[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 30 de abril de 2013




Diálogo no Parlamento,
problemas de correcção


Durante a primeira sessão da Comissão de Inquérito acerca dos contratos de financiamento com recurso a SWAPs, desta tarde no Parlamento, o ex-Secretário de Estado Fernando Pina, certamente perturbado, aludiu a condição de «membra» do governo de Maria Luísa Albuquerque...

Este é daqueles erros que - garanto eu, que devo saber alguma coisa acerca do a
ssunto - não podem ser considerados como um qualquer ou mero 'lapsus linguae'. Não, meus senhores, isto é ignoranciazinha, pura e simples, é um lapso filho da falta de educação de base.

E é-o, com responsabilidade repartida pela família de origem e escola que frequentou, revelando falta de leituras, dos mais diferentes géneros, enfim, resulta de um bem caracterizado conjunto de deficiências socioculturais, em que apenas algumas, muito residuais, podem ser imputáveis ao falante.

Apenas chamo o episódio à colação por ser grave que governantes, profissionais da comunicação social e similares, apresentem tão flagrantes dificuldades de expressão. Coloca-se a questão do exemplo e, nessa perspectiva, impõe-se toda a denúncia sem qualquer tibieza.

Vem a propósito lembrar o que, por exemplo, aconteceu com Clara Ferreira Alves que, há uns anos, em pleno debate televisivo com o Prof. Doutor David Justino, então Ministro da Educação, se viu obrigada a emendá-lo quando o senhor disse «interviu», em manifesta errada conjugação do pretérito perfeito do indicativo do verbo intervir...

Passam-se os anos e, infelizmente, não encontro razões para alterar a minha opinião de que as coisas não só vão, como continuam de mal a pior. «Membra»? Que horror! Basta!
 
 
 



Yefim Bronfman
Gulbenkian, 30 de Abril, 2013

 


Hoje, no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, um recital de piano com um dos grandes pianistas da actualidade. Não encontrei nos meus papéis qualquer referência a uma sua eventual prévia passagem por Portugal. Tive o cuidado de confirmar porque, embora com a quase certeza, já que eu próprio não estivera em qualquer evento com Yefim Bronfman, nem em Lisboa nem noutro qualquer lugar do país, isso podia ter acontecido. Embora passe a vida nos auditórios musicais, estarei longe de fazer o pleno…

Porém, já tive oportunidade e o grande privilégio, em Salzburg, de presenciar prestações suas numa ou noutra modalidade, ou seja, quer em recital, quer em concerto. E, em qualquer das circunstâncias, sempre me ficou a melhor das impressões, em especial no reportório brahmsiano. Igualmente em Rachmaminov e Prokofiev são do mais alto nível os seus créditos.

Técnica extraordinária, uma sensibilidade controladíssima, sofisticação inquestionável, uma relação singular com o instrumento, a discrição e humildade dos grandes, um fantástico intermediário da vontade mais remota dos compositores, eis algumas das características de Bronfman que, mais logo, ao serão na Gulbenkian, todos ganharão. O homem é um verdadeiro portento.

Do programa, constam, de Joseph Haydn, a Sonata em Dó Maior, Hob. XVI:50, de Johannes Brahms, Sonata no. 3, op. 5 e, finalmente, de Sergei Prokofiev, a Sonata no. 8, op. 84. Poderão calcular a pena com que, devido à minha imobilidade forçada, dispensei mais este meu bilhete? Provavelmente não. Por muito familiar que Bronfman me pudesse ter sido no passado recente, jamais a quantidade das minhas referências directas com o pianista, justificaria qualquer menor desgosto…

Dentre algumas alternativas, decidi propor-vos este excerto do Scherzo da Sonata para Piano No. 3 em Fá menor, Op. 5 de Johannes Brahms, cuja curtíssima duração não vos impede de uma avalizção coincidente com as impressões, também tão sumárias que acima vos passei.


Boa audição!

http://youtu.be/tFFlPftync0



 


Autárquicas,
etica nas eleições
 



Pelo facto de se prever ou, inclusive, de já se saber que alguns dos Senhores Vereadores de muitas das Câmaras Municipais deste país, incluindo a de Sintra, se candidatarão a um futuro mandato, no seu ou em diferente enquadramento partidário, tal não significa que a sua permanência em funções colida com qualquer negativo quadro sancionatório ou constitua factor de diminuição das suas prorrogativas.

Quando muito, poder-se-ia colocar a questão de, eventualmente, incorrerem tais pessoas em atitude eticamente reprovável, por exemplo, a do aproveitamento do período em que o autarca deve prestar exclusivo serviço aos munícipes para qualquer atitude enquadrável no conceito de pré-campanha eleitoral ou, ainda, utilização das viaturas de serviço para o mesmo efeito.

Trata-se, aliás, de uma bem conhecida e velha questão que, desde sempre, os cidadãos atentos têm colocado a todos os candidatos a futuros mandatos, mas que ainda permanecem no exercício de funções, sejam quem forem, desde o PR ao PM aos autarcas.

Neste, como noutros casos congéneres, temos o direito de exigir uma conduta legal e eticamente irrepreensível bem como, em conformidade, esperar que funcionem a contento, tanto as entidades cujo perfil de actuação passa pelo controlo da legalidade de tais comportamentos, como os cidadãos na sua desejável, permanente e inestimável atitude cívica.

Assim o determinam, não só os princípios do Estado Democrático de Direito mas também os próprios valores da República, património cultural que tanto nos orgulha como um dos mais nobres legados dos tempos clássicos.
 


 

domingo, 28 de abril de 2013






Mozart, Requiem, Lachrimosa,
vale tudo?


Já não consigo localizar em que contexto aconteceu nem sequer identificar o autor da proeza. Sei que foi muito recentemente e, de certeza, no facebook. Fixei o episódio porque se relaciona com a utilização do conhecidíssimo segmento Lachrimosa, do Requiem em Ré menor, KV. 626 de Mozart, ao qual eu próprio acabara de recorrer quando, no passado dia 24 de Abril, tinha lembrado tratar-se da peça de referência de Khatia Buniatishvilli, jovem pianista que participará na próxima edição do Festival de Sintra.

Lamentavelmente, o protagonista do dislate agora partilhado, será alguém que, tanto desconhece as regras do bom senso e do bom gosto, como também ignora existirem implícitos limites deontológicos à utilização dos artefactos culturais que, de algum modo, pressuponha a sua descontextualização e articulação com realidades mais ou menos próximas do seu enquadramento original.

Permitindo-se extrair o mencionado Lachrimosa do contexto de uma obra máxima, não só da Música mas também de toda a cultura universal – peça que obedece ao Ordinário da Missa Católica de defuntos, que o católico e maçon Mozart não conseguiu terminar, nela tendo trabalhado no leito de morte – o «artista» deve ter achado imensa graça ao propor a sua audição subordinando-a a o título «A Lacrimosa do “divino” Mozart pelo desgoverno!!!» Como título, até é um bocado atabalhoado, apressado. Concluíu, precipitada e apressadamente, que, tratando-se de peça «fúnebre», poderia brincar com ela, afectando-a ao momento político actual…

Enfim, com o objectivo de não sofisticar demasiado o caso, até nem vou valorizar devidamente o facto de ter utilizado erradamente aquele inicial artigo definido feminino singular. É que não passa de mera insignificância se comparado com a ousadia de relacionar o Lachrimosa com o desgoverno da situação política em que nos encontramos, atitude que não pode deixar de se classificar como manifesta brincadeira de mau gosto…

Dispenso-me de entrar em detalhes sobre o Requiem, em geral, ou acerca do Lachrimosa em particular, neste caso de WAM. Quem sabe do que se trata, percebe perfeitamente que o mesmo escreveria eu se, por exemplo, se relacionasse com os de Bontempo, Verdi, Fauré ou Penderecki. Um parêntesis para um conselho. Se, por acaso, o autor da atitude vier a ler estas linhas e considerar que ainda será tempo para aprender alguma coisa sobre a obra-prima de Mozart, aconselharia a bibliografia mais afim de Robins Landon.

Espero bem não confundam esta minha opinião como contrária à iconoclastia. De modo algum! Com o iconoclasta, eu aprenderei sempre e até sou capaz de dar saltos no tempo. Mas, homens e mulheres livres que são, podem considerar que, ao contrário do que afirmei, não há qualquer deontologia, que são totalmente livres para usar, abusar e perverter todo e qualquer objectivo autoral, sem que se obriguem ao trabalho de acautelar interpretações ínvias.

Deixem que, no entanto, vinque bem a minha opinião de que o caso vertente, relativo à atitude de alguém que jamais será um iconoclasta, apenas teve a virtude de propiciar esta partilha de ideias que, assim queiram, pode continuar, aí desse lado…

Finalmente, ainda com o propósito de tornar presente, ou seja, recordar o carácter e ambiente da peça, eis uma gravação com proposta de uma tradução do texto para Inglês.

Boa audição!

http://youtu.be/JE2muDZksP4
 


 

sábado, 27 de abril de 2013





Em Sintra,
Gloria à amizade


Curioso que, no mesmo dia de ontem, através de mensagens escritas, e cada um à sua maneira, dois amigos de Sintra, tivessem evidenciado a minha qualidade de homem de Fé e de católico. À luz dessa vertente, julgo que os amigos tentam perceber como, sujeito a restrições e limitações tão determinantes, tenho vindo a aceitar e a aproveitar este período tão singular da minha vida.

Pois bem, ainda de modo mais inequívoco, julgo que entendem ser, igualmente, no contexto religioso que, hora a hora, sou confrontado com a necessidade de abdicar, desde os mais simples aos mais complexos projectos, propósitos, objectivos, que parecia terem uma garantia inequívoca de concretização, quer imediatamente quer no futuro mais ou menos próximo e que, de facto, não tinham. Bastou uma tão desastrosa como providencial queda para o demonstrar…

Respondi às mensagens, instantaneamente, naquela cópia de elementos que todos reconhecem no meu estilo, mas com a mais sincera gratidão, pelo cuidado com que aqueles dois homens, conhecidíssimas figuras de Sintra, assoberbados com trabalho de toda a ordem, mesmo assim, ainda têm tempo para se preocuparem com este temporário inválido. Mas respondi, sem que logo reconhecesse como, em mim, calava a importância da referência de ambos ao ser religioso que afirmo como privilégio constante.

Percebi-o, muitas horas passadas, já de madrugada, durante aquele período em que o pensamento é mais fresco e límpido. Dos meus amigos, regressavam as palavras, água imensa, em ondas de cadência certa. E, no doce desassossego das ideias que se espraiam em rede, sem limites, derramava-me numa vontade de dar graças que ia coincidindo com temas musicais, textos, imagens, num hino à Criação.

E, como tantas vezes acontece, acabei a rezar o ‘Gloria’, com vontade de partilhar a mais jubilatória das orações, através da música. Haydn impõe-se-me. Tal como eu, apreciadores da grande música, sei que aqueles meus dois amigos, me acompanham neste Gloria da Missa No. 13 em Si bemol Maior,  Schöpfungsmesse (Missa da Criação) H. 22/13. E vós que, independentemente das crenças religiosas, também não dispensais um momento musical excepcional? Também estão connosco?

Boa audição!
http://youtu.be/MlGC66ClqUk
 

quinta-feira, 25 de abril de 2013



Cartaz de Abril,
história de Abril



O cartaz reproduzido no postal foi resultado de um concurso nacional promovido pelo Ministério da Educação, no âmbito das comemorações do quinto aniversário do 25 de Abril, que tiveram Vasco Lourenço como coordenador geral.

Na altura, era eu membro do gabinete da Dra. Alice Nobre Gouveia, então Secretária de Estado dos Ensinos Básico e Secundário. Fui indigitado como representante do Ministério para integrar a Comissão Nacional, onde tive contactos interessantíssimos, dentre os quais gostaria de destacar o Pintor João Vieira que, por seu lado, representava o Secretário de Estado da Cultura, Dr. David Mourão Ferreira, além de vários Conselheiros da Revolução como o próprio Vasco Lourenço, que já conhecia, e Pezarat Correia.

De qualquer modo, a minha especialíssima memória desse trabalho, prende-se com a possibilidade que, à minha medida, tive de fazer justiça a um homem de quem continuo a guardar um respeito intocável. Tinha sido Director-Geral mas, devido ao seu manifesto enquadramento de esquerda, acabara mais ou menos saneado, para ocupar uma «prateleira dourada» na então Inspecção Geral da Educação.

Pois, para Presidente do júri do referido concurso, tive o enorme privilégio de propor, e de ver despachado favoravelmente, o nome do Prof. José Maria Noronha Feyo. Não foi fácil, tive de justificar a minha «ousadia», pessoalmente e por escrito. Naturalmente, o meu melhor argumento passou por afirmar que não fosse pertinente a minha proposta, então o 25 de Abril não tinha valido a pena...

O Noronha Feyo, sabe quem o conheceu, era um esteta, um diletante, na mais genuína acepção do termo, um homem perfeitamente à altura do trabalho para o qual me ocorreu propô-lo e que, de facto, constituiria pretexto e factor decisivo para a sua «reintegração» de tal modo que os serviços pudessem continuar a beneficiar do seu enorme saber.

O cartaz que acabou por vencer o concurso nacional, sob a presidência de Noronha Feyo, foi inequivocamente considerado de excepcional qualidade. Aí está a sua reprodução, em formato diminuto. E, para que conste, uma história que pude contar na primeira pessoa e que bem quadra nesta efeméride.
 



Salgueiro Maia,
eu, tu, nós


“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”

[Salgueiro Maia - na noite 25 de Abril de 1974 - Escola Prática de Cavalaria - Santarém]



De facto, muito raros são os homens capazes de protagonizar este tipo de atitudes.

Aquilo que estamos a fazer nesta efeméride, ou seja, partilhar imagens de memórias, desfilar pela Avenida da Liberdade, encontr
ar gente que vibra connosco e se emociona perante o olhar da criança desafiando o futuro, os cravos em casa, nas lapelas, tudo isto é lindo mas pouco, muito pouco se não passar disto.

Honrar o legado de Salgueiro Maia é perceber que o discurso e a atitude na Escola Prática de Cavalaria, não foi coisa isolada, naquele tempo de ignomínia, que era preciso mudar. Não, tem de ser replicada por cada um de nós, em cada local de trabalho, onde deixámos que se acumulassem razões de queixa, numa tal escala, que voltámos a estar perante um estado de coisas absolutamente insuportável.

Estamos num tempo em que urge voltar a agir. Já foi ultrapassada a fasquia da dignidade.


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Eis a transcrição de uma troca de comentários no facebook subsequentes à publicação do texto supra:

 

João De Oliveira Cachado Como é que, por exemplo, os Maçons do GOL, Maçonaria Portuguesa, podem comemorar Abril, com a dignidade de que são capazes, se não actuarem, como é suposto e inadiável, em relação à própria liderança do Grao Mestrado da Augusta Ordem? Lembrar Salgueiro Maia, colocar o seu retrato no mural do facebook, é afirmar que se está disposto a actuar como ele. Cabe perguntar, enfaticamente: Estará mesmo?

  • Antonio Cazal-Ribeiro Não creio que a Maçonaria, enquanto instituição, possa actuar por si no mundo profano. Deverão ser os Maçons individualmente a fazê-lo, por sua conta e risco.

  • João De Oliveira Cachado Como terá entendido, ao escrever o comentário supra, estava eu a interpelar os Maçons que, suposta e consequentemente, deveriam agir, dentro do GOL, no sentido da fraterna interpelação ao seu GM, cuja actuação, no mundo profano, como Presidente do Conselho de Administração do grupo Galilei, herdeiro da SLN-BPN, tem sido tão controversa.

  • Antonio Cazal-Ribeiro Que se saiba, não pendem quaisquer suspeitas ou acusações criminais ou outras sobre o senhor. Mas sim, esse é um assunto interno!

  • João De Oliveira Cachado Sobre o senhor pode não pender qualquer acusação criminal. Aliás, julgo que, muito dificilmente, incorreria ele em ilícito susceptível de ser criminalmente demandado. A Revista "Visão", ao seu nível de divulgação generalista, não tem feito mau trabalho no sentido de dar a entender como a sua atitude de gestor é controversa. Não assume a dívida de mil e trezentos milhões da SLN, pretende responsabilizar a Galilei apenas por cento e poucos milhões, enquanto continua a negociar com o Ministério da Saúde o fornecimento de serviços, por empresas do mesmo grupo Galilei, que, no ano transacto, permitiu praticar um chiffre d'affaires de cerca de cinquenta milhões... No mundo profano, ou seja, em família, no desempenho de funções na sua vida profissional, como sabe, o Maçon só pode ser irrepreensível. Tal significa que, por exemplo, na condução dos negócios, ainda que não cometa crimes, não pode causar reparo susceptível de sanção negativa, tem de ser tão impecável como qualquer homem de negócios deve ser e, ainda mais, porque jurou ser fiel a uma série de princípios e de valores da máxima exigência moral e ética.

  • Antonio Cazal-Ribeiro sim,sim...uma intreressante discussão que não pode ser tida neste forum. Mas em termos gerais, posso dizer que subscrevo o que diz.

  • António Fernandes Lourenço Caro João de Oliveira Cachado: gosto profundamente, das suas palavras, salientando: ""ser fiel a uma série de princíipios e de valores da máxima exigência moral e ética".
  •  



     



    Foto: “Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”

Salgueiro Maia - na noite 25 de Abril de 1974 - Escola Prática de Cavalaria - Santarém.

     
     
    Vida na Crista da Onda


    Nem os capitães de Abril nem Mário Soares estarão presentes no Parlamento quando, hoje de manhã, se comemorar oficialmente o evento. Tal ausência representa e grita o escândalo de milhões de cidadãos tão mal tratados, humilhados e ofendidos.

    Neste momento, canto Grândola com os meus amigos da Associação 25 de Abril. E afirmo, reafirmo e confirmo: 25 de Abril, sempre! Fascismo, nunca mais!

    Finalmente, proponho-vos o hino do MFA, Life on the Ocea Wave, que desafia cada um a viver a vida da única maneira possível, ou seja, na crista da onda!
     

    http://youtu.be/SDe2weyiAWw

    quarta-feira, 24 de abril de 2013




    Bellini, Norma,
    que duetos!
     
     
    O que poderá prever-se com esta gravação objecto do trailer que me proponho partilhar convosco? Não, não arrisco uma opinião prévia acerca dos duetos em perspectiva.

    E, aliás, neste domínio do mais «arriscado» B
    elcanto, não sei o que possa esperar depois deste documento que vos trago, datado do longínquo ano de 1978. Escutem Mirella Freni e Renata Scotto e concluam comigo em como não é fácil superar tal mestria... 



    Khatia Buniatishvilli,
    Lachrimosa


    No canal Mezzo, acabo de ouvir uma daquelas entrevistas-relâmpago com a jovem pianista Khatia Buniatishvilli. Perguntada acerca da peça musical que levaria consigo para a tal ilha deserta, logo indicou o Requiem de Mozart, obra com a qual sentirá uma forte ligação desde criança, tendo salientado o Lachrimosa. Enfim, bom gosto, bem podemos afirmar, é coisa que não lhe faltará.

    No texto que aqui ontem publiquei, dando conta das primeiras linhas programáticas da 48ª edição do Festival de Sintra, terão reparado que listei o nome de Khatia Buniatishvilli dentre os pianistas que estarão connosco neste ano de 2013. Então, ainda a mais de dois meses de distância, mas acabando de saber daquela sua preferência, gostaria de lhe dar as boas vindas, propondo que partilhemos a peça numa gravação em que também poderemos ouvir o precedente ’Confutatis’.

    [Festival di Pasqua 2012 Roma Chiesa del Gesù // Direcção: Antonella De Angelis //  Solistas: Chiara Taigi, Anna Malavasi, Luciano Ganci, Gianluca Lentini // Coro Polifonico di Pescara - Coro Histonium // Orchestra B Marcello]

    Boa audição!

    http://youtu.be/5L0gKZDfNWg
     


    SWAPS,Comissão de Inquérito

    [ontem, 23.04.2013, no facebook, antes do anúncio da Comissão de inquérito]


    Estou em crer que movimento tão pressuroso da coligação no sentido de promover uma comissão de inquérito para apuramento das responsabilidades, tem como particular objectivo atingir os governantes -PS- que sancionaram as propostas dos então administradores das empresas que incorreram nos contratos de cobertura de risco.

    Não sou bruxo mas, neste caso, é mais do que evidente...



    terça-feira, 23 de abril de 2013




     
    [Para a edição do Festival de Sintra de 2013, tanto eu como o meu querido amigo Dr Mário João Machado, temos vindo a prestar uma colaboração que, solicitada pelo Prof. Fernando Seara, com o argumento de disponibilizar à organização a experiência de cada um, aceitámos concretizar, a título de voluntariado total. É nesse contexto que, por exemplo, impondo-se divulgar as primeiras notas programáticas, vos proponho o texto seguinte]


    Festival de Sintra, 2013
    primeiras notas programáticas

    Neste momento, o que me é possível partilhar com os leitores, a título de informação acerca da edição de 2013 do Festival de Sintra, ainda não é o programa geral – que será disponibilizado até ao fim do corrente mês de Abril – mas um já muito completo conjunto de elementos enquadráveis na grelha de eventos, e que já propiciam uma perspectiva muito precisa da oferta definitiva.

    Primeiramente, gostaria de manifestar o maior regozijo por o Festival poder continuar a contar com a Direcção Artística do Dr. Luís Pereira Leal. Em Portugal, no contexto da programação da música erudita, é ele figura única e incontornável, senhor de vastíssima experiência e do reconhecido saber que, durante décadas, bem evidenciou na Fundação Gulbenkian, contribuindo para o enriquecimento cultural de um incalculável número de melómanos.
    Há muitos anos, o Dr. Luís Pereira Leal tem habituado o Festival de Sintra a uma programação de alto nível que, mesmo em anos mais recentes, apesar de a crise financeira ter mitigado recursos, porque afectou muitos dos seus patrocinadores, jamais cedeu a qualquer indício de menor qualidade que pudesse comprometer os pergaminhos de que tanto nos orgulhamos.

    Em termos de calendário, o Festival decorrerá entre 21 de Junho e 12 de Julho e, quanto à linha programática a que obedece a matriz, num ano em que se celebram tão marcantes efemérides como as dos duplos centenários do nascimento de Richard Wagner e de Giuseppe Verdi, bem como do centésimo aniversário de Benjamin Britten, o lema proposto é «As Gerações do Futuro» já que se trata de um festival centrado totalmente em artistas jovens.

    Gostaria de sublinhar, com a maior ênfase, que o Festival de Sintra 2013 dedica a sua programação não só a Verdi, a Wagner e a Britten, que são celebrados em quase todos os festivais do mundo, e mesmo em Portugal, mas também e com especial destaque para o compositor Charles-Valentin Alkan (1813-1888), incluindo um recital e conferência dedicados a esta figura importante do Romantismo musical francês, cuja música é do maior interesse. Este sim, é um acontecimento quase exclusivo do Festival de Sintra e digno de atenção dos media e do público.

    Fiel à herança de uma distintiva presença do piano na sua programação, também esta edição contará com recitais de vários pianistas que, apesar da sua juventude, são artistas que já demonstraram aos mais exigentes públicos, e, em muitos dos mais prestigiados auditórios internacionais, como o mundo da grande música já conta com eles no presente e não poderá dispensá-los no futuro.

    Benjamin Grosvenor, Bertrand Chamayou, Ah Ruem Ahn, Alexander Drozdov, Khatia Buniatishvilli, Luisa Tender, Pedro Gomes, eis alguns dos nomes da tal «Geração do Futuro» que, em Sintra, vem celebrar a música dos três grandes mestres compositores. Haverá ainda outros recitais, por exemplo, de Canto e Piano, com Dora Rodrigues e João Paulo Santos, e um Concerto com a Orquestra Gulbenkian, sob a direcção de Joana Carneiro.

    No âmbito de outras iniciativas culturais afins do tema geral do Festival, há que contar com as designadas Conferências da Regaleira, a cargo de um dos mais reputados musicólogos portugueses, o Prof. Rui Vieira Nery. Outra vertente forte desta edição incidirá no Cinema, propiciando o visionamento de filmes, quer de índole biográfica quer de outros cuja banda sonora, recorrendo a temas musicais dos compositores em referência, desempenhe papel fundamental na concepção da obra fílmica.

    Desta vez, para uma Conferência de grande impacto, estará, nem mais nem menos, que o conhecidíssimo Prof. Doutor Daniel Sampaio, figura pública de referência nacional, não só no domínio da Medicina, mas também tão polifacetada e interessante em vários domínios culturais, desde a escrita, à música, ao desporto.

     Além da condição de ilustre sintrense, não haverá quem não lhe reconheça uma íntima e manifesta relação com a arte musical em todas as vertentes e géneros, um magistério pedagógico que evidencia uma permanente preocupação  com os problemas da juventude, além do facto, como notável Professor de Medicina, de a especialidade em que tanto se tem notabilizado se articular, tão evidente e manifestamente, com a Música. Sem dúvida, é uma das iniciativas que contará com maior adesão do público, um acontecimento cultural imperdível.

    Como sempre, toda esta iniciativa cultural concretizar-se-á em ambientes únicos, do mais rico e sugestivo património nacional em que Sintra é tão pródiga. Portanto, Palácio Nacional de Sintra, Palácio de Queluz, Palácio de Monserrate, Quinta da Regaleira, Quinta da Piedade serão os habituais mas sempre mágicos lugares de acolhimento destas iniciativas. Naturalmente, também o Centro Cultural Olga Cadaval abrirá portas a alguns dos eventos.

    Se qualquer programa definitivo é sempre apresentado com a ressalva de que tudo se concretizará, a menos que algum imponderável o comprometa, também estas notas de divulgação inicial do Festival de Sintra 2013 são partilhadas na base de tal reserva. Afinal estaremos a poucos dias de uma versão final – em que, provavelmente, será acrescenta alguma novidade – mas, para já, considero imprescindível partilhar convosco esta informação.

    domingo, 21 de abril de 2013




    CCB, Dias da Música,
    concerto de encerramento


    Felix Mendelssohn
    Sonho de uma Noite de Verão
     
    Orquestra Sinfónica Portuguesa
    Coro do Teatro Nacional de São Carlos
    Rui Pinheiro - direcção musical
    Teresa Cardoso Menezes, soprano
    Paula Morna Dória, meio-soprano
    Suzana Borges, narradora
    21,00 horas

    Esta a ficha do evento que encerrará a presente edição dos Dias da Música. Para todos os que não poderão estar presentes, aqui vos proponho uma excepcional interpretação de Ein Sommernachtstraum gravada no Concertgebouw, em Amsterdam, no dia 26 de Abril de 2009 que, sob a direcção de Nikolaus Harnoncourt, inclui:

    Soprano: Julia Kleiter
    Meio sopranoo: Elisabeth von Magnus
    Narrador: Gerd Böckmann
    Netherlands Kamerkoor
    Royal Concertgebouw Orchestra

    Boa audição!
     



    CCB,
    Dias da Música


    Hoje à tarde, se pudesse lá estar, eis um dos concertos que não perderia. Com a referência C13, subordinado ao tema "Clara Schumann e os Homens da sua Vida", serão interpretadas por

    DSCH – Schostakovich Ensemble
    Gérard Caussé viola
    Marc Coppey violoncelo
    Filipe Pinto-Ribeiro piano

    as seguintes obras:

    Clara Schumann            Romance op.22, n.º 3
    Joseph Joachim            
    Melodia Hebraica op. 9, n.º 2
    Robert Schumann         3 Peças de Fantasia, op.73
    Johannes Brahms         Trio op.114

    Impossibilitado de lá me deslocar, nada mais me resta que não seja obedecer ao cardápio...

    Boa audição!


    http://youtu.be/9U_DKLL96l4        Clara Schumann
    http://youtu.be/S8xsxM6A748        Joseph Joachim

    http://youtu.be/4SCRlKzJBKk        Robert Scumann
    http://youtu.be/YOayoH9YRWk     Johannes Brahms
     
     



    Galilei & tutti quanti


    "Contas feitas por baixo a Galilei, grupo que sucedeu à SLN ex dona do BPN,   já cobrou ao Serviço Nacional de Saúde mais de eur 50 milhões. Isto apesar da dívida superior a eur 1,5 mil milhões que o Tesouro atribui àquela holding e aos seus acionistas de referência em créditos e ativos tóxicos"
     
    [Visão, 17.04.2013]


    Perante a catadupa de notícias, nos termos das quais, de forma absolutamente inusitada, está a apertar o cerco à figura de Fernando Lima – Presidente do Conselho de Administração da Galilei, a empresa herdeira da SLN, holding do BPN – é provável que vários obreiros de algumas respeitáveis lojas do Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa, é provável, repito, que já estejam a movimentar-se no sentido de que o seu Grão Mestre, o mesmo Fernando Lima, seja fraternalmente confrontado com a necessidade de se explicar.

    A fazer fé nas notícias que, em especial, a revista Visão  tem veiculado nos últimos números, a atitude de Fernando Lima, como gestor de topo da empresa sobre a qual todos os holofotes estão assestados, evidencia decisões inequivocamente contrárias aos valores e princípios que os iniciados maçons juraram defender.

    E, se é verdade que os princípios e valores maçónicos são constantemente tornados presentes pelas oficinas a que cada iniciado está afecto, cumpre esclarecer que, afinal, é no designado «mundo profano», portanto, em família, na vida profissional, que qualquer maçon, independentemente dos seus graus e qualidades, não pode deixar de protagonizar uma conduta absolutamente irrepreensível.

    Por um lado, a Constituição e Regulamento do GOL, como instrumentos de suporte documental de referência máxima e, por outro, os vários órgãos consultivos, bem como a Dieta, os Tribunais Maçónicos, dispõem dos meios indispensáveis ao esclarecimento que, a nível interno, urge promover, de tal modo que não sobrem motivo de perplexidade quer no GOL, quer no exterior.

     

    sábado, 20 de abril de 2013



    O Parsifal? Não, «um» Parsifal


    Devo a Châbeli de Castro Camacho a atenção para este artigo publicado no El Pais. Na lindíssima Linz, La Fura dels Baus, com uma proposta muito sui generis de Parsifal, ao ar livre, num espaço dramático privilegiado, junt
    o do mais moderno e grandioso edifício do teatro musical da Europa, também muito perto do Voksgarten, jardim-parque belíssimo.

    Aconselho a leitura deste textoo, deveras clarecedor quanto às características e objectivos do espectáculo. Em ano de celebrar Richard Wagner, este Parsifal entra na lista dos milhares de eventos sobre os quais incide a atenção dos wagnerianos de todas as latitudes.

    Apenas fico com um receio. Será que a «artista» do regime - muito propensa a afectar de evidente gigantismo as proporções das suas peças de mero artesanato urbano - aqui encontrará fonte de inspiração? Leiam e perceberão a pertinência da alusão...






    Palácio da Vila,
    concerto solidário
     


    Até eu, tão diminuído na minha mobilidade, não deixarei de estar presente. Independentemente do nobre objectivo - que não pode deixar de mobilizar todos quantos se preocupam com a defesa e recuperação do património natural - o concerto, que conta com a inestimável colaboração da Orquestra Divino Sospiro, suscita o maior interesse.

    Permitam que vos proponha uma das peças constantes do programa, a Suite Don Quixote em Sol Maior de Georg Philipp Telemann. Oxalá possa eu contribuir para a vossa motivação.

    Boa audição!
      



    http://youtu.be/QYLxSXgH5bw    


     



    Integração?
    Que «integração»!...

    "Agora que foi preso (bastante ferido) o segundo suspeito dos atentados de Boston (o primeiro, seu irmão, já tinha sido morto no dia anterior num tiroteio), perguntarei como o fez o Presidente Obama esta madrugada: como foi possível que dois jovens - que embora estrangeiros, viviam nos EUA há 11 anos - enveredassem pelo caminho de uma violência terrorista, mais "doméstica" do que "internacional"? Pelos vistos a sua "boa integração" era, tudo indica, apenas aparente sobretudo nos últimos tempos em que terá havido uma auto-radicalização ultra-"religiosa" - tal como acontecera em França, não há muito, com Mohammed Merah. Se o inimigo dos islamistas chechenos é a Rússia, porque atacaram nos EUA? Porque terá ele escrito no FB que "não tinha um único amigo norte-americano" (isto é que é estar bem integrado?) e que "queria fazer a diferença"? Perguntas, estas e outras, a que é preciso responder para tentar prevenir e evitar situações deste tipo." 
     
    José Manuel Anes [facebook, hoje, 20.04.2013, pelas 9,00 horas]
     
     

    Em todas as latitudes, há imenso trabalho académico, no âmbito da sociologia e da antropologia, acerca da integração de cidadãos estrangeiros em comunidades nos países de acolhimento. Urge capitalizar esse trabalho e perceber que perspectivas dos problemas em presença têm estado a escapar e que favorecerão o aparecimento destes fenómenos.

    Se é preciso responder a Obama, como Presidente da Federação, com a informação possível e disponível, dando satisfação a toda a nação, também é preciso responder ao Estado de Massachusetts, assim como à cidade de Boston. Porém, como cada caso é um caso, e porque integrar, por exemplo, cidadãos hispânicos ou de origem árabe, com as respectivas características, tradições, crenças religiosas, etc, é coisa bem diferente se acontecer na Califórnia ou em Rhode Island, é preciso «responder» quase a cada um dos Estados de uma Federação que, tradicionalmente, é terra aberta à radicação de quem a olha como terra prometida à realização do sonho da felicidade.

    Portanto, esclarecer – ou seja, tornar claro, fazer luz – é urgente. Não dar por adquirido que um jovem estava tão «integrado» que até tinha sido considerado capaz de justificar o investimento da comunidade numa bolsa para a sua formação universitária… Até que ponto é que, por exemplo, foram bem trabalhados os problemas decorrentes da vivência, em crianças de tenra idade, destes jovens que, de um momento para o outro, se vêem a dezenas de milhar de quilómetros das suas terras de origem, e onde, aparentemente, tudo se revela propício…

    Depois, não despicienda, também é a questão de trabalhar tais problemas individualmente e/ou em grupo. Se, em condições consideradas de um «normal» percurso de vida, em enquadramentos socioculturais favoráveis, em qualquer parte do mundo, cada pessoa é sempre um poço de contradições, como estar ou ficar descansado com a «integração» de indivíduos que, em momentos precoces mas cruciais das suas vidas, tiveram experiências tão consequentes e decisivas para a formação da sua personalidade?

    Na realidade, toda esta problemática é demasiado complexa e tão compósita que me parece, isso sim, temos vivido pouco criteriosamente alheados, descomprometidos e descansados. Obama quer respostas? Todos os poderes instituídos, por todo o lado, deveriam seguir-lhe o exemplo. Por outro lado, também cada um de nós precisa de respostas. Julgo ser tempo de perceber que se trata de uma questão de sobrevivência e de respeito pelo outro, pelos direitos do outro.