[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 31 de janeiro de 2016



Noite de triunfos

Se quisesse dizer-vos quantas vezes terei assistido a interpretações ao vivo – para este rol não contam as gravações, coisa de um mundo outro – da Sinfonia no. 3, em Lá menor de Felix Mendelssohn Bartholdy, a verdade é que, de memória, não seria capaz. Mesmo recorrendo ao meu diário de melómano, sem índice (!!!!), levaria muito tempo até chegar a uma conclusão.

Muitas vezes a ouvi tocada pelas melhores orquestras do mundo, alemãs, austríacas, britânicas, francesas, italianas, suecas, americanas, espanholas, portuguesa. Sim, no singular, porque só há uma portuguesa capaz de a fazer com a necessária sofisticação. Trata-se de uma das peças sinfónicas que mais presente está no repertório do período romântico das melhores salas de concerto. Por isso, todas se apuram ao máximo.

Como eu, há imensa gente que a conhece nota a nota, acorde a acorde, compasso a compasso, gente que estremece, de alto a baixo, se alguma coisa, fugindo ao ícone, não tem justificação plausível. Isto para vos dizer que cheguei a casa «de alma lavada», depois de ter assistido a uma leitura que, seriamente, estará entre as melhores dez que tive o privilégio de presenciar e que, na comparação, envolve nomes como Karajan, Abbado, Harnoncourt, Solti, Norrington, Rattle, Gardiner, Chailly e outroa deste calibre.

Como já tinha anunciado, era a última apresentação da Orquestra Filarmónica de Viena que, de acordo com o figurino habitual na Mozartwoche, aqui faz sempre três concertos, no Grosses Festspielhaus. Claro que são os mais caros – preços entre 90 e 220 Euros - mas, também, os mais disputados.
Quem é que, em dez dias, pode dar-se ao luxo de perder qualquer destas hipóteses de assistir, ao vivo, a eventos que têm como protagonista aquela fabulosa orquestra que todo o mundo pára para ver e ouvir no primeiro dia do ano Enfim, até há e até quem pague muito mais para viver outras «experiências preformativas»…[Repararam na expressam 'pára para'? Foi de propósito, para gozar com o famigerado AO...]

Bem, foi um tremendo triunfo, com aplausos tão calorosos que fizeram lembrar os tempos de Karajan, Abbado e outros que, depois de sucessivas e imparáveis chamadas, segredavam ao concertino para que liderasse a saída da orquestra do palco… Heras-Casado é um jovem maestro, lançadíssimo, cujo nível foi reconhecido, ao mais alto nível, por Boulez, Abbado, Eötwös e que, só aqui na Mozartwoche, já dirigiu umas quatro ou cinco vezes, nos últimos anos.

Notamos-lhe hoje subtilezas de tempo, extrema atenção às dinâmicas sonoras, uma sensível preocupação com a acústica, com inovações patentes na distribuição dos naipes, especial e naturalmente preocupado com a ‘Sinfonia Escocesa’, um quebra-cabeças de complicações neste domínio da gestão dos volumes e na «fabricação» dos harmónicos.

O programa, totalmente afecto a Mendelssohn – que, na Mozartwoche 2016, é o grande compositor «parceiro» de Mozart - contemplava esta sinfonia, bem como a Abertura No. 4 em Fá Maior “Märchen von der schönen Melusine” op. 32, MWV P 12 e o “Salmo 42 “Wie der Hirsch schreit”, op. 42 MWV A 15, concerto dirigido por Pablo Heras-Casado.

Breve referência, então, à peça coral-sinfónica. Foi outro sucesso. Dorothea Röschmann, em fase muito boa da carreira, com uma dicção impecável, um vozeirão extenso, que enche e sobra para fora do Grosses Festspielhaus… O Coro Arnold Schönberg, inultrapassável em peças deste recorte, e até o extraordinário tenor Werner Güra foram buscar para preencher um secundaríssimo mas muito importante segmento final do salmo.

Se bem lembrados estiverem dos meus escritos, terão registado que Nikolaus Harnoncourt era o maestro inicialmente indicado para a direcção deste concerto. Como sabem, por motivos de doença, entretanto, retirou-se completamente das lides musicais.

Não queiram saber a impressão que faz não o ter connosco, aqui em Salzburg, onde estávamos habituados a assistir às suas geniais propostas, nomeadamente, à frente do seu Concentus Musicus ou, precisamente, da Orquestra Filarmónica de Viena.

Nele pensando, aqui vos proponho uma sua leitura da “Escocesa”, dirigindo a Orquestra de Câmara da Europa.

Boa Audição!

https://youtu.be/aeoxTvgEK0U
 

Die Wiener Philharmoniker spielen heute Abend unter Pablo Heras-Casado Werke von Felix Mendelssohn Bartholdy im Großen Festspielhaus. Dorothea Röschmann wird den Sopran-Solopart übernehmen. Restkarten sind an der Abendkasse erhältlich. Beginn: 19:30 Uhr.
 
 
 
 

Trilogia "ACIS E GALATEIA"
Händel, Mozart & Mendelssohn
 
 
Marc Minkowsky, senhor de espantosa criatividade, pegou na obra original de Händel, nos arranjos que dela fizeram Mozart e Mendelssohn e propôs-nos, beneficiários privilegiados da Mozartwoche de Salzburg - cuja Direcção Arttística lhe está confiada - uma trilogia de uma eficácia enorme.
 
No entanto, pretendeu que acedêssemos ao original integral de Händel, que ocupou toda a segunda parte do concerto na 'Haus für Mozart', com casa esgotada e espectadores extremamente gratificados por uma em proposta tão sábia.

Les Musiciens du Louvre, músicos extremamente rodados, que têm permanecido juntos ao longo de tantos anos, são uma família de companheiros, cúmplices de um Maestro que os 'conhece por dentro e por fora', os estimula constantemente, mulheres e homens que conhecemos e respeitamos.
 
O coro Salzburger Bachchor está há muito fidelizado à Mozartwoche. Excelentes vozes - entre as quais a minha amiga Yvette Staellin, colaboradora do Mozarteum - abordam um vastíssimo repertório que, sob a direcção de Alois Glassner, habituou o público a prestações irrepreensíveis, o mais dignas possível desta Meca da Música.

Na foto dos aplausos finais, que nunca mais acabavam, da esquerda para a direita, Julia Fuchs e Anna Devin, sopranos, Samuel Boden e Valerio Contaldo, tenores, Peter Rose e Krzystof Baczyk, barítonos e ainda Colin Balzer, tenor. Um conjunto muito homogéneo, de boas vozes, do qual destacaria os dois senhores dos registos graves, portanto, Baczyk e Rose (que ouvirei no 'Dalland' de Der Fliegende Holländer" durante o Festival de Bayreuth deste ano).

Concerto para nota de muito bom. Ainda tenho mais dois eventos pendentes para partilhar convosco, assim com notas muito sumárias que não posso cansar a vista. Agora, tenho de me pôr a caminho do Grosses Festspielhaus para o último concerto com a Orquestra Filarmónica de Viena, desta vez, sob a direcção de Pablo Herras-Casado e com Dorothea Röschmann. Cá voltarei.
 
 
 


Die Solisten beim Schlussapplaus des Abends mit "Acis und Galatea" in drei Versionen am 29.1.2016
 



Mozartwoche, 2016,
Concerto do serão de 28 de Janeiro



[publicado em 30.01.2016]

O concerto da noite de ontem na Grosse Saal do Mozarteum,, teve como grandes protagonistas a Camerata Salzburg e o aclamadíssimo pianista turco Fazil Say, cuja carreira em Salzburg acompanho desde que aqui se estreou.

Confesso que gosto pouco da exuberância com que costuma acompanhar as suas interpretações. No que respeita à estética performativa pianística, indubitavelmente, prefiro as propostas apolíneas às dionisíacas, preferência que colide com as opções de um Sasy tão exuberante que chega a ser histriónico.

Na realidade, só com alguma bonomia se lhe atura as madurezas. Porque assim é, aliás, tenham em consideração que preparadíssimos melómanos, como a minha amiga Prof. Geffray, a grande bibliotecária emérita do Mozarteum, pura e simplesmente, não assistem aos seus recitais e concertos...

No meu caso, o valor que lhe reconheço ainda me leva a incuí-lo na minha assinatura geral [“Generalabonnement”] da Mozartwoche que, enfim, não se dá ao luxo de contratar um qualquer tipo mais ou menos ordinário que abuse dos parâmetros geralmente considerados como adequados.

Ontem, o programa pedia-lhe «só» três concertos de Mozart para Piano e Orquestra: em Fá Maior, KV. 37, em Si Maior KV. 39 e em Ré Maior KV. 40. Dirigindo a Camerata Salzburg a partir do piano, Fazyl Say empolgou a casa que, como sempre acontece, se rende aos recursos técnicos de quem é um evidente virtuose que, inequivocamente, trabalha muito para atingir aquele apuro, com um expressivamente positivo resultado das leituras.

Quase sempre, Fazyl Say consegue acrescentar novas, ainda que subtis e quase imperceptíveis perspectivas de interpretação. Ontem, por exemplo, na aludida tríade de peças, eu estava à espera do ‘cantabile’ que faria. São obras em que tal característica e o inerente recurso de obtenção estão à prova em vários segmentos. E, de facto, não me senti frustrado. Que maravilha!

A verdade é que, entre as 19.30 e as 21.50, tivemos os três concertos de Mozart e mais duas peças sinfónicas de Mendelssohn, a saber, a Sinfonia em Sol menor N. 12 e a Sinfonia em Ré Maior N. 8. A organização que pressupõe a gestão de um horário tão exigente para a apresentação de cinco obras, numa sala cujo palco tem os problemas decorrentes de alguma exiguidade, põe à prova os recursos da logística instalada, em especial, quando ali há que movimentar um grande Steinway.

Finalmente, o meu destaque da noite que, como imediatamente verificarão, até nem foi para o pianista «de serviço». Atenção ao segundo andamento, ‘Adagio’ da referida Sinfonia N. 8, em que as violas produzem um registo de textura muito sombria, soleníssima, perante o total silêncio dos violinos.

Quero mesmo que ouçam o prodígio para o qual chamei a atenção. Ontem a Camerata Salzburg, dirigida por Werner Neugelbauer, concertino substituto, conseguiu um momento de extraordinária força e beleza, com absoluto destaque para a chefe de naipe das violas Iris Juda. Permitam que solicite ao Maestro Massimo Mazzeo, exímio violetista, a sua confirmação de perito quanto à selecção deste momento.

Na gravação que vos proponho. a interpretação está a cargo da Orquestra de Câmara de Sófia sob a direcção de Emil Tabakov.

Boa Audição!

https://youtu.be/1_rdhiki1VQ
 
Stiftung Mozarteum Salzburg em Salzburgo.
Der Ausnahmepianist Fazil Say gab am 28.1. ein Konzert mit der Camerata Salzburg
 



Um escrito de sempre e para sempre

[publicado no facebook em 29.01.2016]

Porque todos os anos, além da demanda da melhor música, aqui também venho «em peregrinação» espiritual, aos mesmos sítios onde, há tanto tempo, entre outros, igualmente me prendem os laços da Fé, natural será que haja muita coincidência nas situações que se repetem.

Em 2016, devido ao descanso que devo dar à vista, defendo-me da escrita de peças longas como a que passo a transcrever, aqui produzida há três anos. Não altero uma vírgula. Tem tudo a ver com as minhas estadas em Salzburg e com a coincidência de ideias com o meu Irmão Mozart quanto ao nosso mental enquadramento perante a Fé e a tríada da Augusta Ordem que nos pede obediência aos sagrados princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

E, naturalmente, uma absoluta coincidência acerca da maneira de encarar a Morte. Tudo se passa na cripta da Catedral de Salzburg onde tenho ido nestes últimos dias. Que lugar!
 
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Mozartwoche, 2013
cripta da Catedral de de Salzburg


“(…) Mors stupebit et natura,
cum resurget creatura,...

judicanti responsura.


Recordare, Jesu pie,
quod sum causa tuæ viæ:
ne me perdas illa die. (…)”


Catedral de Salzburg. Quantas e quantas vezes, ao longo de tantos anos, tenho descido a esta cripta para, durante uns momentos, me recolher na capela circular, muito pequena, em cuja parede, junto ao tecto, e a toda a volta, estão gravadas aquelas que são algumas das mais impressivas palavras do ‘Dies irae’ que bem deviam estar presentes no espírito de todos os crentes cristãos!...

De facto, está no subsolo do grande templo que a aparente (ou manifesta?...) megalomania do Príncipe Arcebispo Wolf Dietrich pretendia fosse maior do que São Pedro de Roma. Na realidade, a capela da cripta ocupa um espaço físico. Porém, nos momentos em que ali estou, deixa de ser um lugar na cidade e da cidade, antes fica um espaço sem amarras, que já não tem coordenadas concretas.

Mors stupebit et natura,
cum resurget creatura,
judicanti responsura.


Recordare, Jesu pie,
quod sum causa tuæ viæ:
ne me perdas illa die.


Para ler estas palavras, a toda a volta desta capela, sou obrigado a rodar, a assumir o eixo do movimento helicoidal que daqui me liberta de quaisquer amarras para ascender ao Infinito. Deixo, para já, a sempre difícil tarefa do registo escrito dos momentos em que a Fé manda mais que tudo, voltando ao ‘Dies Irae’.

Na maior parte dos casos – e, nesses especiais momentos, articulando com alguns dos temas musicais mais célebres e belos -aquela mensagem só evidencia todo o esplendor escatológico, quando ouvida e entendida como suporte textual do Requiem de Mozart ou de Verdi, para não referir outros não tão célebres mas, igualmente belíssimos, como os de Fauré, Britten ou Penderecki.

Ontem mesmo aqui se celebrou o nascimento de Mozart. Eu lembrei a morte de Verdi. Nascimento e morte, tanto dos génios, como foram aqueles compositores, como de nós, cristãos, homens comuns que somos, constituem apenas os primeiro e segundo termos ou momentos de uma tríade que continua noutra plataforma de vida. Aliás, é neste preciso sentido que só podemos concordar com Amadé, católico e maçon, quando, extremamente inspirado, em carta dirigida ao pai, Leopold Mozart, qualificou “(…) a Morte como a nossa melhor amiga (…)”.

Muita gente se espanta com o clima de exuberante esperança da Missa de Requiem de Mozart. Para já, importa não esquecer tratar-se de uma Missa. É uma Missa, escrita por um genial compositor católico que, no fim de vida breve, acolhe a Morte, precisamente, como a melhor amiga que lhe abria a porta da Eternidade. Tal como ele, católico e maçon, tenho o privilégio de crer profundamente nesta verdade, privilégio que se conjuga com a frequência da Arte, Arte que tão próxima está do divino.

Naturalmente, universal como é, o objecto de Arte, não carece do atributo da Fé para que qualquer mortal aceda à sua essência. No entanto, julgo que, no caso da Música Sacra, composta por sinceros, veementes e grandes crentes, como foram Mozart, Bach, ou Poulenc, uma sintonia outra acontecerá quando os destinatários das obras, os ouvintes, também estiverem animados pela mesma Fé que presidiu à concepção da peça.

É evidente que só poderia terminar de uma maneira, ou seja, propor-vos a audição do momento do ‘Dies irae’ do Requiem de Mozart composto a partir das duas primeiras estrofes do texto latino, a seguir apresentadas, enquanto que as transcritas na capela da cripta da catedral de Salzburg se referem às quarta e nona.
1
Dies iræ! dies illa
Solvet sæclum in favilla
Teste David cum Sibylla!

2
Quantus tremor est futurus,
quando judex est venturus,
cuncta stricte discussurus!


Trata-se de uma gravação ao vivo, na catedral de Sto. Estêvão, em Viena, no dia 15 de Setembro de 1991, por ocasião do 200º aniversário da morte de Mozart, Orquestra Filarmónica de Viena dirigida pelo saudoso Sir Georg Solti, Coro da Ópera Estatal de Viena e solistas Arleen Auger, cecilia Bartoli, Vinson Cole e René Pape. [seguem duas gravações, a primeira só do ‘Dies irae’ e a segunda da obra completa.]

Boa audição!


http://youtu.be/qZTd9jXQLMU
http://youtu.be/x2XcmaiaqAY
 
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06:13 Requiem 16:18 Dies irae 18:24 Tuba mirum 21:31 Rex tremendae 23:36 Recordare 28:41 Confutatis 31:02 Lacrymosa 45:00 Domine Jesu 48:52 Hostias…
youtube.com
 
 

 
 


27 de Janeiro,
Jubileu atrás de jubileu


[publicado no facebook em 28.01.2016]


Ontem, 260º aniversário de Mozart, por ocasão do concerto da Orquestra do Mozarteum, sob direcção de Giovanni Antonini, durante o qual se ouviram as sinfonias "Pariser" KV.297, "Linzer", KV. 425 e "Prager", KV. 504, o Presidente da Fundação entregou a Medalha de Ouro Mozart à orquestra que, também neste dia, comemorou o seu século e meio de existência.

Aqui vos trago, pela mesma orquestra, dirigida por Frans Brüggen, a partilha de outra Sinfonia de Mozart, a No. 25, KV. 183, na gravação de um concerto a que assisti aqui mesmo, durante a Mozartwoche.

Boa Audição!

https://youtu.be/6Btlp3T7IIk

 
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Im Rahmen des heutigen Konzerts unter Giovanni Antonini zur Mozartwoche an Mozarts 260.ten Geburtstag wurde dem Mozarteumorchester Salzburg die Goldene Mozart-Medaille von Dr. Johannes Honsig-Erlenburg, Präsident der Stiftung Mozarteum, verliehen.

 

 
 
 





Luzitano?
Eu, tu, ele...


[publicado no facebook em 27.01.2016]

Esta afirmação de juventude, este pisar franco, elegante, requintado, a sobranceria varonil deste cabeça desafiante, meu Deus, que espantosa estampa da melhor portugaliade!
________

Aqui, em Salzburg, ainda é possível sentir a cidade cuja cultura está tão intimamente relacionada com a presença do cavalo ao longo de séculos e séculos;

Aqui, em Salzburg onde, no ano passado, por esta altura da Mozartwoche - o maior cado festival de mùsica do mundo dedicado a Mozart - vi evoluírem os cavalos luzitanos de Bartabas, o equitador-coreógrafo da École Équestre de Versailles, num fabuloso trabalho, em articulação com o Maestro Marc Minkowsky, com base na Cantata "Davide Penitente" de Mozart;

Aqui em Salzburg, perante esta foto, assoma o melhor desassossego de toda uma ancestralidade familiar, ribatejana, que, meus queridos primos António Manuel Pessanha e Joaquim Pessanha, tão bem encarnou no saudoso Veca, Manuel sabino Barreiros Duarte, primo da vossa mãe e do meu pai, ele que continua sendo um símbolo da cavalaria à portuguesa.
 
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Chrystoph Koncz,
crianças de Salzburg,
a dificuldade de gerir emoções
 
 
[publicado no facebook, em 27.01.2016]
 
 
A quem acompanhaa as transmissões televisivas de concertos com a Orquestra Filarmónica de Viena, de certeza, não escapa esta cara tão simpática. À direita do maestro, sempre em destaque, só vos digo que este piqueno tem uma «vida dupla»...
...
O que passo a escrever não é novidade para os que acompanham as minhas notas daqui, a partir de Salzburg. Mas nunca será demais referir que, desde 2012, altura em que foi fundada pelo Mozarteum, como especial projecto de Marc Minkowsky, a Mozart Kinderorchester [Orquestra Infantil Mozart] tem contado com o Christoph como seu maestro titular.

É preciso gostar muito e, em toda a acepção da palavra, ser pedagogo. Chrystoph Koncz é o homem certo, não há dúvida. O que os miúdos têm «crescido» com ele é algo de absolutamente notável. Exigente, muito disciplinado, como não podia deixar de ser, está a transmitir às crianças o que a actual Europa tem de melhor, palavras estas que enquadro, se bem recordados estão, no perfil do artigo que escrevi acerca do Concerto de Ano Novo a partir de Viena.

Vêmo-lo aqui numa entrevista a Florian Oberhummer da Servus TV. Fala do projecto e do concerto do próximo Domingo às três da tarde, na Grosse Saal do Mozarteum. Claro que vou «chorar que nem uma Madalena». Mas, já agora, uma coisa vos garanto: é que não serei o único!

No meu caso, com o horizonte dos setenta pouco distante, a gestão das grandes emoções é cada vez menos fácil. Olho, vejo e ouço estes miúdos fazendo as MARAVILHAS QUE QUALQUER CRIANÇA, DE QUALQUER LATITUDE, FARIA SE TIVESSE O PROPÍCIO AMBIENTE QUE ESTAS TÊM.

Olhem, chamem-me o que quiserem. Do meu pranto já eu sei. Num misto de júbilo e de profunda tristeza...
_______

PS:

Lembram-se de vos ter prometido que, desta vez, aqui de Salzburg, vos escreveria o mínimo possível? Perante a quantidade da prosa supra, percebam a que ponto pode chegar a indisciplina deste vosso amigo. Nem os problemas de saúde me contêm... Mas, c'os diabos, há alguma paixão que se possa conter?
 
 
 

Christoph Koncz, der Leiter des Mozart Kinderorchesters im Interview mit Florian Oberhummer von Servus TV, am Freitag um 18.10 Uhr zu sehen.
 
 
 
 


Amanhã,
dia grande em Salzburg
E a minha viagem por um triz!...
 
[publicado no facebook em 26 de Janeiro de 2016]
 
Como sabem, o 27 de Janeiro é mesmo dia grande em Salzburg. Amanhã comemora Mozart o seu 260º aniversário. Claro que vou participar da festa e, sem dúvida, não me vai escapar um bocadinho deste bolo acompanhado de Glühwein.

Ali está o o Presidente do Mozarteum, Johannes Honsig-Erlenburg, no meio dos mestres pasteleiros que prepararam a gigantesca peça de doçaria. Vai ser um ver-se-te-avias à porta da casa onde, naquele dia de 1756, cerca das oito da noite, dnasceu o piqueno, na Getreidegasse 9. Interlúdios musicais, a malta toda a cantar no meio da rua, vai ser em grande.

A viagem «ia sendo»...

E eu bem preciso de animação. Por causa de um sério problema de visão, no olho esquerdo - uma 'rasgadura' da retina - estive quase, quase para não seguir viagem. O meu oftalmologista autorizou que fizesse a deslocação, com todos os cuidados.

Por isso, este deve ser mesmo o mais longo dos textos que partilho convosco a partir de Salzburg. O computador é mesmo para reduzir ao mínimo. Não se preocupem que eu vou ter juízo.
 
 
 
 


Morgen ist Mozarts Geburtstag, den wir ab 18.00 Uhr vor Mozarts Geburtshaus feieren. Die Torte ist schon fertig: Hier Präsident der Stiftung Mozarteum Johannes Honsig-Erlenburg und das Konditor-Meister-Team der Konditorei Schatz.
 
 
 
 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016



Os meninos-prodígio da Mozartwoche
 
Marc MinKowski sonhou, Christoph Koncz - violinista da Orquestra Filarmónica de Viena - é o Maestro e a Mozart Kinderorchester, fundada em 2012, aí está, já em terceira temporada, a mostrar o que vale.
 
A verdade é que toda esta miudagem me emociona até às lágrimas. Como não, meu Deus, se assisto à Arte que produzem com tanto empenho e entrega?! No próximo domingo, pelas 15.00 horas, na Grosse Saal do Mozarteum, vão apresentar um programa cuj...as linhas não deixarão de vos espantar:

Wolfgang Amadeus Mozart:
1. Sinfonia em Ré Maior, KV. 95
2. Sinfonia em Ré Maior, KV. 97
3. Concerto para Piano e Orquestra KV. 415 [solista Caitlan Rinaldy]


Felix Mendelssohn Bartholdy / Richard Dünser:
"Lieder ohne Worte" (selecção)


É verdade, crianças entre os sete e os doze anos! E não pensem que são meninas e meninos da burguesia salisburguense. De todos os estratos sociais, frequentam escolas da cidade e da região. Trabalham, trabalham muito disciplinadamente, com o Christoph Koncz que, de facto é incansável.

No dia 31, próximo domingo à tarde, mais um momento do maior significado. Se Deus quiser lá estarei para guardar aquela que já sei se tornará numa das mais doces memórias musicais. Aí têm um documento que, estou certo, vos fará reflectir.

https://youtu.be/I8uwgAsbw4M
 
 
Das Mozart Kinderorchester ist schon mitten in den Proben für das Konzert am nächsten Sonntag um 15:00 Uhr im Großen Saal. Die Kinder freuen sich offensichtlich schon auf Ihren Auftritt in der Mozartwoche 2016.
 


Marcelo melómano,
Festival da Páscoa de Salzburg
 
 
 
Com Marcelo Rebelo de Sousa, a coincidência de um comum interesse no âmbito da melomania que nos irmana. Tanto ele como eu somos frequentadores do Festival da Páscoa de Salzburg. Durante anos e anos seguidos lá comentávamos o alto valor da quota a pagar à Associação dos Patronos do Festival com o objectivo de assegurar a aquisição sem problemas dos disputadíssimos bilhetes e, no meu caso, mantendo sempre o mesmo lugar.
 
Aliás, quem seguia os comentários de MRS, lembrar-se-á de que, há uns anos, precisamente por altura da Páscoa, a emissão televisiva era transmitida a partir de Salzburg. Aproveitando a oportunidade dos encontros, pedi-lhe que não esquecesse a possibilidade de encontrar edições em Língua Portuguesa, nacionais ou brasileiras, acerca do universo mozartiano para oferecer à Bibliotheca Mozartiana do Mozarteum, pedido que encarou com o maior interesse.

Hoje, referindo-me ao Osterfestspiele - que, igualmente, tão boas recordações deixou à M Manuela Bravo Serra, na sequência de tantas edições que frequentou - aproveitarei para partilhar o video de promoção para 2016 que foi preparado no passado período natalício. Entretanto, uma alteração já se verificou no que respeita às duas récitas de "Othelo": por motivo de doença, Botha será substituído por Jose Cura.

Boa Audição!
 

Curtain up for our new promotional film: Christian Thielemann and Peter Ruzicka present the 2016 Salzburg Easter Festival programme
Merry Christmas - we are looking forward to seeing you at Easter!


https://youtu.be/X8dIASNqzac
 
 
 


Mozartwoche 2016,
lição para o mundo

[publicado no facebook em 24.01.2016]

Como sempre acontece durante este Festival de Inverno, a Wiener Saal do Mozarteum é o lugar de encontro dos patrocinadores e membros da Fundação. Olho para esta foto e reconheço, imediatamente, 11 dos meus conhecidos e amigos locais. Também sou um deles. Embora discreta, é a festa que acontece durante o despretensioso cocktail.

De assinalar a atitude de privelegiar estes momentos de tão bom convívio com a animação proporcionada pelos pequenos músicos da Orque...stra Infantil do Mozarteum, numa expressão da mais autêntica e viva afirmação de futuro, em que a Música será factor de Alegria, Paz e Felicidade.
 
Enfim, uma lição para o mundo.
 
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Stiftung Mozarteum Salzburg adicionou 2 new photos.
Das jährliche Treffen der Mozartgemeinden während der Mozartwoche hat im Wiener Saal stattgefunden. Beim anschließenden Cocktail im Pausenfoyer sorgten die "100 Mozartkinder" aus Chemnitz für eine musikalische Überraschung.



Do mal, o menos...
 
[publicado no facebook em 24.01.2016]
 
Se não fosse, até dia 26, o adiamento da minha partida para Salzburg, também hoje não teria votado. Acontece que, há não sei quantos anos, valor muito mais alto se tem levantado, ou seja, o calendário da ida às urnas das presidenciais sempre tem coincidido com a minha ausência para assistir à Mozartwoche. Como bem entenderão, jamais me passaria pela cabeça adiar a partida por ter de cumprir o meu 'dever cívico'...
 
Tal como há poucos dias escrevi, não me lem...bro de umas presidenciais com candidatos tão fraquinhos, coitados. Lembrava os casos de anteriores campanhas que, por exemplo, contaram com Eanes, Soares, Freitas, Otelo, Zenha, Carvalhas, Pintasilgo. Com estes gigantes comparados, os dez agora em causa, afirmava eu, não passam de sucedâneos, de pigmeus... Que ânimo podem suscitar os que hoje se apressentaram a escrutínio?
 
Enfim, por cá permanecendo retido, devido a motivo imponderável, lá fui exercer a tal obrigação, mas sem qualquer ponta de entusiasmo. Cumpre confessar que, para já, acerca do futuro Presidente da República, uma coisa apenas me alegra. É que, seja ele quem for, jamais se prestará às figuras, atitudes ou omissões, mais ou menos apalhaçadas, do actual.

Convenhamos que, no actual estado da mais alta representação do Estado, não é pouco. Em Belém, até os pastéis ainda melhor saberão. E o meu querido Belenenses até ganhará suplementar motivação para dar mais umas alegrias aos adeptos de longa data, como é o meu caso, desde que me conheço.
 
 
 
 



Um adiamento de grande monta...
 
[publicado no dia 23.01.2016]
 
Ontem à noite, no Grosses Festspielhaus, com Sir John Eliot Gardiner dirigindo o Monteverdi Choir e os English Baroque Solists, na missa em Dó menor, KV. 427 e Requiem KV. 626de Mozart; hoje Sir Andras Schiff na Grosse Saal do Mozarteum às 11.00 e Marc Minkovski, novamente, no Grosses Festspielhaus, às 19.30, no primeiro dos concertos coim a Wiener Philharmoniker, para a apresentação de "Lobegesang" de Memdelssohn, é um nunca mais acabar das ma...is ciontilantes propostas.
 
Há muitos anos que não me acontecia ter de prescindir dos primeiros dias da Mozartwoche. Motivos imprevistos assim o ditaram. Não houve qualquer problema com os bilhetes porque a procura é muito superior à oferta. Ainda há quem se surpreenda porque determinado músico cancela um evento. De admirar, isso sim, que, ao longo de tantois anos, nada tenha impedido as minhas idas e vindas...

Dia 26 já lá estarei, mantendo-me até ao fim do Festival e permanecendo mais uma semana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Die Konzerte mit András Schiff in der Stiftung Mozarteum und Sir John Eliot Gardiner im Großen Festspielhaus waren ein voller Erfolg. Heute freuen wir uns auf das erster Konzert der Wiener Philharmoniker unter Marc Minkowski. 19:30 Uhr Großes Festspielhaus.