[Para a edição do Festival de Sintra de 2013, tanto eu como
o meu querido amigo Dr Mário João Machado, temos vindo a prestar uma
colaboração que, solicitada pelo Prof. Fernando Seara, com o argumento de
disponibilizar à organização a experiência de cada um, aceitámos concretizar, a
título de voluntariado total. É nesse contexto que, por exemplo, impondo-se divulgar as primeiras notas programáticas, vos proponho o texto seguinte]
Festival de Sintra, 2013
primeiras notas programáticas
Neste
momento, o que me é possível partilhar com os leitores, a título de informação
acerca da edição de 2013 do Festival de Sintra, ainda não é o programa geral –
que será disponibilizado até ao fim do corrente mês de Abril – mas um já muito
completo conjunto de elementos enquadráveis na grelha de eventos, e que já
propiciam uma perspectiva muito precisa da oferta definitiva.
Primeiramente,
gostaria de manifestar o maior regozijo por o Festival poder continuar a contar
com a Direcção Artística do Dr. Luís Pereira Leal. Em Portugal, no contexto da
programação da música erudita, é ele figura única e incontornável, senhor de
vastíssima experiência e do reconhecido saber que, durante décadas, bem evidenciou
na Fundação Gulbenkian, contribuindo para o enriquecimento cultural de um
incalculável número de melómanos.
Há
muitos anos, o Dr. Luís Pereira Leal tem habituado o Festival de Sintra a uma
programação de alto nível que, mesmo em anos mais recentes, apesar de a crise
financeira ter mitigado recursos, porque afectou muitos dos seus
patrocinadores, jamais cedeu a qualquer indício de menor qualidade que pudesse
comprometer os pergaminhos de que tanto nos orgulhamos.
Em
termos de calendário, o Festival decorrerá entre 21 de Junho e 12 de Julho e,
quanto à linha programática a que obedece a matriz, num ano em que se celebram
tão marcantes efemérides como as dos duplos centenários do nascimento de
Richard Wagner e de Giuseppe Verdi, bem como do centésimo aniversário de
Benjamin Britten, o lema proposto é «As Gerações do Futuro» já que se trata de
um festival centrado totalmente em artistas jovens.
Gostaria
de sublinhar, com a maior ênfase, que o Festival de Sintra 2013 dedica a sua programação não
só a Verdi,
a Wagner
e a Britten,
que são celebrados em quase todos os festivais do mundo, e mesmo em Portugal,
mas também e com especial destaque para o compositor Charles-Valentin Alkan (1813-1888),
incluindo um recital e conferência dedicados a esta figura importante do
Romantismo musical francês, cuja música é do maior interesse. Este sim, é um
acontecimento quase exclusivo do Festival de Sintra e digno de atenção dos
media e do público.
Fiel à herança de uma distintiva
presença do piano na sua programação, também esta edição contará com recitais
de vários pianistas que, apesar da sua juventude, são artistas que já
demonstraram aos mais exigentes públicos, e, em muitos dos mais prestigiados
auditórios internacionais, como o mundo da grande música já conta com eles no
presente e não poderá dispensá-los no futuro.
Benjamin Grosvenor, Bertrand
Chamayou, Ah Ruem Ahn, Alexander Drozdov, Khatia Buniatishvilli, Luisa Tender,
Pedro Gomes, eis alguns dos nomes da tal «Geração do Futuro» que, em Sintra,
vem celebrar a música dos três grandes mestres compositores. Haverá ainda
outros recitais, por exemplo, de Canto e Piano, com Dora Rodrigues e João Paulo
Santos, e um Concerto com a Orquestra Gulbenkian, sob a direcção de Joana
Carneiro.
No âmbito de outras iniciativas
culturais afins do tema geral do Festival, há que contar com as designadas Conferências da Regaleira, a cargo de um
dos mais reputados musicólogos portugueses, o Prof. Rui Vieira Nery. Outra
vertente forte desta edição incidirá no Cinema, propiciando o visionamento de
filmes, quer de índole biográfica quer de outros cuja banda sonora, recorrendo
a temas musicais dos compositores em referência, desempenhe papel fundamental
na concepção da obra fílmica.
Desta vez, para uma Conferência de
grande impacto, estará, nem mais nem menos, que o conhecidíssimo Prof. Doutor
Daniel Sampaio, figura pública de referência nacional, não só no domínio da
Medicina, mas também tão polifacetada e interessante em vários domínios
culturais, desde a escrita, à música, ao desporto.
Além da condição de
ilustre sintrense, não haverá quem não lhe reconheça uma
íntima e manifesta relação com a arte musical em todas as vertentes e géneros,
um magistério pedagógico que evidencia uma permanente preocupação com os problemas da juventude, além do facto,
como notável Professor de Medicina, de a especialidade em que tanto se tem
notabilizado se articular, tão evidente e manifestamente, com a Música. Sem dúvida, é uma das iniciativas que contará com maior
adesão do público, um acontecimento cultural imperdível.
Como sempre, toda esta iniciativa
cultural concretizar-se-á em ambientes únicos, do mais rico e sugestivo
património nacional em que Sintra é tão pródiga. Portanto, Palácio Nacional de
Sintra, Palácio de Queluz, Palácio de Monserrate, Quinta da Regaleira, Quinta
da Piedade serão os habituais mas sempre mágicos lugares de acolhimento destas
iniciativas. Naturalmente, também o Centro Cultural Olga Cadaval abrirá portas
a alguns dos eventos.
Se qualquer programa definitivo é
sempre apresentado com a ressalva de que tudo se concretizará, a menos que
algum imponderável o comprometa, também estas notas de divulgação inicial do
Festival de Sintra 2013 são partilhadas na base de tal reserva. Afinal estaremos
a poucos dias de uma versão final – em que, provavelmente, será acrescenta
alguma novidade – mas, para já, considero imprescindível partilhar convosco
esta informação.