quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Foi tornado público que, em tempo oportuno, o Município de Sintra oficiou a Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo de que pretendia classificar, como imóvel de interesse municipal (IIM), o monumento aos combatentes da Grande Guerra, situado na Alameda dos Combatentes da Grande Guerra, na Freguesia de Santa Maria e São Miguel, Concelho de Sintra.
Mais tarde, em 5 de Janeiro de 2009, a referida DRCLVT oficiou a Câmara Municipal de Sintra informando que o monumento não apresenta valor cultural de âmbito nacional, nada opondo a que o processo siga os seus trâmites, a nível local, com o objectivo da sua classificação como IIM.
Nestes termos, tendo em consideração o disposto nos artigos 25º e seguintes da Lei noº 107/2001, de 8 de Setembro, e por força dos despachos do Senhor Vereador da Cultura e do Senhor Presidente da Câmara, respectivamente de 20 e 21 de Janeiro de 2009, o processo prossegue. Sim senhor, independentemente das características do monumento, nomeadamente, as de caris estético, os decisores políticos vão em frente. Sim senhor, assim, sim. Como se vê, grandes decisões…
Mas as coisas não acabam por aqui. Reparem que já foram acautelados todos os condicionamentos, despoletadas as restrições legalmente previstas e regularmente aplicáveis, não podendo o monumento ser objecto de qualquer alteração ou modificação. E mais, durante dez dias, decorreu um período em que os interessados tinham o ónus de carrear, para a instrução do procedimento, todos os factos susceptíveis de fundamentarem a sua pretensão e de conduzir a uma justa e rápida decisão.
Caramba! Isto é que tem sido um afã…
Entretanto, cumpre lembrar que o monumento fica no topo da referida alameda, ocupando o centro de uma pequena rotunda, nas imediações da Casa Mantero. Situa-se num privilegiado local da freguesia e de toda a sede do concelho, ou seja, o sítio que todos conhecemos pelo topónimo de Correnteza. Dali, daquela varanda, o panorama é soberbo [bom será que não olhem para baixo, pois o matagal, aparentemente tranquilo, é uma dor de cabeça…], a exposição ao Sol, tudo convida ao remanso, ao simples gozo.
A Correnteza, meus amigos, paralela à rua onde resido, já conheceu melhores dias. E não preciso de recuar quarenta anos, altura em que estava absolutamente impecável. Hoje em dia, no entanto, é lugar invariavelmente descuidado, sujo, engordurado ao ponto de se tornar perigoso circular. A calçada à portuguesa, lindíssima, com motivos ondulantes, está esburacada, aos altos e baixos.
De vez em quando, certo é que muito espassadamente, significando isto que, entre as intervenções podem decorrer anos, lá se faz um ou outro benefício. Mas, depois – eis a grande pecha que os decisores políticos não conseguem colmatar – não há manutenção regular. Passam os cantoneiros de limpeza, aplica-se o herbicida e mais nada. Durante meses, anos, o pavimento não é lavado. Em períodos de seca, não caindo um pingo de água, é uma lástima, uma autêntica vergonha.
Podia, devia ser lugar onde pais e avós descansassem, deixando os miúdos à vontade. Mas não, não convém. Tanta é a porcaria à solta que, realmente, qualquer pequena queda de uma criança pode dar lugar a um sério problema. Infelizmente, não é exagero. Assim sendo, como querem que receba a notícia da qualificação do monumento como IIM? Com todo aquele desleixo à volta, é de ficar muito feliz?
Como é de calcular, a Liga dos Combatentes de Sintra deverá ter feito o seu trabalho no sentido de desencadear todo este processo administrativo. Bom seria que, igualmente, insistisse na requalificação de toda a envolvente. Poderia, inclusive, lançar a ideia do voluntariado, abrangendo membros da Liga e cidadãos em geral que, articulando com os serviços autárquicos, pudessem dedicar algumas horas ao arranjo do ajardinamento local. É prática bem vulgar em latitudes mais civilizadas.
Bem gostaria de garantir que, tenha a sugestão pés para andar, eu estaria na primeira linha desses voluntários. Espero que o Presidente do Núcleo sintrense da Liga, o meu amigo Dr. Joaquim Cardoso Martins, tenha uma palavra a dizer.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Com a devida autorização da remetente, passo a transcrever um mail que ontem recebi.
“Caro João Cachado,
Já não me lembro como tive conhecimento da petição que a tua associação tem há tantos meses para assinatura na Internet. A verdade é que só ontem li o texto da ADPS, ‘Sintra the Glorious Eden’ mas não percebi qual é o objectivo. E fiquei muito admirada porque tu costumas ser muito cuidadoso nestas coisas. Também fui ver quem já tinha assinado a petição e não vi a tua assinatura registada. Fiquei muito surpreendida com a quantidade tão mínima de pessoas que subscreveram, pouco mais de trezentas. Mas só os sócios da ADPS não são mais? Tenho muita pena mas não assinei. Como acho isto tudo um bocado confuso, diz qualquer coisa. Beijo
Ana”
Imediatamente respondi a Ana Cristina Oliveira, ex-colega e amiga, com quem não tenho contactado nos últimos tempos, que deixei de ser membro da ADPS, já há cerca de quatro anos. E remeti-lhe cópias da minha carta de 14.02.05, bem como do artigo publicado na edição do Jornal de Sintra de18 de Fevereiro de 2005, com o objectivo de bem esclarecer as razões do meu afastamento.
Decidi reproduzir o mail supra, acompanhado desta explicação, na medida em que prevejo a possibilidade de haver mais pessoas que, a exemplo de Ana Oliveira, ainda façam tal confusão. Tanto assim é que, há pouco mais de uma semana, tive de desfazer dúvida idêntica junto de um grupo do Linhó. Na realidade, tanto a minha mulher como eu e outros amigos nos desligámos totalmente.
Tal não significa que, há oito anos, por ter estado na primeira linha da actuação daquela associação, não me sinta muito gratificado pelo envolvimento na luta em defesa da Volta do Duche, contra a construção do parque de estacionamento subterrâneo ou, mais tarde, na discussão dos problemas da Estefânea, com o saudoso Bartolomeu Cid dos Santos, ao meu lado no Palácio Valenças, factos que muitos sintrenses recordam e reconhecem num passado que muito me honra.
Por se lembrar desses tempos em que, com o meu dedo, apareciam publicamente comunicados, cartas e abaixo-assinados, sem quaisquer equívocos, é que Ana Cristina Oliveira alude ao facto de eu "(...) ser muito cuidadoso nessas coisas (...)". Enfim, de facto, jamais descuidei a inequívoca definição dos objectivos, como parece acontecer no caso da petição referida, que tão pouca adesão estará suscitando.
De qualquer modo, não basta a correcta definição dos objectivos. Os destinatários deste tipo de mensagens têm de sentir que, ao remetente, não faltam coragem e frontalidade, para além de perceberem que há uma eficaz estratégia de comunicação. É imprescindível contar com uma série de agentes intermediários, bem colocados, em certos meios afins do objectivo a alcançar, e bater à porta certa de entidades que, muitas vezes, ocultam a melhor entrada... E, naturalmente, não subscreverão um texto ao qual não reconheçam a desejada operacionalidade.
Ao fim e ao cabo, não trago novidade alguma. De facto, trata-se de obedecer a uma boa estratégia de venda de um produto sofisticado, isto é, uma mensagem que se pretende seja comprada por cidadãos fartos de meias tintas, de meias palavras, em suma, fartos de equívocos e de serem bombardeados com toneladas de lixo comunicacional.
Era assim, tendo em consideração estes princípios que, há anos, por exemplo, no já aludido caso da Volta do Duche, se conseguiam milhares de signatários e aderentes a uma nobre causa, em poucas semanas. A premência era de tal ordem que não me podia dar ao luxo de esperar meses e meses para atingir trezentas e tal assinaturas.
Portanto, por favor, não me confundam...
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Como verificarão, não venho abordar qualquer questão fracturante e, muito menos, alguma daquelas que, nas últimas semanas, o partido do governo tem ventilado freneticamente, com o firme e declarado propósito de distrair o povo dos problemas realmente prementes e inadiáveis. No entanto, trata-se de algo que rasga o tecido social, que o divide entre aqueles que sabem e os que desconhecem as regras do bom domínio da expressão falada e escrita.
Ora bem, não é só na comunicação social que se escreve mal e fala pior.
Porém, tanto nos nossos jornais, como na rádio e televisão, é preocupante a frequência dos atentados à correcção do Português, nos mais diferentes aspectos da morfologia e da sintaxe. De facto, numa área em que a escorreita expressão é imprescindível ao bom entendimento, prevalece a tão perniciosa cultura de desleixo que, aliás, afecta a grande maioria dos cidadãos em todos os campos de actividade.
Portanto, nada de acusações generalizadas. Por exemplo, nas escolas, acontecem episódios, que não passariam de meras caricaturas, não se desse o caso de os docentes, tanto ou mais do que os jornalistas, fazerem parte de uma classe profissional com especiais responsabilidades no âmbito da comunicação.
Deixai que vos conte uma cena, em que eu próprio intervim, numa determinada escola de ensino superior. Uma aluna acabava, precisamente, de conjugar incorrectamente o pretérito perfeito do verbo intervir, dizendo interviu. Pois, quando a emendei, acrescentando que seria conveniente ter presente tratar-se de um composto de vir, devendo dizer interveio, uma colega professora que presenciara o nosso diálogo, perguntou-me, muito espantada, se eu tinha a certeza porque lhe soava muito feio…
Também os políticos, tanto ao nível do poder central como local, fornecem um verdadeiro manancial de asneiras nas entrevistas que concedem aos diversos canais televisivos. Sabem-no alguns bons mestres que, devidamente gravadas, tais conversas servem, às mil maravilhas, para exercícios muito sugestivos de caça ao erro nas aulas de Português.
Finalizemos no mundo da política local. Quem não se lembra das calinadas do ex-Presidente, Comendador Galucho, autênticas pérolas que, ainda hoje, deverão permanecer nos arquivos dos despachos camarários? Então e não é que, actualmente, temos um senhor Vereador, licenciado e tudo, que ignora a conjugação pronominal do verbo pôr? Coitado, diz pusi-o, arriscando a directa entrada no anedotário sintrense, algo que o cartãozinho não impede…
Como e onde terão ido recrutar jornalistas, professores e políticos tão patuscos?
Nota: Publicado, no Jornal de Sintra, na 6ª Coluna da edição de hoje.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Mas as árvores, Senhor?...
A exemplo do que, por vezes, tem acontecido, também hoje dou a voz a uma amiga do Linhó, nossa cúmplice destas páginas do sintradoavesso, cujo testemunho acerca de certas manobras à volta das árvores naquele local, bem merece a natural preocupação de todos. Eis, portanto, a transcrição da mensagem que me chegou de Florbela Veiga Frade:
"Eu vivo em Sintra (no Linhó) e, de há uns anos a esta parte, que me preocupo com o destino dado a várias árvores que têm sido abatidas em S. Pedro de Sintra e, mais recentemente, no Linhó. No primeiro caso, tílias com centenas de anos e, no segundo, um eucalipto e vários choupos. Só vi plantadas duas árvores novas no lugar de dezenas existentes em S. Pedro e temo que o mesmo se venha a passar no Linhó.
Já contactei os serviços municipalizados que me garantiram que o processo está longe de estar acabado no Linhó. No entanto, não me conseguiram dizer qual a calendarização, nem se iam plantar novas árvores. Deste modo, suspeito que o resultado será igual ao de S. Pedro: redução drástica de árvores, sem qualquer respeito pela natureza e pelos espaços verdes (cada vez mais raros).
Se posso compreender o abate de plátanos que, na Primavera, lançam para o ar milhares de sementes que são um perigo para a saúde pública, o mesmo não posso dizer para os choupos que o não fazem (só um dos géneros é que tem sementes) ou para o eucalipto com dezenas de anos, se não centenário. Também não compreendi que mal atingiu as tílias ou se elas próprias eram um perigo para a saúde pública.
Há formas de salvar as árvores desde que se queira. Hoje, no Linhó, no sítio de árvores verdejantes, existem tocos com cerca dum metro de altura (que provavelmente vão rebentar na Primavera se não os retirarem), jazem ramos cortados há cerca dum mês (a população foi retirando alguns, mas ainda resta uma grande massa) e os carros ocupam o espaço. O abandono é deprimente...
Também me preocupa que não se tenha feito uma prévia análise das árvores que lançam sementes, pois isso quer dizer que todas serão abatidas. Ora, o jardim junto ao chafariz do Linhó, que hoje ainda tem vários choupos com canteiros de flores, amanhã pode ficar sem nada. Nem se vislumbram alternativas. Relembro que as árvores existentes, na sua esmagadora maioria, foram plantadas pela população, algumas das quais pagas pelos moradores que fizeram uma recolha de fundos para isso.
A Câmara só se preocupa agora com o abate e a Junta garante esporadicamente a sua manutenção. Ninguém destas instituições soube dizer se há sequer plano de reflorestação dos espaços. O trabalho de abate tem sido feito de forma pouco lógica: de vez em quando aparece uma equipa com moto-serras e abatem umas quantas árvores, depois ficam semanas sem aparecer para voltarem com um ímpeto renovado de abate.
Por este andar tudo será infrutífero e será dinheiro muito mal gasto. As máquinas de apoio ao abate e todos os carros que, entretanto, se foram estacionando, no que anteriormente era uma zona relvada, estão a danificar o sistema de rega (outra despesa que pouco fruto deu pois não chegou a ser utilizado). E assim se gasta o dinheiro dos contribuintes e se piora a qualidade de vida das populações.
Florbela Veiga Frade, veigafrade@netcabo.pt"
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Nota final:
Por favor, que não haja confusão com o desbaste em curso, da responsabilidade da PSML, nalgumas zonas da Serra de Sintra. Apesar de ter suscitado a preocupação e crítica de nossos amigos, trata-se de um trabalho que está bem entregue, cuja correcção e alcance, o decorrer dos meses e dos anos se encarregará de esclarecer.
Tenho fotografias caso esteja interessado nisso. Com os melhores cumprimentosFlorbela Veiga Frade
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Na edição comemorativa do seu septuagésimo quinto aniversário, publicou o Jornal de Sintra, em 7 de Janeiro de 2009, um artigo de Edite Estrela, subordinado ao título Centro Cultural Olga Cadaval, caracterizado por evidente propósito de propaganda pessoal. A série de imprecisões que contém, merece os seguintes reparos:
Quanto às instalações:
- O auditório menor do CCOC não dispõe, como afirma a autora, de trezentos e cinquenta lugares mas, isso sim, de duzentos e setenta e seis. [Aliás, a propósito, conviria lembrar que:
- o edifício em questão, inaugurado a tempo e com a preocupação de poder ser invocado como «obra» da edil, só aparentemente, poderia ser considerado concluído, quanto mais não fosse, e, tão somente, na vertente mais conhecida, do grande auditório como sala destinada à apresentação de eventos musicais. A atestá-lo, o facto de, ao tempo, tal espaço nem sequer ter sido dotado da concha acústica, dispositivo cuja ausência teve como natural e fatal consequência a falta de qualidade sonora dos espectáculos ali levados a efeito, durante o período de tempo que mediou entre a inauguração e os cerca de dois anos que levou o actual executivo municipal a dispor da verba de cerca de cinquenta mil contos (duzentos e cinquenta mil euros) para suprir tal equipamento. Incrível mas autêntico;
- outra falha de concepção do projecto, que nem Edite Estrela nem os restantes Vereadores souberam colmatar, reside no facto de o edifício não dispor de uma adequada plataforma através da qual os veículos possam encostar para expeditas operações de cargas e descargas. Trata-se de uma falta de tal modo flagrante e importante que, enquanto não for reparada, compromete totalmente a rentabilidade comercial do grande auditório pela impossibilidade de receber produções internacionais de espectáculos de teatro, ópera, circo e de outra índole, que circulam em camiões TIR os quais, devido às suas avantajadas proporções, não têm qualquer hipótese de aproximação;
- tudo «isto» para além do clamoroso erro de não ter providenciado o parque de estacionamento adequado à capacidade do Centro que continua a causar os maiores problemas de segurança de pessoas e bens].
Quanto à figura da patrona:
- Exactamente por se tratar de um artigo de divulgação, dificilmente se aceita que a actividade mecenática da Senhora Marquesa de Cadaval, pela pena de Edite Estrela, tivesse sido circunscrita ao Festival de Sintra. Bastaria mais uma ou duas linhas para ter referido, por exemplo, apenas no âmbito musical, a sua inestimável actividade como presidente da Sociedade de Concertos de Lisboa, o acolhimento na Quinta da Piedade, sob sua responsabilidade pessoal, de músicos provenientes de países da Europa de Leste, o patrocínio de jovens músicos, etc;
- A Senhora Marquesa de Cadaval era natural de Turim e não de Veneza, como afirma Edite Estrela, certamente confundindo o facto de a família ter um palácio na cidade dos Doges, em pleno Grande Canal, e de ela própria ser descendente directa de sete dos Doges da ancestral família Mocenigo;
- A Senhora Marquesa de Cadaval, Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo (Turim, 17.1.1900 – Lisboa, 21.12.1996), faleceu com 96 anos e não com os 106 que Edite Estrela, com tanto desvelo, mas descuidadamente, lhe atribuiu. Afinal eram erros escusados. Bastaria ter consultado o «sítio» da Internet do próprio Centro Cultural Olga cadaval onde tudo está certo e conforme.
Também, relativamente à figura de Fernando de Sax Coburg-Gotha, Edite Estrela poderia ter evitado referir a origem bávara. Não é um erro crasso mas pode suscitar equívocos porque, em primeiro lugar, a Baviera de então não coincide com o estado federal bávaro dos nossos dias. Por outro lado, parte das propriedades familiares do príncipe insere-se, actualmente, na República da Eslováquia. Em termos mais gerais, não teria incorrido em equívoco se escrevesse ‘príncipe germânico’. Há, no entanto, quem prefira uma atribuição de sentido mais restrito, designando-o como provindo da região da Turíngia.
Lamentável é que alguém com a responsabilidade de Edite Estrela se permita tais descuidos. Nada disto é demais, nada disto é preciosismo, tudo isto se deve por respeito à verdade histórica e à memória de pessoas a quem Sintra tanto deve.
NB:
Um resumo deste texto, com o mesmo título, sairá amanhã na edição do Jornal de Sintra, na «6ª Coluna».
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Conforme previamente anunciado, eis o texto de Fernando Castelo, publicado no Jornal de Sintra de 15 de Junho de 2007. Como verificarão, mantém toda a pertinência e inscreve-se na linha de actuação de intervenção cívica que o autor nos habituou ao longo dos anos.
Fernando Castelo não se limite a denunciar uma situação - cujos contornos permanecem algo nebulosos - já que adiciona os elementos de informação indispensáveis à formação da opinião do leitor. Por outro lado, não se poupa ao apontar das incongruências dos destinatários implícitos e explícitos da sua denúncia, sujeitando-se aos incómodos que, naturalmente, esta tomada de posição suscita.
Por revelar e se inscrever num quadro de atitudes cívicas que se confundem com a dignidade, num tempo em que estes valores não colhem o favor da comunidade, muito me agrada poder dispensar, à transcrição do referido artigo, o espaço que merece, neste blogue que se reclama de tais princípios.
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Sintra: altos e baixos…
A MODA DA BIOMASSA
Com certa estranheza, a Câmara Municipal de Sintra, SMAS, HPEM e Agência Municipal de Energia de Sintra (AMES) assinaram um elevado investimento numa Central de Biomassa, diz-se que junto ao IC19, precisamente numa freguesia onde obras sociais e culturais não são feitas por alegada falta de dinheiro.
Para esclarecer os fregueses, o mínimo a esperar da Junta de S. Pedro – ao que se sabe, mantida à margem – seria o pedido imediato de explicações sobre as matérias a utilizar, níveis de ruído, estudos de impacte ambiental, protecções contra cheiros e emissões poluentes e suporte técnico da localização, sabendo-se que os ventos predominantes sopram no sentido da Abrunheira, Manique e Beloura.
Apenas o PS, ao apresentar uma Moção na Assembleia de Freguesia de 30 de Abril, onde se exigia a “Discussão Pública” do Projecto e o “conhecimento imediato aos órgãos de comunicação social do concelho”, deu o primeiro sinal para que as populações soubessem do que se está a passar.
Com a Moção aprovada e outras dúvidas apresentadas, o Presidente da Junta pediu e recebeu da AMES alguns esclarecimentos, cuja leitura atenta justificaria a defesa da saúde e bem-estar dos moradores.
Aquando da assinatura, a ênfase do Presidente da Câmara foi para a valorização energética pela combinação do uso de resíduos florestais e de lamas. Todavia, nos documentos enviados à Junta: - A AMES considera “em 1.ª instância apenas a utilização dos resíduos florestais existentes na Serra de Sintra e nas demais áreas florestais do Concelho” e pressupõe a “possível utilização dos resíduos florestais (…) de concelhos vizinhos” bem como “a incorporação de uma percentagem máxima de 20% de lamas secas provenientes das ETAR adstritas aos SMAS de Sintra”.
Mais à frente, a AMES cita “11 ETAR localizadas na parte norte de Sintra”, alude ao “aproveitamento das lamas do futuro tratamento secundário da SANEST” e termina com a discreta indicação de que “também as lamas da digestão anaeróbia a ser instalada em Mafra poderão ser utilizadas para fins energéticos”. Prevê ainda “a possibilidade de produzir RDF (Refuse Derived Fuel) obtido através da fracção orgânica dos Resíduos Sólidos Urbanos”. Ou seja, o RDF é combustível retirado do lixo.
Uma nova versão parece contrariar o que foi dito pelo Presidente da Câmara. Com efeito, em notícia publicada no DN de 28 de Maio, o representante da AMES deixa uma certa ambiguidade sobre a utilização de lamas, quando diz: “na solução técnica esta não estava prevista”.
Mais, na mesma notícia lê-se: «Para o director da AMES, uma coisa é certa: a população abrangida pela central só deverá ser informada “a partir do momento em que houver certezas”». Em que País vivemos?
À margem da realidade, surgiram declarações do Presidente da Junta segundo as quais não existem “motivos para preocupação”, “não produz poluição” ou “até ver não há nada contra a central”. Será que já está suficientemente esclarecido?
Declarações mais demagógicas, parecem querer transformar uma Central de Resíduos e Lamas de ETAR – susceptível de gerar matéria poluente primária que se dispersa à sua volta – numa miragem de emprego para os “230” desempregados da Abrunheira. Nem mais!
Combustão da Biomassa emite gases poluentes para a atmosfera. O perigo maior não está na biomassa, agora em moda mas publicitada com o conceito intrínseco do aproveitamento dos resíduos vegetais, mas sim nas perspectivas de utilização alargada a lamas ou resíduos sólidos urbanos, onde se misturam desperdícios humanos, químicos e óleos por vezes tóxicos.
Nos EUA, onde a utilização da biomassa está muito desenvolvida, as fontes de combustível são de origem vegetal: resíduos e desperdícios agrícolas, árvores, plantas de crescimento rápido ou infestantes. Iguais conceitos aplicam-se no Canadá, China e Áustria (neste País 46% do território são florestas). Quanto às lamas das ETAR (sewage) raramente as utilizam, devido aos custos com a descontaminação.
Por cá, sendo a Serra de Sintra limitada nos recursos vegetais (não é comparável à Áustria) e admitindo a não replantação de acácias, é imperativo um Plano de Substituição das fontes geradoras de energia. Por isso, devemos estar alerta para a tentação de, noutra altura, as lamas passarem a ser utilizadas na queima, satisfazendo interesses financeiros dos SMAS que pouparão nos custos com transporte para aterros e terrenos agrícolas, à custa dos perigos a que as populações próximas podem estar sujeitas.
Também a inclusão da HPEM, empresa que recolhe e transporta Resíduos Sólidos Urbanos, não poderá ter sido por acaso, tendo em conta o que foi transcrito do documento da AMES. Quem sabe se depois das lamas ou concomitantemente com elas, não teremos Resíduos Sólidos Urbanos incinerados. Os negócios do lixo valem milhões, pelo que devemos estar atentos a quem queira vender gato por lebre.
Gente “amiga” da Abrunheira
A avaliação serena deste protocolo, levanta imensas questões que não podem ser desvalorizadas. Desde já, localizando-se as fontes geradoras de energia no outro lado da Serra, como se justifica a construção de uma Central deste tipo junto à principal entrada de Sintra, numa zona com largas perspectivas de evolução residencial ou hoteleira que possam responder às carências da Vila?
Existindo outras zonas industriais, até mais perto das fontes de energia, possivelmente a permitir transportes menos onerosos, logo a sorte de um “interessante (…) terreno afecto a uma empresa integrada na zona industrial da Abrunheira”, que consta na “Análise Económica Prévia” pelo valor de 1.750.000 € (5000 m2 a 350 €/m2), ser considerado para a instalação da Central de Biomassa... Não deixa de ser interessante o gosto pela Abrunheira por parte de quem reside noutras paragens.
A propósito deste tema, recorde-se que nos concelhos de Oliveira de Azeméis, Arouca e Vale de Cambra, 16 Presidentes de Juntas – certamente bem esclarecidos – subscreveram um abaixo-assinado contra a instalação de uma Central de Biomassa, por desconfiarem dos materiais de queima a utilizar.
Todos temos o dever e o direito de nos preocuparmos com o desenvolvimento deste projecto, tendo ainda em conta que não esquecemos o que se passou com a construção do posto de combustível.
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Nota:
Tomar a árvore pela Floresta, ontem publicado neste blogue, acerca do desbaste florestal em zonas afectas à Parques de Sintra Monte da Lua é o texto que, para todos os efeitos, permanece para análise e comentário dos leitores.
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Contra todos os ditadores
O sábado não costuma ser dia de publicar textos neste blogue. A excepção deve-se à circunstância de, no Centro Cultural de Belém, subir hoje à cena a ópera Der Kaiser von Atlantis, na produção do Estúdio Ópera, acerca da qual escrevi um artigo, publicado no Jornal de Sintra em 19 de Setembro de 2008 e no sintradoavesso reproduzido nos dias 17, 20 e 23 do mesmo mês, que considerei conveniente reproduzir.
Permito-me aconselhar os leitores e amigos interessados a não desperdiçarem a oportunidade de assistir a uma das récitas previstas para hoje e amanhã. Trata-se de um verdadeiro acontecimento cultural cujos contornos o inserem no quadro dos eventos subordinados ao Ciclo O Nazismo e a Cultura em curso no CCB.
Eis a transcrição integral do referido texto:
O Imperador da Atlântida
De vez em quando e sempre que, em determinados lugares, a conjuntura foi propícia, o Homem deixou-se enredar no novelo de contradições que teceu para evidenciar aquilo que de pior o seu génio é capaz. Ainda hoje, apesar de tanto tempo já passado, depois de tantos estudos, artigos e ensaios publicados, continua a causar a maior perplexidade o que, apenas há umas décadas, aconteceu em pleno centro civilizado e sofisticado deste velho continente.
Entretanto – valha-nos isso – a verdade é que, após todo o horror que a besta humana concebeu, montou e produziu, se gerou um tal incómodo e de tal modo incomensurável que tem constituído o lastro bastante para um permanente alerta contra quaisquer sinais susceptíveis de suscitar movimentos de empatia, e até de simpatia, por monstruosidades tão penosas e radicais.
Tudo isto a propósito de, finalmente, já em pleno século vinte e um, ter subido ao palco a primeira produção portuguesa da ópera Der Kaiser von Atlantis oder die Tod Verweigerung (O Imperador da Atlântida ou a abdicação da Morte) de Viktor Ullmann (1898-1944), no Convento dos Capuchos, perto da Costa da Caparica. Assisti, no passado dia 13, a uma das duas récitas programadas, não tendo a menor dúvida em afirmar ter-se tratado de um evento cultural da maior relevância.
O holocausto, lembram-se?
Para que tenhamos parâmetros correctos de acesso ao que aconteceu no passado sábado, naquele poético ermo da outra banda, convém não esquecer, mesmo considerando a Arte em geral, que dificilmente se encontra obra tão marcada pelas vicissitudes subsequentes à implantação do nacional-socialismo germânico e, em particular, da execrável expressão e dimensão da sua vertente anti-semítica.
Certamente, já terão lido ou ouvido falar sobre o campo de concentração de Theresienstadt (actual Terezin, a Norte da República Checa) que os nazis conceberam, com o intuito de mostrar ao mundo como, afinal, podia ser razoavelmente agradável a vida de quem estava confinado num tal lugar, onde até as artes se cultivavam… O comando SS chegou ao ponto de produzir um filme intitulado Der Führer schenkt den Juden eine Stadt (O Führer oferece uma cidade aos Judeus) em que os prisioneiros foram obrigados a participar, utilizando cenários com fachadas de prédios, com lojas, cafés e bancos em tromp-l’oeil, tendo mesmo construído um teatro ao ar livre.
Der Kaiser von Atlantis é uma obra concebida em Theresienstadt, para ali ser representada, cuja música e libretto se devem, respectivamente, ao compositor Viktor Ullmann e ao artista plástico Peter Kien, ambos ali internados. No entanto, jamais seria levada à cena durante aquele negro período porque, em Outubro de 1944, por ocasião dos ensaios, o comando local cancelou o projecto em virtude do tema, inequivocamente anti-hitleriano. Os autores tiveram o destino que seria de esperar. Imediatamente transferidos para Auschwitz, lá morreram nas câmaras de gaz.
Com cerca de uma hora de duração, a ópera está estruturada em quatro cenas, prelúdio e dois intermezzi dansados. A distribuição instrumental compreende um quinteto de cordas, flauta, oboé, clarinete, saxofone alto, trompete, percussão, banjo tenor e teclado (cravo, piano, harmónio), exigindo um total de treze intérpretes, uma formação de câmara, naturalmente, também de acordo com as disponibilidades de origem.
Em relação aos autores, lembremos Pieter Kien que era, fundamentalmente, arquitecto e pintor, bastante mais jovem que o compositor. Tendo sido aluno de Schönberg, a partitura de Ullmann denuncia muito mais a influência de Stravinski ou de Kurt Weil e, também facilmente detectável, a de Mahler, nos citados intermezzi, na ária do Arlequim, no início da obra, na cena de Arlequim e do tambor e, por fim, na ária da Morte.
Independentemente das contingências que enquadraram a sua composição, dotada de uma hábil mistura de estilos e de um infalível sentido dramático, Der Kaiser von Atlantis é obra absolutamente notável e, como se verificou com a plateia dos Capuchos, capaz de produzir um extraordinário efeito no público espectador que, mesmo conhecedor prévio das suas linhas de força, não deixa de levar um autêntico murro no estômago.
Os fios da teia
Desde as primeiras notas – sol, ré bemol, mi bemol, la – que há história para contar. Tocadas em solo de trompete, são sons arrancados à célebre sinfonia Asrael, que Josef Suk compôs imediatamente após a morte de sua mulher, filha de Anton Dvorák. A partir de então passou a ser frequentemente interpretada, por altura da morte de alguma importante personalidade checa. Nesta ópera, aquelas quatro notas constituem o tema da Morte.
Temos o Arauto-Altifalante, que anuncia o título da ópera, as personagens e o tema: desgostosa, a Morte inicia uma greve não autorizando que alguém morra. Entretanto, o Arlequim, profundamente desiludido, não pode continuar a fazer rir seja quem for e deseja morrer. A Morte recorda os bons velhos tempos em que a guerra era espectacular, coisa bem diferente das legiões auto transportadas da actualidade. Em nome do Imperador da Atlântida, o Tambor proclama a guerra universal, numa ária cuja introdução é uma paródia ao Deutschland über alles, em tom menor.
E, muito rapidamente, tudo se desenvolve com uma enorme economia de meios e em ambiente de grande contenção. Assiste-se ao desespero do Imperador perante a impossibilidade da morte de quem quer que fosse, mas continuando a conduzir as operações a partir do palácio, sempre ao telefone, cena esta antecedida pelo intermezzo em ritmo de ländler, lembrando o passado vienense do compositor.
Durante a batalha, face a face, estão um Soldado e uma Rapariga que, apesar de inimigos, não conseguindo matar-se um ao outro, acabam por se apaixonarem. Embora muito se esforce, o Tambor não motiva o Soldado para a guerra. Outro intermezzo, agora lento e fúnebre, conduz-nos ao encontro do Imperador que, ao verificar não lhe devolver o espelho a sua mas, isso sim, a imagem da própria Morte, cede à proposta desta, que estaria disposta e pronta a cumprir o que dela se esperava na condição de ser ele a primeira vítima.
À guisa de avaliação
Estava cheio o auditório ao ar livre montado no adro da capela do Convento dos Capuchos. Toda a gente percebeu que, nesta co-produção, o Ginásio Ópera não poderia ter encontrado melhor interlocutor e parceiro que a Câmara Municipal de Almada para a impecável concretização do projecto. Mais um excelente crédito para o município, cuja actividade cultural é perfeitamente exemplar, bem se destacando em relação à indigência geral.
Este evento foi concebido e acolhido no âmbito das comemorações dos 450 anos do Convento, um dos mais importantes edifícios históricos de Almada e, inequivocamente, verdadeiro ex-libris do concelho. Aliás, durante a récita, atestando quanto a iniciativa fora do interesse do município, esteve presente a Presidente do executivo autárquico, Dra. Maria Emília Neto de Sousa, cuja actuação no domínio da Educação e da Cultura, tem sido positivamente saudada por observadores de todos os quadrantes.
Na realidade, estão de parabéns. Tudo impecavelmente organizado. Havia tradução simultânea, a partir do texto original alemão, da qual se encarregou João Maria de Freitas Branco, professor, filósofo, verdadeiro polivalente, já que, para além de Presidente do Ginásio Ópera, também se responsabilizou pela encenação e concepção cénica, evidenciando momentos muito bem conseguidos, através de uma criteriosa e original selecção de imagens, muito bem articuladas com a acção, numa cabal demonstração da correcção e profundidade da sua leitura.
A direcção musical, de Jean Sebastien Bereau, revelou-se eficaz e escorreita. Quanto à interpretação, a cargo do baixo João Oliveira, no Arauto, dos barítonos Luís Rodrigues e Pedro Correia, respectivamente, no Imperador e na Morte, de Madalena Boleo, meio soprano, no Tambor, Teresa Cardoso Menezes, soprano, a Rapariga e Mário João Alves, tenor, assegurando as personagens do Arlequim e do Soldado, esteve perfeitamente à altura das características e exigências da obra. E de sinal positivo também a intervenção do corpo de baile da Associação Gestos.
Por fim, realizou-se um colóquio orientado pela última detentora do Prémio Pessoa, Irene Pimentel e, igualmente, por João Maria de Freitas Branco onde houve oportunidade de expressar quanto a específica temática do holocausto continua presente, forte e sempre dinamizadora, não só de participação cívica, mas também em todos os domínios afectos ao debate académico, científico e artístico.
Sintra, a propósito
Então e Sintra? O que tem Sintra a dizer acerca disto? Sintra até nem teria de ficar envergonhada perante este autêntico florilégio de sucesso cultural de Almada. Quem não tiver memória curta recordará que, no Verão de 2005, por ocasião da inauguração da exposição do espólio do pintor judeu alemão Erich Kahn, a Dra Maria Nobre Franco, então directora do Museu de Arte Moderna de Sintra-Colecção Berardo, promoveu um recital de peças musicais da autoria de compositores perseguidos pelo nazismo alemão, por exemplo, Gideon Klein, Ullmann, Schulhoff, cuja obra foi considerada degenerada.
Pois é. A Dra Maria Nobre Franco, como sabem, é uma grande senhora a quem a Cultura em Portugal muito deve, sabe do seu métier, enfim, não é uma qualquer anónima pendurada no cartãozinho, como esses que, aí pelo burgo, vão ocupando os lugares de direcção das casas de Cultura, que deviam dar competentes sinais mas não cumprem capazmente as suas obrigações de produtoras de artefactos. Todavia, tendo feito o que considerou estar ao seu alcance, não conseguiu que, na altura, a Câmara Municipal de Sintra, institucional parceira no referido museu, promovesse o recital através dos meios habituais. E, assim sendo, estavam aí umas trinta pessoas ocupando o grande auditório do Centro Cultural Olga Cadaval. Cuja lotação é de cerca de mil lugares…
Ao contrário da Câmara Municipal de Almada, empenhada na coisa cultural – não perdendo oportunidade, como esta com o Ginásio Ópera, transformando um acontecimento cultural concelhio num caso que teve ecos nacionais – Sintra está bastante doente e não revela melhoras. Querem outro exemplo? Disseram-me que, na tarde do passado domingo, lamentavelmente, a récita da ópera Bastien e Bastienne, de W.A. Mozart, esteve longe de esgotar os pouco mais de duzentos e cinquenta lugares do pequeno auditório. Elucidativo? Bem, para além de lamentável, consegue ser deprimente…
Tenho a impressão que seria caso para propor aos responsáveis, a promoção de um protocolo envolvendo a possibilidade de estágios do pessoal sintrense nos serviços culturais da Câmara Municipal de Almada…
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Amigos,
Vão até Belém. Perder a oportunidade de assistir a este espectáculo é um luxo que ninguém deveria permitir-se. Portanto, só posso desejar-vos boa récita.
PS:
Como este é um fim de semana em que, decididamente, abri a porta à excepção, de igual modo vos aconselharia que amanhã não perdessem a leitura de um artigo da autoria de Fernando Castelo, sobre a problemática da biomassa, publicado pelo JS em 15.06.07.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Tomar a árvore pela floresta
Acabado de regressar de Salzburg, tinha a caixa do correio electrónico cheia de mensagens que amigos e conhecidos me enviaram acerca do desbaste de árvores em curso, promovido pela Parques de Sintra Monte da Lua, nalgumas das zonas onde tal intervenção se revela pertinente.
Já não é a primeira nem segunda vez que me pronuncio sobre a questão e, como não tenho elementos novos que, eventualmente, pudessem conduzir à alteração da posição que tenho observado em relação aos trabalhos afins – conduzidos sob orientação do Engº Jaime Ferreira, no quadro do plano traçado pela Administração da empresa – mantenho integralmente o que subscrevi em tempo oportuno.
Entretanto, não gostaria de perder a oportunidade para expressar o que se me oferece acerca das últimas notícias. Tudo me leva a considerar que alguns cidadãos terão manifestado uma preocupação que, naturalmente, saúdo com o maior regozijo pelo manifesto de interesse de intervenção cívica que denota, cuja pertinência, contudo, será discutível.
Acontece que, depois de décadas de criminoso abandono, o inadiável e absolutamente indispensável desbaste parece estar a assumir uma escala e proporções desconformes com o carácter técnico da intervenção. Apenas isso. Tratar-se-á de uma aparência, susceptível de eventual choque num observador tão curioso e preocupado como menos preparado.
Ao fim e ao cabo, não passará de impressão, decorrente da normalização de uma situação, a partir da qual seja possível a eficaz gestão das zonas florestais em apreço, através de subsequentes, futuras e periódicas intervenções que, nunca mais, exigirão o actual e, eventualmente, impressionante volume.
Durante dezenas de anos nada se fez para suster o problema que, só actualmente, está sendo sistematicamente encarado. Enfim, era suposto que, logo depois da constituição da PSML, há quase dez anos, se tivesse começado a atacar adequadamente as nefastas consequências de tanto e escandaloso desleixo. Infelizmente, o biólogo e primeiro gestor da empresa tinha prioridades outras, como bem demonstrado ficou pela obra deixada…
Para finalizar, gostaria de opinar que, no quadro dos excelentes serviços que vem prestando à comunidade, no âmbito da salvaguarda, recuperação e manutenção do património natural e edificado sob sua administração, bom seria que, para evitar este e outros mal entendidos, os actuais gestores e técnicos da PSML privilegiassem uma estratégia de comunicação adequada às intervenções.