sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Talvez um dia...
Comecei a vir ao Festival de Sintra, de calções, há cinquenta anos. Também desde miúdo que tenho a felicidade de frequentar e, nalguns casos de me ter tornado membro de associações que patrocinam os mais distintos Festivais internacionais como os de Salzburg, Viena, Bayreuth, Lucerna, Glyndbourne, Aix en Provence. Tenho obrigação de saber acerca do que escrevo quando me permito comparar e distinguir iniciativas culturais tão prestimosas.
É por isso que sonho com uma época futura em que o enquadramento da oferta hoteleira e o cuidado com a manutenção de todo o espaço urbano deixem de ser o que são e, minimamente, venham a coincidir com o que acontece lá por fora, para que os melómanos de todas as origens e disponibilidades financeiras se possam instalar em Sintra, disfrutando daquilo a que têm direito, numa tera que está classificada como Paisagem Cultural da Humanidade.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Quando chega esta altura do ano, já que não temos outro remédio senão aguentar com as iluminações natalícias, muito gostaríamos de ver uma decoração discreta, adequada às características desta terra, com um mínimo de sofisticação e de bom gosto. Infelizmente, mais uma vez, assim não acontece.
Desde já vos diria que, muito dificilmente poderei aceitar que sejam desperdiçadas verbas de um orçamento, cada vez mais mitigado, em efémeras luminárias que nem às ingénuas criancinhas de colo conseguem agradar. Naturalmente, preferiria ver a autarquia declaradamente preocupada, por exemplo, com a instalação de iluminação permanente, no designado parque de estacionamento do edifício do Urbanismo que, nas noites de eventos no Centro Cultural Olga Cadaval, permitiria arrumar muito automóvel. Enfim, outra seriedade…
Quem conhece lugares congéneres onde, sazonalmente, os enfeites urbanos constituem indispensável motivo de atracção, percebe perfeitamente que me refiro à necessidade de não abastardar ou, sequer, prejudicar locais particularmente interessantes das aldeias, vilas ou cidades e, pelo contrário, tudo fazer no sentido de melhorar o aspecto habitual.
Estes propósitos costumam andar de braço dado com o objectivo de animação comercial, numa altura do ano em que se prevê uma maior disponibilidade das famílias. Assim sendo, seria de esperar que, neste domínio das decorações natalícias, se actuasse com particular cuidado já que ninguém pretenderá obter o efeito perverso de desagradar e afugentar seja quem for.
Quem será o artista?
No ano corrente, é bem menor a quantidade das iluminações de Natal, na Estefânea e, em especial, no eixo da Heliodoro Salgado. E fico-me por aqui para não me incomodar demasiado. Em termos estéticos, portanto, quanto à qualidade, pode falar-se num inqualificável ciclo de horrores que nenhum detestável lugar mereceria, nem mesmo aquela artéria que se tornou no pavor a que ainda não nos habituámos.
Comecemos com a fonte cibernética, junto a Nunes Carvalho que, há semanas, ostenta aquela armação desconforme, que só podia articular-se com a horrorosa grelha das festas felizes… Que cinismo! Mas, continuando, então o que dizer da zona pedestre onde, para além dos pendurados adornos, cujas formas e cromatismo não têm gosto nem desgosto, colocaram no pavimento outra armação metálica, qual foguete helicoidal que parece pretender simbolizar uma árvore de Natal?
Muito gostaríamos de saber quem é, nos competentes serviços camarários, o artista que encomenda e despacha favoravelmente a instalação destas luminárias, transformando certas zonas de Sintra numa espécie de inconcebível arraial minhoto. No meio de tudo isto, quem fica a rir-se são os tais Irmãos Castro, que lá vão fazendo o seu negócio. Se lhes encomendassem coisa de jeito, certamente que saberiam produzi-la… Toda a gente vê a capacidade de concretização, a logística e a eficácia da empresa. Só lhes falta é interlocutor à altura...
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Festa para Dona Olga
Pela ancestralidade de nações, línguas e formas que nela confluíam, pelas naturais afinidades de gosto e sesibilidade, Olga Cadaval era, genuinamente, a cidadã europeia.
Mais do que a tentadora mas imprescindível alusão a individualidades, impõe-se afirmar um seu atributo fundamental: o sentido ético com o qual esta Senhora, beneficiando das graças que em si se reuniam, sempre procurou orientar para a formação e aperfeiçoamento dos outros os bens que soube convocar. Seu pai, explicava, cedo lhe dissera da responsabilidade que lhes cabia em utilizar esses meios para proporcionar aos outros a afirmaçãodo respectivo valor. E assim veio a ser: programa cumprido com determinação pela vida adiante. Não apenas nos aspectos exteriores e visíveis, mais conhecidos, mas ainda sob forma discreta e reservada, abrangendo a beneficência, a vida espiritual e religiosa.
Segundo a mais exigente afirmação aristocrática - no conhecimento do significado de aristos e do comportamento de elite que daí decorre - sobressai a lição da Parábola dos Talentos (Mateus 25, 14-30) ensinando que os dons entregues por Deus ao homem são gratuitos mas obrigam o cristão a fazer render e frutificar os talentos recebidos. Este dever tornou-se cometimento sistemático de uma existência: Tive presentes extraordinários das pessoas que foram intelectualmente generosas comigo... Dei pouco, recebi muito... Mas não tinha possibilidade de dar tanto quanto recebi, não é? Sim, eles aqui receberam calor humano, amizade, mas o que foi isso comparado com o que me deram? Deram-lhe Rubinstein e Rostropovitch concertos memoráveis que ela por seu turno ofereceu, num Coliseu a estalar (Abril de 72) e, para o Festival de Sintra, num espectáculo vibrante (S. Carlos, Julho de 96). Analogamente, nos anos sessenta, ofereceu à Juventude Musical portuguesa recitais de Nikita Magaloff e Vladimir Ashkenazy. Deram-lhe também presentes extraordinários os muitos jovens artistas que acolheu em casa - para onde convidava um público de amigos - e que escutou em horas memoráveis, palpitantes de música. Entre eles, Barenboim, Jacqueline Du Pré, Uto Ughi, Martha Argerich, Fu-Tsong, Rafael Oroszco, Roberto Szidon... E também (...) Stephan Bishop-Kovacevitch e Nelson Freire - o Nelsonzinho que venceu, com vinte anos, o Concurso Vianna da Motta de 1964 e por quem tinha maternal afecto. (...)
Melhor é a sabedoria do que a valentia diz, numa moeda de ouro de 1724, o mote latino de um dos sete doges seus ancestrais, Alvise III Mocenigo: MELIOR EST SAPIENTIA QUAM VIRES.(...) louvemos a sapiência e a generosa simplicidade com que distribuiu os seus invulgares talentos, multiplicados e enaltecidos no transcurso de toda uma ampla vida."
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Cerca de meia hora antes do início das aulas, os professores começam a chegar. Levando os carros até ao portão, esperam que a auxiliar de educação ali de serviço, no controlo de entradas e saídas, opere a abertura automática da grande cancela. Rapidamente reconhecidos e, uma vez admitidos, vão ocupando os cobiçadíssimos lugares de estacionamento.
Estamos no início do dia. A partir de determinada altura, esgota-se a disponibilidade dentro do recinto escolar já que, naturalmente, é muito limitada a área destinada ao parqueamento de viaturas. Então, ainda há a possibilidade de apanhar vago algum dos mais dez lugares reservados, na rua de acesso ao estabelecimento de ensino. E depois? O que fazem os outros?
Bem, depois, é a bagunça que imaginam. Não há, nas redondezas, buraquinho que fique livre, com prejuízo do direito dos transeuntes, velhos, crianças, deficientes, a quem não resta outra alternativa que não seja a deslocação pelo meio da rua. Mas não nos esqueçamos dos outros, ou seja, os desgraçados que tiveram a desdita de um qualquer atraso.
A campaínha já tocou. O que fazem esses infelizes, ainda agarrados ao volante, olhando à volta, na desesperada procura daquilo que já sabem não existir? Acabam por atirar com o carro para um lugar proibidíssimo, sujeitando-se às consequências. Eventualmente, ficam dependentes da tolerante benevolência de um agente da autoridade que, com o nacional porreirismo que nos caracteriza, em vez de lhe aplicar a multa respectiva, espera que o prevaricador seja avisado.
Um estigma
Certo é que o período matinal, no início das actividades, atinge um pico de stresse que, nunca definitivamente resolvido até ao fim do dia, se vai atenuando porque os interessados chegam e partem em horários desfasados. Porém, tendo em consideração que professores, auxiliares e técnicos administrativos constituem um grupo com cento e muitas pessoas, noventa por cento das quais se desloca no seu transporte individual, não é difícil imaginar a dificuldade de assimilar a acumulação de tanta confusão.
Repare-se que a maior parte destes profissionais do sector da Educação, reside perto ou relativamente próximo do local de trabalho. Não afirmaria peremptoriamente que toda esta gente poderia dispensar o automóvel. Há casos de flagrante inacessibilkidade que justificará o transporte individual, No entanto, mesmo dentre esses, quantos não poderiam deixar os seus carros, em determinada altura do seu trajecto, tomando o transporte público até ao destino?
A verdade não pode ser escamoteada. Sintra continua a apresentar problemas por resolver no domínio do transporte público. Todavia, apesar de todas as críticas mais ou menos pertinentes, mais ou menos contundentes, não está tão mal servida que não possa enquadrar toda essa clientela que para aí anda, sem um pingo de lucidez, agarrada ao automóvel, na presunção de gozar um conforto que, na realidade, lhe vai custar muito caro, especialmente, na farmácia, em calmantes e antidepressivos...
Acontece que, não só em Sintra, um pouco por todo o país, o transporte público - porque será?.. - está de tal modo conotado com falta de qualidade do serviço, insegurança, desleixo e falta de higiene, que ganhou um autêntico estigma. Em geral, ainda que inconscientemente e, na maior parte dos casos, fruto de manifestos preconceitos, o público relaciona o transporte público com os utentes de mais baixo estrato, os diferentes, os infelizes que, de todo em todo, não têm outra hipótese.
Um exemplo para a mudança
Numa sociedade altamente mercantilizada como a nossa, não há produto, por mais complicadas que sejam as suas características, que se não venda através de boas campanhas de promoção na comunicação social. No caso em apreço, impõe-se a adopção de uma estratégia de publicidade institucional, repartida pelas autarquias do concelho, em articulação com os operadores, demonstrando as vantagens, os benefícios na bolsa das famílias, o ganho de qualidade de vida, o combate à poluição ambiente, etc.
Enquanto assim escrevo, lembro uma campanha extremamente bem concebida, há uma boa dúzia de anos, pela comunidade provincial de Salzburg - portanto, não só a cidade mas toda a região envolvente - precisamente com o objectivo de fomentar o transporte público, para o benefício de uma atmosfera mais sã, mais livre da agressão do monóxido de carbono. É uma realidade que conheço particularmente bem, ano após ano, de há muitos anos a esta parte, pelo que também posso dar testemunho dos resultados.
Recorreram a conhecidíssimas figuras públicas, desde políticos locais e nacionais até actores, jornalistas, académicos, grandes músicos, promoveram concursos com prémios, fizeram grandes ofertas de passes de transporte e campanhas de preços reduzidos, conceberam uma caderneta de pontos cujo preenchimento, com um determinado número de viagens, equivalia à oferta de chorudos bónus, na compra de bilhetes para concertos, na entrada de museus, etc., um sem número de iniciativas que, efectivamente, acabou por conquistar muitos dos que ainda andavam arredados.
É um caso concreto de sucesso que só foi possível na medida em que, como tantas vezes tenho assinalado, se actuou integradamente, articulando todas as entidades públicas e privadas que iriam lucrar com tal campanha. Enquanto, entre nós, não procedermos de modo idêntico, vamos tendo como resultado o cenário de terceiro mundo que os adultos criaram, com que as crianças e jovens se vão deseducando. Tal qual, como na escola que hoje trouxe à baila.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Sucesso e insucesso escolar
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Analfabetismos
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Quando se compara números há que ter muito cuidado para não cair na grosseira desonestidade em que têm sido férteis os governantes que, em nome do povo, depois de trinta e tal anos no poder, não conseguem sequer fazer-nos aproximar de índices minimamente satisfatórios. E deixai passar o adjectivo satisfatório, sempre muito difícil de conjugar em matéria tão contundente. Enfim, já que são incapazes de resolver um problema inegavelmente estrutural e difícil, pelo menos, deveriam deixar de ofender a nossa inteligência e capacidade de encaixe, com comparações totalmente inaceitáveis.
Logo à partida, importaria considerar que o Produto Nacional Bruto (PNB) - representando o valor de todos os bens e serviços produzidos numa economia, medida-padrão da riqueza de um país e base para as comparações económicas - nos afasta dramaticamente dos parceiros europeus do clube a que todos pertencemos, em que todos são iguais mas há uns que são muito mais iguais do que os outros.
Só no que respeita o PNB por habitante, Portugal tem pouco menos que quarenta por cento da riqueza da Áustria, cerca de metade da Itália e um terço da Dinamarca! Está claro que a Áustria e a Dinamarca, países que seleccionei porque conheço particularmente bem, também têm os seus pobres que, no entanto, nada, mesmo nada têm a ver com os nossos. Aliás, em relação aos companheiros da União, quase poderia dizer-se que pobres somos todos e não só aqueles que, entre nós, vivem abaixo do limiar da pobreza...
Pobres de Sintra
O conselho de Sintra, com cerca de meio milhão de habitantes, deverá ter qualquer coisa como cem mil pessoas vivendo com menos de 12 Euros por dia e, dentre estes, mais de metade com menos de 8 Euros por dia. A realidade sociocultural que melhor conheço é a do Sistema Educativo que, plenamente, confirma estas extrapolações. Basta consultar as estatísticas dos Apoios Educativos para que não restem dúvidas. Aliás, a Escola mais não faz do que reflectir a realidade social e sociocultural do país.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Ponto e contraponto
Com tal êxito, estamos todos de parabéns, os pais das crianças, as crianças, a empresa que depende da Câmara Municipal de Sintra, os cidadãos em geral. A decisiva aposta na concretização de projectos que tais, constitui marca de esperança num futuro melhor para todos esses miúdos cuja educação, por esta via da música em idade muito precoce, já é diferente e muito mais rica.
Mais uma vez, com o risco de me tornar insuportável, venho lembrar como a solução deste problema não é nada transcendente, não é incomportável em termos de investimento e já poderia ter sido concretizada há anos. Apenas a cerca de trez minutos a pé, do outro lado da linha do combóio - com acesso à Heliodoro Salgado através daquela passagem aérea que é uma vergonha de degradação, por falta de manutenção - está o provisório parque de estacionamento, junto ao edifício de Departamento de Urbanismo, invariavelmente vazio, no horário dos eventos no Centro Cultural Olga Cadaval.
Actuação integrada
Depois de não sei quantas tentativas de alerta, sempre apontando a solução acima mencionada, que ninguém desvaloriza ou contraria, aqui me têm a pedir que, com a máxima urgência, o Senhor Vereador Luís Duque conclua a avaliação que lhe foi solicitada, com a necessidade de a articular com a SintraQuorum e EMES "(...) em termos de funcionamento do parque de estacionamento, visando os dias em que decorrem eventos no Centro Cultural (...)". Se assim o escrevo, mais não faço do que confirmar os termos da carta que me remeteu o Exmo. Senhor Dr. Nuno Fonte, Chefe do Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Sintra, datada de 14 de Março de 2006, portanto, há mais de ano e meio...
Já no passado dia 18 de Setembro, no enquadramento destas Notas Diárias, precisamente acerca deste assunto, subscrevi Alternativa ao caos, um texto em que pormenorizava alguns assuntos afins, aliás na continuação de uma saga que comecei no Jornal de Sintra há tantos anos quantos leva de existência o próprio CCOC. Se quiserem ter a bondade, espreitem o escrito. Não tenho mais nada a acrescentar excepto o recorrente lamento pela sensação de impotência, de não sentir o efeito de uma intervenção cívica que não é individual, já que se limita a exprimir a opinião de tanta gente silenciosa.
Apesar de não se ouvir, o ruído é imenso e natural. E tudo é tanto mais estranho quanto sei que a direcção do CCOC não perfilha a ideia de que seja possível promover um excelente espectáculo, pouco ou nada se importando com o que acontece nas ruas à volta. Assim sendo, ainda mais incompreensível se me apresenta a manutenção de uma situação tão polémica e, para todos, tão desconfortável.
Se as coisas permanecerem como estão, continuarão a diluir-se significativamente os efeitos de benefício cultural e educativo dos programas que a SintraQuorum promove, com o êxito que todos reconhecem. É que aquele Centro Cultural não é uma ilha. Para que as suas iniciativas tenham o vantajoso impacte multifacetado que é suposto, tudo tem que se conjugar no sentido do equilíbrio, da harmonia, de acordo com os ditames do acesso aos bens culturais. Como acontece em qualquer latitude civilizada. Como Sintra merece que aconteça. Ou seja, no contexto de uma estratégia de actuação integrada, coerente com a indissociável perspectiva sistémica.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
fornada de Planos
Amigos!
Sintrenses!
Concidadãos!
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Questão de sinais