e o que querem.
Talvez amanhã a prendam na pele a organizarem-se e a mostrarem que não são uns pindéricos, pendurados nos pais e com falta de coragem para irem à luta e à procura de emprego onde ele houver, na Europa, na África.
Se estão bem preparados não têm de ter medo.
Paulo Torres
Publicada por Paulo Torres em Sintra do avesso a 11/03/11 16:16
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Serviços secretos à mistura com polícias, muitos provocadores a explorar ingenidades, dezenas de milhar de jovens «numa boa» é uma mistura explosiva. Deus queira que me engane...
Adelaide Castro
Publicada por Adelaide Castro em Sintra do avesso a 11/03/11 20:52
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Caro João, partilho aqui no seu blogue o comentário que tive oportunidade de redigir há pouco noutro fórum (Facebook) a propósito do mesmo tema e do muito disparate que o mesmo tem suscitado:
Título: Saca o saca-rolhas...
Aos enrascados da "geração à rasca" ou que nela se revêem e a quem provavelmente o cognome "geração rasca" ainda assentaria quem nem uma luva, pergunto se não teriam feito melhor indo votar nas últimas duas eleições, por exemplo?
Provavelmente preferem fazer parte de uma turba de carneiros arrebanhados com afinco e instrumentalizados às mãos de alguns pseudo partidos da dita esquerda da moda.
As "mudanças" e revoltas, inspiradas noutras tantas que por aí decorrem, só o são quando não se trata de uma imensa maioria. E mesmo assim... As imensas minorias têm o mesmo destino da antiga rádio XFM. Tinha piada, entretinha, mas foi para o galheiro.
A "geração à rasca" devia-se chamar "geração básica", "geração simplória" ou "geração facilitista". Bom, bom, é quando alguém providencia.
A propósito, soube de fonte segura que o bairro alto terá "happy hour" alargado amanhã, por isso, os meninos podem saciar a revolta talvez pedindo um adiantamento da semanada aos pais para o efeito. Pasme-se, a droga vai estar mais cara amanhã nos percursos da peregrinação, pelo que se aconselha que se apetrechem nos locais habituais para evitar pagar gato por lebre.
É pena esta “geração à rasca” não ser mais “desenrascada”.
Publicada por Spirale em Sintra do avesso a 11/03/11 22:53
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Principalmente em resposta ao Sr. Paulo Torres, aconselho mais comedimento nas suas afirmações: "pindéricos"?,"apoiadosnos pais"? Meus filhos não são assim, acabaram seus Mestrados e embora saiam à noite, vão votar no dia seguinte. Pendurados em mim? Sim! Porque respondem a anúncios, mandam curriculos e nada! Que futuro para esta geração ? Até porque minha reforma vai minguando e o apoio diminuindo. Nem todos os jovens são vazios. A geração de 68 que deu a volta à nossa vida era como ?
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 12/03/11 10:24
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Prof. Cachado,
O seu texto é excelente e já recebeu comentários de grande nível. "Spirale" revela uma argúcia e acutilância notáveis. Em sentido inverso, tem o caso do último anónimo, cuja posição
é ultra-montana, coitado do senhor,
não percebeu a sociedade em que vive e confunde tudo, razão pela qual tem lá em casa aquilo que merece...
Repito, o seu texto é muito bom, entende-se que o Prof. não embarca em confusões mas não tenha ilusões, há gente que «não chega lá» embora o que escreve seja apenas resultado da lucidez.
Obrigado, Rui Leandro
Publicada por Rui Leandro em Sintra do avesso a 13/03/11 00:09
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João Cachado,
Mesmo depois de ver reportagens das televisões ainda confirmei mais como o seu texto é pertinente. Gomes Dias. Publicada por Gomes Dias em Sintra do avesso a 13/03/11 01:04
Amigo João Cachado,
Como sempre esta sua peça é especial. O Cachado alinha com a opinião de vários intelectuais sérios que conhecem bem e escrevem bem acerca da realidade nacional. Sendo professor e técnico de educação é um observador privilegiado da camada de jovens que passou pelas suas mãos.
Como colega e admirador, permito-me acrescentar que todo o país e a esmagadora maioria dos portugueses estão à rasca. Não sou o primeiro a escrever isto mas só para concordar consigo. Convenço-me que quem tem mais razões para protestar - os mais velhos que vivem situações de desumanidade e degradação vergonhosas - não têm condições para fazê-lo. E são milhões.
Não podemos concordar com este protesto, tal como foi anunciado. Percebo que o seu post é isto que afirma, repito, tal como foi anunciado. Não se pode ir para uma manifestação sem saber o que se vai manifestar e isso foi o que aconteceu ontem e felizmente sem incidentes.
Estes jovens têm que se fazer ao caminho e procurar condições em todo o país e não só perto de casa, em África (especialmente Palops), na Europa, onde houver uma oportunidade.
Têm ferramenta para isso. Os portugueses, os gregos, os irlandeses sempre o fizeram e continuam a fazer.
Abraço amigo,
D. Rodrigues
Publicada por Daniel Rodrigues em Sintra do avesso a 13/03/11 10:35
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Spirale, Rui Leandro e "afins", quem não entende nada são vocês! Parecem o Governo (fechado numa redoma) alheados do Portugal real!
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 13/03/11 12:09
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Se o Portugal real fosse aquela gente que encheu a Av. Liberdade e Rossio com uns "artistas" oportunistas a aproveitarem-se do evento, eu emigrava já hoje...
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 13/03/11 14:16
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Colega Cachado,
Ainda há lugares decentes onde estas coisas aparecem com certo nível. Parabéns. Sou seu colega do Porto, é a primeira vez que aqui intervenho e foi um amigo da FNE que me recomendou a frequência do seu blogue. "À rasca" é um bom pedaço de prosa e um desafio muito ajustado à realidade em que estamos mergulhados.
A grande questão é que a malta não se enxerga. A «malta» também engloba muitos nossos colegas e pseudo-colegas, que fomentam e alimentam muitas destas posições que levaram tanta gente à rua a protestar sem objectivos bem marcados.
R. dos Santos
Publicada por R. dos Santos em Sintra do avesso a 13/03/11 23:29
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Lamento mas tenho de o dizer, esta suposta geração à rasca está a ter uma atitude de gente rasca. Porque e que temos tanta abstenção nos actos eleitorais? Cumpram com a sua obrigação civica de votar! È muito porreiro protestar, dizer umas quantas banalidades contra o "sistema", mas ir ao domingo votar, depois de uma noitada custa muito , è uma violência. Por detrás desta manifestação esconde-se a ganância do poder a todo o custo. Esconde-se o lobo na pele do carneiro. Chamo aqui a atenção para o livro que foi ontem apresentado como pré-programa de governo do psd. Se agora se sentem à rasca, num futuro breve poderão vir a mudar de nome para geração do exôdo. Natalia Gomes
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 11/03/11 14:39
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Caro Cachado,
Tal como a autora do comentário anterior, sou seu colega e fui alertado para o seu texto hoje de manhã na escola. Concordo inteiramente. Os meus alunos não se confundem com a mixórdia que vai ser a manif de amanhã. Claro que estou cheio de receio que aconteça o pior. Mas oxalá que não.Obrigado pelo seu trabalho que também vou levar para um pequeno debate.
Couceiro
Publicada por J. Couceiro em Sintra do avesso a 11/03/11 13:54
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Sintra, soluções para a qualidade
Quando exercemos o direito de voto, votamos em quem? Numa entidade abstrata?Penso que votamos nos partidos e nos seus candidatos e quando estes desiludem, parece-me legitimo, no minimo fazer a critica. Neste país, a critica objectiva morreu. O abstracionismo é hoje rei e senhor e depois admiram-se de por cá a culpa morrer sempre solteira. Promessas por cumprir tem sido o unico ponto consistente nos mandatos de Fernando Seara! Podemos dizer o contrário? Já se esqueceram da Quinta do Relógio? O estacionamento, as obras, à pressa mal feitas, o projecto Sintra Romântica...? As promessas por cumprir são o meu unico problema com o Fernando Seara...não chega ao òdio. Comentarista caseiro.
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 11/03/11 10:53
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A solução BUSCAS (C.M.Cascais) é excelente. O estacionamento nos locais apontados, como afirma Joana d´Ávila, tem que ser regulado com horários e tarifas adequados. O parque do urbanismo está com lotação esgotada durante o dia mas nunca à noite nem nos fins de semana, feriados etc.
Aliás, o Dr. João Cachado já tem escrito muito acerca destas questões e este post só sintetiza as suas posições. Joana d´Ávila está de parabéns. Oxalá o Sr. Presidente da Câmara leia este contributo tão valioso e se prepare para pôr a funcionar o que nele se sugere.
Vitor Dias
Publicada por Vitor Dias em Sintra do avesso a 11/03/11 11:17
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Continuo abismado, ou tenho passado pelos locais referidos pela senhora Joana D'Avila em dias em que já estão lotados, como por exemplo a zona da biblioteca, da portela junto à escola Santa Maria, o parque onde se encontra o edificio do urbanismo, etc., . há de facto solução para este grave problema que a todos nos afecta. Não dêem ao fernando seara chão para mais asneira
Publicada por Anónimo em Sintra do avesso a 10/03/11 16:46
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Bom dia João Cachado,
Parabéns pelo texto.
Os juniores estão tramados e à rasca. Os seniores achavam que facilitar a vida aos mais novos era dar-lhes tudo de mão beijada. Os seniores lixaram os juniores e estes perderam-lhes o respeito.
Mas à rasca estamos todos. Mais velhos, novos, o país inteiro, está tudo à rasca e nem o «desenrascanço» à portuguesa nos livra. Abraço,
Pedro Soares
Publicada por Pedro Soares em Sintra do avesso a 10/03/11 09:10
NB: Agora, por favor, não comentem os comentários constantes desta série...
Comentários do blogue
Caros leitores,
Lamentavelmente, em resultado de manobra errada de gestão do blogue, eliminei todos os comentários a alguns textos publicados em Janeiro e a todos os de Fevereiro e Março de 2011. Trata-se de uma perda significativa de centenas de contributos, que não tenho maneira de repor, apesar de constituirem a memória viva da vossa intervenção sempre tão desejada.
Desolado com o erro, resta-me solicitar aos autores me relevem o dano causado. Felizmente, acabei por me aperceber do erro em que estava incorrendo, a tempo de evitar a perda total. Naturalmente, poderão voltar a enviar os vossos comentários, já a partir do post anterior que, tendo sido publicado ontem à tarde, aguarda a vossa reacção.
João Cachado
quinta-feira, 17 de março de 2011
Alerta nuclear
Estamos a sofrer muito no outro lado do mundo. Primeiramente, um violentíssimo terramoto, depois o maremoto, os incêndios e o remate pavoroso do desastre nuclear. Perante quadro tão apocalíptico, apouca-se a gravíssima crise portuguesa e os seus mais medíocres protagonistas ficam reduzidos a uma insignificância sem expressão sequer digna de análise.
Está envolvida uma central nuclear cujo controlo, pura e simplesmente, deixou de ser possível. Tendo escapado aos técnicos responsáveis, a tentativa de domínio da situação foi transferida para os cientistas do mundo inteiro que estudam todas as possibilidade de evitar o que parece iminente tragédia.
Naturalmente, tratando-se de um país em que o risco sísmico é tão flagrante, o Japão está a escancarar as entranhas a todos quantos quiserem aproveitar a lição tão dolorosamente ministrada. Espero bem que o meu país, onde as particularidades geofísicas e morfológicas nos remetem para tantas analogias, aproveite, milimetricamente, o conhecimento que o evento proporciona.
Tal desejo parece de meridiana lucidez. No entanto, quem assistiu ao debate que ontem à noite aconteceu, na TVI24, não poderá ter sossegado. O lóbi do nuclear é tão forte e sinistro que figura tão controversa como o empresário Monteiro de Barros foi capaz de declinar a ladainha que, desde pequenino, terá aprendido a declinar, ou seja, a da conveniência em acolher a solução do custo mais reduzido.
Afinal, no caso do nuclear, o catecismo de Monteiro de Barros e de outros negociantes e cientistas nem sequer é pertinente e, muito menos, corresponde à verdade dos números. Quando são equacionadas todas as variáveis e se têm em consideração os custos a montante e a jusante (nomeadamente os inerentes ao encerramento da central após o período de laboração) o custo do KW/Hora dispara. No entanto, o negócio global é de tal modo interessante que, na maior parte dos casos, anula a decência que deveria prevalecer.
Há por aí, para além de Monteiro de Barros, outros notáveis prosélitos do nuclear, bem enquadrados em todos os quadrantes partidários, que espreitam todas as oportunidades para denegrir as alternativas verdes e proporem a solução que tanto mal tem causado à ecologia. Por exemplo, logo ocorre o caso do Engº Mira Amaral, sobejamente conhecido, mas longe de ser singular.
Tanto sofrimento, no outro lado do mundo, merece o respeito de permanecermos atentos e dispostos a intervir civicamente sempre que, mais ou menos às claras, se insinuarem tentativas de replicar entre nós o que só pode suscitar o mais veemente repúdio.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Mozart,
Amadé, sempre…
Como, depois da comunicação ao país do Primeiro Ministro, o ar de perfeita bancarrota nacional continua pesadíssimo, resolvi passar-vos uma sugestão que, aligeirando o ambiente, muito poderá contribuir para o enriquecimento dos vossos conhecimentos sobre a vida de alguém que, sendo um génio da música, é o próprio paradigma do conceito de génio. Claro que só poderia estar a referir-me a Wolfgang Amadeus Mozart.
Há muitos leitores que estão ao corrente da patologia que me atingiu desde criança, afectando-me para o resto da vida, ou seja, a melómana e canina dedicação ao compositor, doença que, há muitos anos, entre outras significativas e muito lúcidas decisões, me conduziu à condição de membro da Stiftung Mozarteum Salzburg, a grande instituição mundial, com sede na cidade natal do compositor, que defende, preserva e divulga o património de WA Mozart.
A todos quantos se interessam pelo universo mozartiano, aconselho a visita ao site www.mozarteum.at (alemão, inglês e francês) onde, por exemplo, podem conhecer, exaustivamente, a biografia de Amadé, no dia a dia da sua curta vida. Só para vos dar um pequeno exemplo, eis o que, sempre no dia 14 de Março, aconteceu entre os anos de 1770 e 1778, (vá lá, o original está em alemão mas, como sou bonzinho, segue em Inglês):
Wednesday,14 March 1770, Milan: Farewell visit with Count Karl Joseph von Firmian;
Thursday, 14 March 1771, Vicenza: Two days as guest of the Bishop Marco Giuseppi Cornaro;
Saturday, 14 March 1772, Salzburg: Hieronymus Count Colloredo becomes Archbischop of Salzburg*;
Saturday, 14 March 1778, Departure from Mannheim.
[*Este foi o tal Príncipe-Arcebispo de Salzburg com quem Mozart viria a incompatibilizar-se em 1781, levando-o a abandonar a cidade natal para se estabelecer em Viena].
Mas tem muito mais. Tem tudo quanto possam desejar saber e aceder. Para os grandes amadores, totalmente digitalizadas, as pautas originais de toda a obra. Ainda o resultado de todas as mais recentes investigações musicológicas. Sigam o meu conselho e não deixem de confirmar como tenho motivo de sobra para lhes dar a conhecer a minha casa de Salzburg onde, todos os anos, durante várias semanas, me perco em actividades, do mais diferente recorte cultural.
Ali tenho grandes amigos, entre os quais a Prof. Geneviève Geffray, a maior autoridade mundial no espólio de Mozart e guardiã máxima de muitos dos seus mais preciosos tesouros, a quem devo uma enormidade de favores, como o acesso a documentação original e frequência de cerimónias absolutamente exclusivas. No saudoso Jornal de Sintra, em 2006, ano jubilar do 250º aniversário do nascimento de WAM, cheguei a publicar uma página completa de informação acerca desta senhora que é acarinhada no mundo inteiro.
É na Fundação Mozarteum que tenho o meu lugar cativo em conferências, seminários, oficinas, etc. Lá assisto aos concertos, recitais, música sinfónica, coral, coral-sinfónica, ópera, do mais alto nível. De facto, Salzburg não deixa créditos por mãos alheias e, mesmo em relação à capital vienense, desenvolve uma saudável competição da qual lucram todos os melómanos. Enfim, pelo menos, os «grandes tarados» como eu, não se queixam. Dêem-me o prazer de partilhar convosco esta loucura mansa. Vão confirmar que, como sempre, só quero o vosso benefício…
[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. Apenas consegui recuperar 6 que já estão re-publicados no post de dia 18 de Março. O meu pedido de desculpa aos autores]
Amadé, sempre…
Como, depois da comunicação ao país do Primeiro Ministro, o ar de perfeita bancarrota nacional continua pesadíssimo, resolvi passar-vos uma sugestão que, aligeirando o ambiente, muito poderá contribuir para o enriquecimento dos vossos conhecimentos sobre a vida de alguém que, sendo um génio da música, é o próprio paradigma do conceito de génio. Claro que só poderia estar a referir-me a Wolfgang Amadeus Mozart.
Há muitos leitores que estão ao corrente da patologia que me atingiu desde criança, afectando-me para o resto da vida, ou seja, a melómana e canina dedicação ao compositor, doença que, há muitos anos, entre outras significativas e muito lúcidas decisões, me conduziu à condição de membro da Stiftung Mozarteum Salzburg, a grande instituição mundial, com sede na cidade natal do compositor, que defende, preserva e divulga o património de WA Mozart.
A todos quantos se interessam pelo universo mozartiano, aconselho a visita ao site www.mozarteum.at (alemão, inglês e francês) onde, por exemplo, podem conhecer, exaustivamente, a biografia de Amadé, no dia a dia da sua curta vida. Só para vos dar um pequeno exemplo, eis o que, sempre no dia 14 de Março, aconteceu entre os anos de 1770 e 1778, (vá lá, o original está em alemão mas, como sou bonzinho, segue em Inglês):
Wednesday,14 March 1770, Milan: Farewell visit with Count Karl Joseph von Firmian;
Thursday, 14 March 1771, Vicenza: Two days as guest of the Bishop Marco Giuseppi Cornaro;
Saturday, 14 March 1772, Salzburg: Hieronymus Count Colloredo becomes Archbischop of Salzburg*;
Saturday, 14 March 1778, Departure from Mannheim.
[*Este foi o tal Príncipe-Arcebispo de Salzburg com quem Mozart viria a incompatibilizar-se em 1781, levando-o a abandonar a cidade natal para se estabelecer em Viena].
Mas tem muito mais. Tem tudo quanto possam desejar saber e aceder. Para os grandes amadores, totalmente digitalizadas, as pautas originais de toda a obra. Ainda o resultado de todas as mais recentes investigações musicológicas. Sigam o meu conselho e não deixem de confirmar como tenho motivo de sobra para lhes dar a conhecer a minha casa de Salzburg onde, todos os anos, durante várias semanas, me perco em actividades, do mais diferente recorte cultural.
Ali tenho grandes amigos, entre os quais a Prof. Geneviève Geffray, a maior autoridade mundial no espólio de Mozart e guardiã máxima de muitos dos seus mais preciosos tesouros, a quem devo uma enormidade de favores, como o acesso a documentação original e frequência de cerimónias absolutamente exclusivas. No saudoso Jornal de Sintra, em 2006, ano jubilar do 250º aniversário do nascimento de WAM, cheguei a publicar uma página completa de informação acerca desta senhora que é acarinhada no mundo inteiro.
É na Fundação Mozarteum que tenho o meu lugar cativo em conferências, seminários, oficinas, etc. Lá assisto aos concertos, recitais, música sinfónica, coral, coral-sinfónica, ópera, do mais alto nível. De facto, Salzburg não deixa créditos por mãos alheias e, mesmo em relação à capital vienense, desenvolve uma saudável competição da qual lucram todos os melómanos. Enfim, pelo menos, os «grandes tarados» como eu, não se queixam. Dêem-me o prazer de partilhar convosco esta loucura mansa. Vão confirmar que, como sempre, só quero o vosso benefício…
[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. Apenas consegui recuperar 6 que já estão re-publicados no post de dia 18 de Março. O meu pedido de desculpa aos autores]
sexta-feira, 11 de março de 2011
À rasca
Uma breve nota em véspera de manifestação pública de descontentamento. Nenhuma outra, nos últimos anos, me terá suscitado tamanhas reservas. Enfim, não resisto partilhar a minha preocupação convosco. Todavia, desde logo, confesso a maior dificuldade na sistematização das ideias, uma vez que os nebulosos e quase misteriosos promotores do protesto evidenciaram total incapacidade de redacção de um manifesto claro, escorreito, com objectivos bem definidos.
Assim sendo, terei de confirmar que, bem ao corrente do muito primarismo que revestem as atitudes de uma substancial camada de jovens portugueses, profundos desconhecedores do que seja uma participação cívica responsável, nada me surpreende que, portanto, mesmo perante tal indefinição, tantos se tenham sentido desafiados. No entanto, recuso-me a generalizar e a considerar que os potenciais participantes serão os representantes da sua geração.
Vou acompanhando o que vai aparecendo na comunicação social formal, não formal e informal acerca do evento anunciado. Parece sobressair o mandamento inequívoco segundo o qual o que interessa é estar presente, aos magotes. Quase chega a afirmar-se “não penses, nem muito nem pouco, o que interessa é estar lá”. Como se já não bastasse a indefinição dos propósitos, haverá quem esteja a jogar na participação acrítica, na molhada e logo se vê o que vai dar…
Admitamos haver nisto tudo uma grande dose de empenho, de tipo voluntarista, à mistura com ingenuidade qb. É que, assim sendo, ficam multidões de jovens desorganizados à mercê dos desígnios de certas personagens nada voluntariosas e que, sem ponta de ingenuidade, estarão à espreita da mínima oportunidade para potenciarem qualquer deslize pessoal ou de grupo, seja ele de ordem verbal, gestual ou congénere.
Não, decididamente, a estes jovens prestes a embarcar num embuste de contornos difusos, não concedo a ideia de representarem toda uma juventude que, de facto, está a passar um mau bocado. Por outro lado, muito naturalmente, cumpre que assuma a minha quota parte de responsabilidade pelas atitudes educativas extremamente controversas em que, de algum modo, a minha geração foi fértil, nomeadamente, na prodigalidade de um facilitismo demolidor.
Por fim, inequivocamente, me resta afirmar e confirmar a recusa de pactuar com uma iniciativa como a deste protesto, que, em suma, se me afigura desprovida do discernimento e da lucidez que a todos, jovens e mais velhos, se nos impõe, num momento particularmente complexo da vida da República. Na realidade, é em momentos que tais, quando todo um país está à rasca, que podemos aquilatar como, entre nós, se conjuga Liberdade, Igualdade e Solidariedade, valores máximos da Democracia.
[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. Consegui recuperar apenas 15 que já foram republicados no post de dia 18 de Março. O meu pedido de desculpa aos autores]
quinta-feira, 10 de março de 2011
Sintra,
soluções para a qualidade
O texto É incrível!!!, aqui publicado no passado dia 1 do corrente, acaba de merecer um comentário que reputo do maior interesse já que propõe, com grande economia de palavras, as soluções de que Sintra carece, no ãmbito do estacionamento e do transporte público que poderiam melhorar significativamente a qualidade de vida na sede do concelho.
Como já várias vezes tem acontecido com outros contributos, resolvi transcrever o comentário da leitora, dando-lhe destaque de primeira página.
Comentário publicado em 10.03.2011
"Por outro lado, não nos esqueçamos que o facto de, infelizmente, ainda não existirem alternativas satisfatórias para resolução do problema do estacionamento, a ninguém autoriza – e, muito menos, à própria autoridade – pactuar com a mais descarada ilegalidade."
O último parágrafo do seu texto diz tudo!
A C.M.S. tem de arranjar algumas alternativas urgentemente, nem que sejam temporárias, e já o devia ter feito antes de implementar a acção conjunta entre a Policia Municipal e Empresa Municipal de Estacionamento de Sintra (EMES).
Alternativas:
- Parque junto do Departamento de Urbanismo da C.M.S.;
- Parque do Interface da Portela de Sintra;
- Volta do Duche;
- Parque de estacionamento subterrâneo da EMES, junto à igreja de São Miguel.
Tem de se repensar horários destes espaços, publicitá-los e criar preços mais atractivos ou fazer determinadas promoções. Por outro lado, talvez fosse de implementar um sistema de transporte do tipo buscas, de Cascais, obedecendo a um percurso urbano com um intervalo máximo de 15 minutos nos períodos diários mais críticos.
Mas a grande solução de estrutura será a dos parques alternativos e periféricos, um pouco mais distantes dos atrás referidos, por exemplo, nas zonas do Ramalhão, São Pedro de Sintra, Portela de Sintra-junto Escolas/Estádio, estrada proveniente de Colares-Ribeira de Sintra ou Monte Santos, na estrada do Lourel, junto ao Quartel Bombeiros ou Escolas.
Atitudes muito simples como informar melhor sobre quais os percursos e locais onde podem parar,em dias de espectáculos no CCOC ou em que autocarros escolares se desloquem aos Museus e Monumentos, podem melhorar muito a situação actual e fazer toda a diferença.
A grande asneira da Av. Heliodoro Salgado devia ser rapidamente desfeita abrindo, pelo menos, uma via de trânsito, ou abri-la aos transportes públicos e criando uma faixa de estacionamento para moradores/comerciantes.
Finalmente, uma especial atenção para aqueles prédios na zona traseira da Biblioteca de Sintra e do Sintrense onde talvez fosse possível criar um pequeno parque (subterrâneo?) mas recuperando-a porque, actualmente, é uma vergonha pondo em perigo os transeuntes.
Há que discutir estas e outras soluções.
RAPIDAMENTE!!!
Joana d´Ávila
.........................................................
Aí fica este comentário à consideração de todos e, em especial, do Senhor Presidente da Câmara que pode queixar-se de muita coisa mas, como é óbvio e patente, jamais de falta de interesse e de espírito de colaboração dos munícipes, através de ideias para resolução dos problemas que os afligem.
[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. Apenas consegui recuperar 4 que já foram re-publicados no post de dia 18 de Março. O meu pedido de desculpa aos autores]
sexta-feira, 4 de março de 2011
Seniores e juniores
A situação de grande convulsão na Líbia trouxe à ribalta da comunicação social nacional e internacional a vergonha que foi o convívio, quando não conluio, dos mais conhecidos líderes políticos, de todas as latitudes, com um absurdo e anacrónico ditador como o coronel Khadafi que, não obstante o seu passado longínquo e mais recente de patrono do terrorismo internacional, conseguia juntar à mesa personalidades tão distintas como o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal.
Entre nós, que me lembre, a imprensa não registou qualquer veemente protesto. Ao nível político, apenas a Dra. Ana Gomes, diplomata de carreira – sublinhe-se, porque a circunstância do enquadramento profissional ainda mais notabiliza a sua denúncia – teve a coragem bastante para levantar a voz contra a ignomínia da atitude do Dr. Luís Amado, também Ministro de Estado, que, na famosa tenda do tirano, comemorou os quarenta anos do regime revolucionário líbio, em representação do povo português.
Se, no mundo da política, ao mais alto nível, nos deparamos com situações deste género, que nos envergonham pela falta de dignidade e de verticalidade, pois não menos degradantes, mas no âmbito da vida financeira portuguesa, se evidenciam alguns mais ou menos recentes episódios. Por exemplo, o do caso de João Rendeiro, ex-Presidente do Banco Privado Português que, com a sua controversa gestão, terá protagonizado um verdadeiro caso de polícia, era imbecilmente apontado, por certa classe de jornalistas que o promovia inusitadamente, quase como um mago da grande finança, espécie de Rei Midas.
Em ambas as situações, para além da flagrante e tríplice falta de discernimento, frontalidade e coragem, muito preocupante também se evidenciam as gerais e lamentáveis lacunas de preparação de toda uma classe de profissionais da comunicação social que, de facto, devido à sua incapacidade, não está à altura de assumir a função de alerta cívico cometida ao famoso quarto poder nos Estados Democráticos de Direito.
Sem dúvida, para que tal situação se verifique e vá florescendo, muito tem contribuído a sistemática dispensa de grandes valores de uma geração de conhecidos e competentes jornalistas seniores, implicitamente impedidos de transmitir, aos colegas mais novos, toda uma cultura e deontologia profissionais na primeira pessoa.
Quem se der ao trabalho de sintonizar os canais televisivos de noticiário internacional, depara com muitos homens e mulheres maduros, alguns bem entrados nos anos, que são grandes referências para os candidatos à profissão e novos colegas. Nada disso acontece em Portugal. Esquecemo-nos que cumpre capitalizar o saber dos mais experientes. Ora bem, como a experiência não se improvisa e está indissociavelmente ligada ao tempo que passa e à idade de cada um…
Se quiserem aceitar a analogia, lembrem-se do tremendo prejuízo social que se vai acumulando nas nossas distorcidas sociedades e traduzindo na impossibilidade de os avós transmitirem aos netos a cultura da família. Assim vamos muito mal porque todos perdem e, se alguma coisa se transforma, é para pior.
[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. O meu pedido de desculpa aos autores]
terça-feira, 1 de março de 2011
Incrível!!!
Para que nenhuma dúvida subsista quanto ao baixo nível do sentido cívico de muitos moradores e comerciantes do centro histórico de Sintra, tenha-se em consideração o seguinte despacho da Agência Lusa desta manhã, que passo a transcrever na totalidade:
Sintra:
Comerciantes e moradores do centro histórico de Sintra contestam multas de estacionamento
01 de Março de 2011, 07:10
Sintra, 01 mar (Lusa) - Moradores e comerciantes do centro histórico de Sintra estão indignados com as acções fiscalizadoras da Policia Municipal e da empresa municipal que gere o estacionamento, contestando a "caça à multa" e o recente bloqueio de viaturas.
Junto ao mercado da Estefânia, no centro de Sintra, existe um sentimento de revolta despertado pela utilização, desde Outubro, de bloqueadores por parte da Policia Municipal e dos fiscais da Empresa Municipal de Estacionamento de Sintra (EMES).
Os moradores e comerciantes ouvidos pela agência Lusa dizem-se descontentes com o que chamam de "caça à multa" levada a cabo pelas entidades fiscalizadoras do estacionamento.
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/12217664.html"
O caos do estacionamento das viaturas em zonas do centro nevrálgico de Sintra, que confunde e incomoda qualquer pessoa com um mínimo de discernimento e sentido de respeito pelos direitos alheios, é uma prática quotidiana de imensos prevaricadores, incapazes de compreenderem e, muito menos, de se submeterem à ordem cívica decorrente do exercício da autoridade democrática que, por exemplo, a Polícia Municipal de Sintra, tão exemplarmente, tem protagonizado nas últimas semanas.
Em Sintra, à excepção destes comerciantes e moradores – que, não nos iludamos, constituem uma esmagadora maioria – também há um punhado de munícipes esclarecidos, civilizados e tão europeus como os demais cidadãos que vivem além fronteiras. Ouso expressar a opinião destes últimos, fazendo votos no sentido de que a Câmara Municipal de Sintra não se impressione e, muito menos, se intimide com os manifestos de desagrado que a Lusa dá conta.
Sabemos que constituímos uma minoria perfeitamente exótica mas também sabemos da razão que assiste à opinião que comungamos. Bem, no meio de tanta, insanidade, oxalá prevaleça a lucidez da decisão que determinou a actuação da Polícia Municipal. Se ainda não se percebeu, gostaria de sublinhar como a recente actuação da PM nesta questão é um verdadeiro acto de cultura e de civilização, muito longe de se inscrever no contexto da designada caça à multa, a ignóbil desculpa de quem, infelizmente, ainda não consegue entender como, o tiro lhe sai pela culatra.
Todavia, nada nos espantaria se a autarquia, que superintende à PM, vergada perante a indignação de tanta ignorância, acabasse por ceder, mais uma vez desperdiçando a oportunidade de, definitivamente, demonstrar de que lado está a defesa dos interesses de uma comunidade que não se enxerga.
Por outro lado, não nos esqueçamos que o facto de, infelizmente, ainda não existirem alternativas satisfatórias para resolução do problema do estacionamento, a ninguém autoriza – e, muito menos, à própria autoridade – pactuar com a mais descarada ilegalidade.
Tenhamos esperança. E que assim seja.
[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. O meu pedido de desculpa aos autores]
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