sexta-feira, 28 de novembro de 2008
A desilusão dos senadores
Em Sintra, aliás, como em todo o país, neste ano lectivo, está a acontecer um fenómeno deveras preocupante em relação à aposentação de professores dos ensinos básico e secundário. Neste especial período do fim das suas carreiras, sem entrar em pormenores de perfil mais técnico, convém considerar, basicamente, as duas soluções pelas quais estão a optar.
Num primeiro caso estarão todos os professores que, atingindo um mínimo de trinta e três anos de serviço e sessenta e um e meio de idade, aproveitam recente dispositivo legal que lhes concede a possibilidade de uma saída tão rápida quanto possível, sem qualquer penalização de ordem pecuniária, ainda que, de acordo com as novas disposições relativas a aposentação, o Sistema Educativo com eles deveria contar, consoante os casos individuais, durante mais um, dois, três anos.
Poderiam manter-se por mais uns tempos, não é? Pois é. Em condições normais, provavelmente, assim aconteceria. Reparem que, portanto, numa altura de fim de carreira, em que alunos e colegas ainda tanto poderiam beneficiar da sua experiência e dedicação, cortam abrupta, tantas vezes dolorosamente, com uma actividade profissional docente e lectiva que muita abnegação sempre lhes exigiu ao longo de dezenas de anos.
É toda uma cultura de Escola, uma cultura de seniores que não passa, um capital que a comunidade escolar, a comunidade educativa e o Sistema Educativo se dão ao luxo de perder, deixando sair, amargurada, uma série de pessoas que estiveram ao serviço das crianças e dos jovens, cumprindo o que deles esperavam os contribuintes em geral, pais e encarregados de educação em particular.
Não fosse isto suficientemente significativo, ainda se permitem abdicar da conveniência de auferirem um montante de reforma um pouco mais elevado. Dão de barato um dinheiro que, inevitavelmente, lhes faltará num tempo em que nem um Cêntimo se pode desperdiçar. Tudo isto é certo e pertinente. Todavia, invariavelmente, perderam o ânimo.
Em segundo lugar, ainda mais preocupante, é a situação dos colegas que, não tendo reunido as condições mínimas, quer de idade quer do tempo de serviço, decidem abandonar a Escola, com sérias penalizações pecuniárias que, em conhecidos casos de estabelecimentos de ensino, em Sintra, atingem cortes de cerca de vinte por cento. Mas ainda haverá quem se espante perante o que está a acontecer?
Perante uma política educativa sem norte, conduzida por uma equipa ministerial impreparada, sem visão sistémica do complicadíssimo universo que era suposto saber gerir, todos os profissionais da Educação, os professores em especial, foram confrontados com medidas que não podiam tê-los causticado em mais larga medida. Esta equipa de governantes que ocupou a 5 de Outubro em 2005 e, não esqueçamos, também o primeiro ministro, máximo responsável pelo desconchavo – bem podem gabar-se de terem forçado a barra até ao limite máximo.
Assim sendo, em ambas as aludidas situações, há muitos professores que, em Sintra, vão ficando disponíveis para atitudes outras em relação à Escola, à Educação e ao ensino. Vão constituindo, juntamente com aqueles que os precederam em anos recentes, um contingente de senadores que muito bom seria para a comunidade poder contar.
Ora bem. É aqui que entra a minha sugestão ao Senhor Vereador da Câmara Municipal de Sintra com o pelouro da Educação. Porque não constituir, segundo condições a definir, um Senado Escolar, informal órgão consultivo da autarquia, integrando os experientes mestres educadores interessados numa tal iniciativa? Porque não aproveitar a nível local, aquilo que o poder central ousa desperdiçar?
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
algumas perguntas
Se, por um lado, ninguém duvida que o caso do Banco Português de Negócios ainda vai dar muito que falar, por outro e para já, alguns comentadores se interrogam quanto à pressa que houve em consumar uma solução de nacionalização da instituição bancária em apuros, como se esta fosse a única alternativa à proposta apresentada ao Governo pelo Dr. Miguel Cadilhe.
Certamente que os peritos se pronunciarão acerca desta e doutras pertinentes questões cujo sofisticado perfil técnico deveria suscitar ao cidadão comum a prudente reserva em relação a comentários, mais ou menos alinhavados, ao correr da desagradável sensação de ver sair-lhe do bolso uma grossa maquia, comterão portado como pessoas de bem.
Enfim, sendo inegável que a nacionalização do BPN é um facto irreversível, ao ignorante e pagante, inescapável contribuinte, apenas resta a possibilidade de colocar uma ou outra inocente pergunta, sem a preocupação do enquadramento técnico, nas suas vertentes económica, financeira ou jurídica.
Nestes termos, uma primeira interrogação. Muito eu gostaria de saber quanto dinheiro se teria poupado aos cofres públicos se o inefável Dr Vitor Constâncio tivesse actuado, a tempo e horas, conforme dele seria de esperar, na qualidade de supervisor da banca portuguesa, ou seja, uma das poucas competências que lhe resta depois da entrada do país na 'zona euro'.
Por mais que se apresente, quer ao Parlamento quer aos media, encolhendo os ombros e com aquela capa de santo de pau carunchoso que ningém convence, faz a figura tristíssima de alguém que não cumpriu o dever e que prevaricou por palavras, actos e omissões. Tão simples como isto. Dobrado é o escândalo por ser tão principescamente pago, há tantos anos, para tão medíocre prestação de serviço.
Seguida e finalmente, porque não se limita a intervenção do Estado à garantia das verbas que anónimos cidadãos, por esse país fora confiaram a pessoas cuja duvidosa honestidade está sendo sujeita à tardia devassa do Ministério Público? É que, para além do anónimo depositante, ninguém deveria merecer esta consideração de segurança. Os accionistas? Não, de modo algum. Resolveram investir no BPN? Pois fizeram um mau, um péssimo negócio. Que aguentem com as consequências!
Estarei a pensar mal? Parece que não. Tanto mais que, agora, no caso do Banco Privado Português, o inefável governador do Banco de Portugal e o medíocre (classificação do Financial Times) Ministro das Finanças consideram que não se lhe deve acudir porque a actividade da instituição em apreço se articula com especulação na Bolsa. Então como é? Num caso vai acudir-se aos interesses dios accionistas, a coberto da figura da nacionalização e, no outro descartam-se?
Concordando com a segunda posição, como entender a primeira?
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Poderia escrever acerca de uma série de disparates que, quotidianamente, não nos concedem tréguas, engrossando o caudal da matéria sintrense, no registo menos agradável. Por exemplo, continuam os casos do Pego e do designado teleférico para a Pena que, só esses, davam pano para mnangas. Hoje, porém, resolvi intervalar. C'os diabos, também tenho direito...
Não é que tenha muita fé mas bem gostaria que, à momentânea interrupção que proponho, também pudessem corresponder, por parte dos habituais responsáveis, uns momentos de pausa na sua permanente reincidência na asneira.
Não fosse muita ousadia, quase imploraria que os contumazes e relapsos políticos, técnicos, decisores em geral, procurassem um retiro espiritual estratégico, em demanda da lucidez que, cada vez mais, e, tão notoriamente, lhes vai minguando.
De motu proprio seria perfeitamente imprevisível. No entanto, algum dos serviços, entretanto mais agilizados - como tanto gostam de se qualificar - talvez ainda disponha de verba para um qualquer outsorcing que enquadre tão flagrante necessidade de arejamento e de lucidez.
No caso de tal medida não se revelar possível e praticável, e, já que comecei a pisar o terreno da audácia, por aqui continuaria, perguntando se, com o advento natalício, apesar da crise, não haveria por aí um mecenas interessado no patrocínio dessa tão saudável atitude de recolhimento. Grande misericórdia seria, e de alcance inequivocamente favorável.
«Isto» em Sintra chegou a um tal ponto que só vai com orações ao Altíssimo ou, na Sua indisponibilidade, pelo menos, ao mais alto nível. Como Ele deve andar atarefadíssimo, com os pedidos da Rodrigues, do Pinho, já para não falar no Pinto de Sousa, solicitemos a intercessão da Senhora de Fátima que, embora a pouco mais de uns escassos cem quilómetros, tem desprotegido esta terra de maneira confrangedora.
Enfim, Coitada, até se percebe o Seu desinteresse perante uma gente a quem concedeu tanta oportunidade. Mas, por maiores que tenham sido as ocasiões perdidas e os pecados cometidos, a Sua Infinita Misericórdia de Mãe, não permitirá que permaneçamos, neste vale de lágrimas, como desprotegidos rebentos.
Ainda se lembram que comecei por confessar a minha pouca fé? Depois de umas poucas linhas de prosa bastarda, vejam lá no que caí! É o desespero, está visto. Das frustres tentativas de intervenção cívica, já passei a indirecta invocação à Virgem. Está bonito! Espero que me ajudem a não ensandecer...
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
renascida fenix
Eis a transcrição parcial de um artigo do DN do passado dia 18 do corrente:
«PROJECTO PARA O PARQUE SINTRA-CASCAIS SEM PIN
Promotor vai voltar a apresentar pedido de licenciamento
Um mega projecto turístico com quase mil camas no Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC), entre as praias Grande e da Adraga, foi candidato a Potencial Interesse Nacional (PIN) e retirado no dia 3, em véspera do chumbo do Ministério do Ambiente. O promotor do mega projecto turístico, o grupo Vila Galé, disse que vai entregar "em breve" um pedido de licenciamento do empreendimento na Câmara de Sintra.
“O processo está pronto e vai ser entregue na câmara que fará a consulta às várias entidades", afirmou Jorge Rebelo de Almeida, gerente do grupo hoteleiro Vila Galé e promotor do projecto juntamente com a família Antunes, a proprietária dos 55 hectares destinados ao empreendimento, 13 dos quais para construção. (…)
O empreendimento projectado para o PNSC inclui um hotel de apartamentos, 70 moradias, piscinas, restaurantes, um centro de congressos e um SPA, a construir em área da Rede Natura e também protegida pela directiva habitats (aves) e pelo plano de ordenamento do parque e plano da orla costeira (que proíbe a construção junto à costa).
Fonte da Câmara de Sintra disse que "o projecto está parado" e que não deu ainda entrada nos serviços outro, reformulado, para a zona.
O histórico deste projecto turístico remonta aos anos 70, quando um inglês e um alemão começaram a comprar os primeiros pequenos terrenos no Pego, Colares, junto ao mar, conseguindo juntar ao longo dos anos numa única propriedade mais de 50 hectares. A família Antunes comprou o terreno no final da década de 90 com a expectativa de construir um empreendimento turístico, que estava já previsto no Plano de Desenvolvimento Municipal (PDM).
Em 2004, a construção do empreendimento motivou a constituição de um movimento cívico de defesa do PNSC que estuda agora formas de travar nos tribunais nacionais e comunitários o avanço daquele que consideram um grave atentado ambiental. Também a promotora admite lutar em tribunal.» (Lusa)
Sem mais comentários, que a notícia é perfeitamente eloquente, apenas acrescentaria que muito gostaria de não me enganar se, por analogia com situações anteriores, tudo não se conjugasse para que a CMS dê a sua aprovação lá para a semana anterior ao Natal.
Se assim não vier a acontecer, cá estarei para dar a mão à palmatória. Mas, está claro, já com o Novo ano a decorrer que, nestas coisas, preciso é não nos precipitarmos aos primeiros sinais…
De qualquer modo, acreditem, o que eu queria mesmo era não ter de dar razão a um querido amigo que, a propósito deste negócio, ontem mesmo me dizia:
- Isto não é mais do que uma urbanização para venda de moradias a setenta privilegiados. O resto é música…
domingo, 23 de novembro de 2008
Se ontem escrevia que nada tinha a acrescentar ou a retirar a um texto que havia publicado há cerca de um ano sobre as luminárias de Natal, hoje, pelo contrário, tenho mais coisas a dizer.
Não deixa de ser interessante é que, também há um ano, me tinha visto na circunstância de fazer o mesmo que agora e, precisamente, por idêntico motivo, ou seja, a ocorrência de cortes de corrente, em consequência da sobrecarga ou de deficiente manipulação das instalações ad hoc que os Castro de Espinho por aí penduraram, sem o desejável controlo da autarquia.
Acontece que, na passada noite, só aqui na zona da Estefânea, ficámos às escuras por duas vezes, durante períodos mais ou menos longos. Para além da agressão estética nocturna e diurna, ainda nos sujeitamos a tão desagradável resultado que, não raro, como sabem, tem nefastos efeitos na maquinaria electrodoméstica e equipamento informático.
Naturalmente, logo enviei uma mensagem à Câmara Municipal de Sintra solicitando medidas adequadas. Como em tudo o mais, o resultado deve ser o mesmo que no ano passado. Pode bem o munícipe protestar que é para o lado que melhor dormem. Infelizmente, é o que a casa gasta, enfim, a instalada e proverbial cultura do desleixo...
Por isso, estou certo de que continuarão os cortes. Neste, como em todos os demais casos, suposto é que sigamos só os bons exemplos. Ao lembrar a atitude de Eça de Queirós, a propósito daquele episódio da carta que remeteu ao Director da Companhia das Águas, também me apetece perguntar ao luminoso responsável por este sintrense despautério, o que decidirá ele pôr a jeito para o correspondente corte...
sábado, 22 de novembro de 2008
Não tenho uma palavra a acrescentar ou a suprimir ao texto que, há sensivelmente um ano, escrevi acerca do assunto das iluminações natalícias.
Em Sintra - note-se em Sintra, já que o mesmo não direi de outros lugares nacionais e estrangeiros - as iluminárias estão para as ruas, praças e edifícios da terra como o lixo da casa de cada um estaria debaixo dos tapetes em vez de ir para o caixote.
Diz-se que à noite todos os gatos são pardos. Mesmo assim, mesmo no escuro, ainda há quem queira fazer tapar o Sol com a peneira...
Luminárias
Quando chega esta altura do ano, já que não temos outro remédio senão aguentar com as iluminações natalícias, muito gostaríamos de ver uma decoração discreta, adequada às características desta terra, com um mínimo de sofisticação e de bom gosto. Infelizmente, mais uma vez, assim não acontece.
Desde já vos diria que, muito dificilmente poderei aceitar que sejam desperdiçadas verbas de um orçamento, cada vez mais mitigado, em efémeras luminárias que nem às ingénuas criancinhas de colo conseguem agradar. Naturalmente, preferiria ver a autarquia declaradamente preocupada, por exemplo, com a instalação de iluminação permanente, no designado parque de estacionamento do edifício do Urbanismo que, nas noites de eventos no Centro Cultural Olga Cadaval, permitiria arrumar muito automóvel. Enfim, outra seriedade…
Quem conhece lugares congéneres onde, sazonalmente, os enfeites urbanos constituem indispensável motivo de atracção, percebe perfeitamente que me refiro à necessidade de não abastardar ou, sequer, prejudicar locais particularmente interessantes das aldeias, vilas ou cidades e, pelo contrário, tudo fazer no sentido de melhorar o aspecto habitual.
Estes propósitos costumam andar de braço dado com o objectivo de animação comercial, numa altura do ano em que se prevê uma maior disponibilidade das famílias. Assim sendo, seria de esperar que, neste domínio das decorações natalícias, se actuasse com particular cuidado já que ninguém pretenderá obter o efeito perverso de desagradar e afugentar seja quem for.
Quem será o artista?
No ano corrente, é bem menor a quantidade das iluminações de Natal, na Estefânea e, em especial, no eixo da Heliodoro Salgado. E fico-me por aqui para não me incomodar demasiado. Em termos estéticos, portanto, quanto à qualidade, pode falar-se num inqualificável ciclo de horrores que nenhum detestável lugar mereceria, nem mesmo aquela artéria que se tornou no pavor a que ainda não nos habituámos.
Comecemos com a fonte cibernética, junto a Nunes Carvalho que, há semanas, ostenta aquela armação desconforme, que só podia articular-se com a horrorosa grelha das festas felizes… Que cinismo! Mas, continuando, então o que dizer da zona pedestre onde, para além dos pendurados adornos, cujas formas e cromatismo não têm gosto nem desgosto, colocaram no pavimento outra armação metálica, qual foguete helicoidal que parece pretender simbolizar uma árvore de Natal?
Muito gostaríamos de saber quem é, nos competentes serviços camarários, o artista que encomenda e despacha favoravelmente a instalação destas luminárias, transformando certas zonas de Sintra numa espécie de inconcebível arraial minhoto. No meio de tudo isto, quem fica a rir-se são os tais Irmãos Castro, que lá vão fazendo o seu negócio. Se lhes encomendassem coisa de jeito, certamente que saberiam produzi-la… Toda a gente vê a capacidade de concretização, a logística e a eficácia da empresa. Só lhes falta é interlocutor à altura...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Monserrate,
castigo do sucesso? (I Parte)
Um dia destes, um colega e amigo de Viseu, que se deslocara durante três dias a Lisboa, ao pretender aproveitar o intervalo de certa manhã que, inesperadamente, ocorrera num seminário em que estava a participar, resolveu vir a Sintra, expressamente para visitar as obras de restauro em curso no Palácio de Monserrate.
Lembrava-se ele de ter eu dito que, chegando a Sintra, mesmo que não estivesse para o acompanhar, sempre havia um transporte público para Monserrate, ou seja, aquele comboio turístico que, julgava eu, era coisa adquirida e para manter durante muitos anos e bons. De facto, nas minhas andanças diárias, cruzava-me constantemente com o veículo – até já saudando o condutor – não me passando pela cabeça que acabaria tão rapidamente.
Resumindo, que já vai longa a história, não teve outro remédio o meu amigo senão chamar um táxi para se deslocar até ao palácio e regressar à estação da CP, já que escasso era o seu tempo disponível. Naturalmente, algum objectivo eu tenho ao contar o episódio, que não podia ter acabado melhor, com o homem satisfeitíssimo com o que viu.
Assim é. De facto, há um propósito que rematará a história se alguém me explicar que castigo estarão a expiar a Parques de Sintra Monte da Lua – Monserrate, em particular – para, assim tão acintosamente, lhes terem cortado a possibilidade de serem demandados por visitantes em transporte público. Pergunta simples mas, adivinho, resposta um pouco mais complexa.
Sucesso & Inveja
Ou eu muito me engano ou anda por aqui a reles invejazita do costume. Aliás, a partir do momento em que a empresa, nas mãos do actual Conselho de Administração, apagou o rasto de má memória, deixado pelo consulado do biólogo Serra Lopes, e passou a ser um caso de flagrante sucesso, logo começaram a surgir umas vozes muito preocupadas…
Primeiramente, aqui d’el rei, que estavam a fazer escandalosas clareiras, no âmbito das limpezas florestais. Depois, acabaram por sossegar, rendendo-se à evidência de um trabalho, que está a prosseguir de acordo com um plano meticuloso, realizado por profissionais que se sujeitam ao sério escrutínio dos cidadãos, perante quem se têm disponibilizado para as explicações que se impõem.
Agora é o problema do transporte para Monserrate, com a autarquia, sócia da empresa, cedendo às exigências de um transportador que, afinal, acaba por não concretizar a carreira que reivindicava, com isso prejudicando os potenciais passageiros e as naturais expectativas da PSML. Não acham esquisito? E não acham que é tanto mais esquisito quanto está em execução um dos mais ambiciosos e criteriosos planos de recuperação do património de que há memória em Sintra?
Vem a propósito lembrar as amarguradas palavras de José Alfredo da Costa Azevedo, por exemplo, no fim de todo um capítulo dedicado a Monserrate, a propósito da degradação galopante que ali se verificava há dezenas de anos “(…) E aqui tens, leitor amigo, tudo quanto sei contar a respeito daquilo que foi uma das mais lindas propriedades de Sintra e que hoje, tristemente, em poder do estado, está num abandono vergonhoso, tanto a quinta como o palácio (…) Tem esta história, como Vêem , um final muito triste. Mas a história tem que ser feita com verdade. E, neste caso, não temo qualquer desmentido. É uma vergonha? Mas é mesmo assim!...”*
Hoje em dia, a equipa do Prof. Engº António Ressano Garcia Lamas, inverteu todo este quadro de desgraça. Não só quanto a Monserrate, mas também em relação aos outros lugares afectos à PSML – em particular, com uma especial referência para todo o conjunto da Pena – dá gosto, enquanto munícipe, poder ir acompanhando tão interessante campanha de reabilitação, depois de décadas de descrença em que tudo já parecia irremediável.
Uma campanha alegre
Tenho ido a Monserrate sempre que pretendo inteirar-me do que vai acontecendo. Qualquer dos membros do Conselho de Administração, para além do Presidente, os Drs. Manuel Baptista e João Lacerda Tavares, se têm disponibilizado à partilha da informação, com o prazer que neles se adivinha, uma vez que tudo é consistente, verificável através da obra que, inequívoca e paulatinamente, se vai concretizando.
O mesmo acontece com os técnicos, em particular aqueles com quem mais tenho contado, casos do Engº Jaime Ferreira e Arq. Luísa Cortesão ou Dra. Ana Margarida Oliveira Martins, senhores de um entusiasmo contagiante. Como o paraíso não mora por estas terreais paragens, também toda esta boa gente tem os seus pequenos e grandes problemas de operação. Todavia, como o projecto é deveras mobilizador, vão-se vencendo as etapas, com os resultados visíveis que a comunidade pode aquilatar quando, tal como eu, assim o pretender.
Comecei hoje. Continuarei lembrando o exemplo do José Alfredo que devia constituir referência máxima na actuação de qualquer autarca sintrense. Hoje, repito, em sua memória, o franco elogio à actual Monte da Lua. Infelizmente, não é atitude que possa replicar. Ditoso, porém, seria eu se pudesse enaltecer a acção de alguém capaz de colmatar as misérias que o executivo municipal não conseguiu nem consegue pôr cobro, em especial, no centro histórico…
(continua)
Jornal Sintra, 21.11.08, adapt.
…………………………………
* Obras de José Alfredo da Costa Azevedo – II, Recantos e Espaços, Monserrate, pp. 173-203, Câmara Municipal de Sintra ed., Sintra, 1997
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Reabriu ao público o Jardim da Preta. Está muito feliz o meu amigo Adriano Filipe que se fartou de lutar por coisa aparentemente tão simples como isto. Claro que já lá fui. Identifiquei-me à entrada para que, como munícipe e freguês local me franqueassem o acesso. Os guardas são uma simpatia e prestam-se à boa conversa quando, como era o caso, não havia mais nenhum visitante. A propósito, fiquei a saber que um deles é encadernador o que me vai dar um jeitão. Se quiserem, aproveitem a informação...
Dei uma volta ao recinto para constatar o que já previa. Lembram-se daquele canto, mais à direita, onde está o tanque? Então, se não se recordam, melhor é lá dar uma saltada. Vejam a degradação geral, a falta de limpeza e concluam aquilo que não poderão deixar de concluir...
Provavelmente, terei bem entendido as eventuais reservas da Dra. Inês Ferro, directora do Palácio da Vila, relativamente à reabertura do Jardim. Na realidade, aquele canto está numa desgraça e ninguém gosta de dar o flanco em semelhante circunstância. Não menos lamentável é o estado da cantaria, completamente enegrecida, do Esguicho Manuelino, aquela coluna torsa que muitos continuam a designar como pelourinho e que nada tem a ver com semelhante peça. Sabem que está classificado como monumento nacional?
Deixo a sugestão de envolverem alunos da Escola de Recuperação do Património de Sintra nos trabalhos ali indispensáveis. O protocolo não é coisa difícil de concretizar e, como há antecedentes, melhor ainda. E depois, faz-se tudo com a prata da casa. Mas, por favor, actuem depressa. Aquela é uma montra demasiado visível para que nos permitamos o luxo de tal desleixo.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Outonal passeio
Como têm reparado, vai estupendo o Outono em Sintra. É a época por excelência deste incomparável lugar. É a luz deslumbrante de um Sol que, tão docemente, desce sobre as faldas da Serra até à urbe, jamais conseguindo desfazer o sortilégio de sombras perenes e magníficas. São os telúricos odores, tão diferentes em Sintra, na promessa da renovação. É o concerto geral da natureza, em sinfonia que dispensa partitura. Tudo certo e perfeito.
Errada e imperfeita, no entanto, a mão do homem que, há muitos anos, não tem estado à altura do alto privilégio de Sintra. Conjugar o belíssimo Outono, em Sintra, com a infeliz realidade de Sintra, não é exercício fácil mas, inevitavelmente necessário para que não caia o sujeito em depressivo estado de alma...
Como muito prezo os meus amigos e fiéis leitores, pretendo aliviar-vos, ainda que fugazmente, dessa permanente tristeza causada pelas malfeitorias de que Sintra é constante vítima. Por isso, hoje mesmo - e talvez nos próximos dias - proponho que saiam a passear. Não vos convidarei para grande afastamento, descansem os menos habituados a grandes andanças.
Tudo se passa, afinal, no perímetro da Vila velha, numa voltinha em que a beleza não vos larga e espreita, em terra onde tanta e desqualificada gente se tem afadigado no seu aviltamento. Primeiramente, aconselharia o horário da tarde, cerca das quatro, de tal modo que, lá mais para o fim da passeata, aproveitem a tão especial luz crepuscular.
Comecem, então, na Praça da República, junto ao edifício do Turismo, e tomem o caminho da Regaleira. Ah, é verdade, convém não olhar muito atentamente para certos pormenores como, por exemplo, o estado de degradação daquela fonte do outro lado da estrada, à passagem pelos Pizões, porque, caso contrário, ainda soltam uma série de imprecações contra quem, não esqueçam, só deseja o vosso bem...
Chegados àquele esplendoroso monumento arbóreo que é a sobreira dos fetos, junto ao gradeamento da Quinta do Relógio, tomem a vossa direita. Passando o largo e a vizinhança das obras, entrem na Rua Trindade Coelho e prossigam, passando pelas quintas Schindler e do Castanheiro. Estão a internar-se numa parte muito esquecida da Sintra, em que as quintas se sucedem, aliás, como noutros recantos.
Não se contenham. Se vos apetecer e assim vos permitir a necessária agilidade, espreitem sobre os muros, debrucem-se, empoleirem-se, se puderem. Dêem lugar à curiosa criança que continua a andar por aí. Continuem, sempre tendo em consideração as minhas recomendações. Pensem positivo*apesar de se aperceberem do estado em que estão estas propriedades e de tanto quanto há a fazer.
Passados cerca de trezentos metros, vão encontrar uma bifurcação. Desta vez, voltem à direita pelo Caminho dos Castanhaes. Estão a entrar em terra batida e continuam a desfrutar um panorama magnífico, à vossa esquerda, sobre as trazeiras da Vila, baloiçando o olhar entre as vertentes de um minúsculo vale de abundante e colorida vegetação. Agora atravessam a zona onde Eça de Queiroz passou temporadas com a família, numa quinta que, na realidade, até nem era do agrado de sua mulher, D. Emília de Castro (Resende).
Neste momento do trajecto, já trazem a alma lavada. O Outono exerceu em vós o feitiço do costume. Se desconheciam os Castanhaes ou, há muito tempo, deles andavam arredados, perceberam os meus amigos como era acertado o meu conselho. E também o objectivo de vos permitir voltar a sentir uma certa marca sintrense, que os 'responsáveis' ou desconhecem ou, se conhecem, estão positivamente marimbando - desculparão a vulgaridade do verbo - para a sua requalificação.
Mas, c'os diabos, pensem positivo! É que ainda não terminou o passeio, ainda têm de subir uma íngreme e irregular calçada, passar pela Pendoa e por todos aqueles desconchavos desleixados do centro histórico. Portanto, não se deixem acabrunhar pelos pormenores... Olhem, de uma coisa estejam certos, é que o Outono volta todos os anos. Pelo contrário, há para aí uma série de senhores, incapazes de gerir coisa tão especial que, em próximos anos, já não estarão por cá, percebem?
Tenham esperança. Continuem a passear. Reparem nos pormenores à vossa volta. E, por favor, pensando sempre positivo, não se demitam!
*Mas não se confundam. Olhem que o itálico tem que se lhe diga...
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Seteais,
o tanque essencial
Julgo ser da maior pertinência discernir que, no meio de todo este lamentável episódio, se evidencia a forma displicente como o Estado, representado por um alto funcionário, trata o melindre da destruição e transformação do tanque de Seteais. Como não concluir que, nos serviços do Estado, precisamente no IGESPAR, onde tal jamais poderia acontecer, há quem revele uma tão discutível noção de intervenção sobre bens patrimoniais classificados?
A questão é tão mais paradoxal e pertinente que põe em causa princípios de actuação que, no âmbito de compromissos internacionais relacionados com a Defesa do Património, Portugal se obrigou a respeitar. Há décadas que as Cartas de Veneza, de Atenas e até mais recentes, estabelecem princípios e valores que não podem ser feridos com a ligeireza que nos foi comunicada pelo tal senhor arquitecto assessor principal.
Ao lutar pela preservação de um bem patrimonial, preciso é não desviar a atenção do essencial. E o essencial, neste caso, tem a ver com princípios afins da ética na salvaguarda do património, relaciona-se com um problema de filosofia de actuação, assume inequívoca vertente de deontologia. Não perceber isto é confundir a árvore com a floresta.
Sem margem para grandes dúvidas, possível é avançar com a ideia de que a destruição do tanque e o inqualificável híbrido travesti resultante naquela casa de máquinas, na aparente singeleza dos seus contornos, é de tal modo paradigmático que, sem o mínimo exagero, configura os parâmetros indispensáveis à sua abordagem como caso de estudo. Qualquer seminário pega nisto...
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Seteais, pobre tanque
pobre tanque...
Ontem, ao fim da tarde, alguns cidadãos que se têm preocupado com a série de episódios que, tão negativamente, continuam a ferir o sossego do lugar de Seteais, receberam uma mensagem, através de correio electónico que, sem mais comentários, passo a reproduzir na íntegra:
"Exmos Senhores,
Na sequência do v/ e-mail de 5 do corrente, venho esclarecer que a intervenção em curso no Hotel de Seteais obrigou à criação de um espaço coberto para abrigar as bombas de água para rega e para as da própria rede contra incêndios.
Cientes do impacto negativo que necessariamente adviria duma nova construção nos jardins, com essa finalidade, optou-se pela sua instalação no fundo do tanque poente, que se encontrava vazio e abandonado.
A construção em curso será coberta por uma laje impermeabilizada, a qual servirá de fundo a um espelho de água, criando no final da obra a ilusão de um tanque cheio.
Com os melhores cumprimentos.
Luís de Pinho Lopes
Arquitecto Assessor Principal
Instituto Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P.
Palácio Nacional da Ajuda,
1349-021 Lisboa"
Imediatamente, tive conhecimento da reacção de vários destinatários do texto supra que, tal como eu, resolveram responder directamente ao Senhor Arquitecto Luís de Pinho Lopes. Creio que o assunto merece a divulgação da carta que já remeti. Nestas circunstâncias, passo à sua transcrição:
Exmo Senhor
Arquitecto Luís Pinho Lopes
Arquitecto Assessor Principal do IGESPAR
Senhor Arquitecto,
Acuso a recepção do texto que V. Exa. acaba de enviar, através de correio electrónico, acerca da construção de uma casa de máquinas em Seteais, construção essa que, segundo razão apresentada por V. Exa., decorreu da necessidade de, no contexto da intervenção em curso no Hotel de Seteais, criar "(...) um espaço coberto para abrigar as bombas de água para rega e para as da própria rede contra incêndiosda própria rede contra incêndios (...)".
Perante a necessidade em apreço e "(...) ciente do impacte negativo que necessariamente adviria de uma nova construção nos jardins (...)", o IGESPAR não hesitou em despachar favoravelmente a proposta de destruição de um tanque, instalado a poente da propriedade, aproveitando a sua estrutura para concretização do propósito supra enunciado.
Acabo de ler. Incrédulo e perplexo, leio e releio o texto. V. Exa. deixou-me completamente pasmado. Talvez, dentro de alguns dias, consiga eu classificar a atitude do IGESPAR. Todavia, neste momento, sinto-me incapaz de afirmar seja o que for, para além de adjectivar como incrível a ligeireza com que, de uma penada, sem que se lhe tenha colocado qualquer questão, a mínima dúvida, no âmbito de matérias afins da conservação, preservação e restauro, uma entidade com o perfil daquela onde V. Exa. exerce actividade, terá contribuído para a destruição do equipamento em causa.
Porventura, poder-se-ia ter pensado em, enterrar uma insignificante casa de máquinas, em qualquer canto da propriedade, solução que jamais contribuiria para a criação de qualquer impacto negativo, uma vez que, literalmente, remetida para o subsolo, não se veria. Afinal, o tanque estava mais à mão e, quem se mostrava aparentemente preocupado com a criação de impactos negativos, num contexto que os não merece, acabou por destruir um bem patrimonial articulado com um edifício classificado. Para o efeito, travestiu-o, através de uma solução que, em termos estéticos, não só ofende qualquer noção de bom gosto, como também se posiciona contra o espírito do lugar.
Se, na Administração Pública, há serviços onde, quotidianamente, se lida com conceitos tão pertinentes, como o do espírito do lugar - tantas e tantas vezes invocado, sempre que se analisa os argumentos pró e contra de uma projectada intervenção, no contexto da fase de diagnóstico de situação - naturalmente, o IGESPAR evidenciar-se-á pela frequência.
Porque não se me coloca a dúvida de que o conhecimento de tão básico e comum conceito, não faça parte do conjunto de instrumentos de análise que pressupõe actividade prática e quotidiana dos técnicos do IGESPAR, acreditará V. Exa. que é com a maior dificuldade, com inequívoco pudor, que ouso pôr em causa o discernimento que, a montante, terá justificado e prevalecido na decisão de destruir o tanque.
É que, Senhor Arquitecto, permita-me lembrar, o tanque, sumarissimamente referido por V. Exa. como vazio e abandonado, na realidade, fazia parte do tal espírito do lugar. Instalado a poente da propriedade, parte integrante do património da propriedade, também fazia parte de um património virtual, de memórias de milhares de sintrenses e forasteiros que, nas suas caminhadas à volta de Seteais, a caminho da Penha Verde ou de Monserrate, sempre ali se detiveram, numa especial relação com o local.
Como bem sabem os técnicos do IGESPAR que, tão inadvertida quanto inopinadamente, terão avalizado a decisão de o destruir, aquele não era apenas um ingénuo tanque, num particularmente conhecido recanto da propriedade de Seteais. Tanto não era que bem o demonstra o equipamento de lazer, ainda hoje bem visível, à cota alta, apenas uns dois metros acima.
Refiro-me, como V. Exa. e os técnicos do IGESPAR bem conhecem, ao balcão dotado de uma série de bancos, do tipo conversadeira, aliás, muito bem integrados e enquadrados por uma vegetação em íntima afinidade. O tanque, Senhor Arquitecto, era parte integrante de um bem patente, inequívoco e evidente dispositivo de lazer que articulava com a restante propriedade.
Verdade é que estava vazio. Não menos verdade é que estava abandonado, muito naturalmente, devido à incúria do concessionário do hotel, cujos objectivos não passavam pela preservação de tal equipamento. Contudo, Senhor Arquitecto, tal situação de abandono que, em normais circunstâncias, animaria o proprietário - o Estado Português, agora localmente representado pela empresa de capitais públicos Parques de Sintra Monte da Lua - à necessidade da recuperação da peça, lamentavelmente, acabou por provocar uma atitude de inqualificável desprezo por parte do IGESPAR, afinal, a última entidade que se consideraria possível a patrocinar um tal desconchavo.
Como V. Exa. sabe, Senhor Arquitecto, para que seja considerado objecto a preservar, independentemente da sua eventual classificação, um bem patrimonial pode ser coisa bem simples, ingénua. De qualquer modo, sempre estará afectado por particular sofisticação e sempre, sempre relacionado com a história, com o espírito do lugar e em íntima articulação com as pessoas. Com todos estes items em presença, o simples facto de estar abandonado e vazio não podia ser lido, entendido, como peça a abater.
De facto foi abatido, irremediavelmente destruído o tanque. E tudo tem vindo a acontecer, ao longo de meses, apesar de ter suscitado um movimento de opinião, de o assunto ter sido levado a reunião pública do executivo autárquico e a sessão da Assembleia Municipal de Sintra, embora tenha sido enviada correspondência ao IGESPAR manifestando o desagrado da população e de ter sido presente queixa à UNESCO, junto da delegação portuguesa e em Paris, de terem saído artigos na imprensa e publicadas inúmeras mensagens na blogosfera. Consumou-se a destruição.
E, por fim, Senhor Arquitecto, como se não nos bastasse a ofensa de que fomos objecto - de ter sido subtraído à memória colectiva um bem que tanto significado tinha para a comunidade, substituindo-o por uma prosaica casa de máquinas - ainda se permite V. Exa., em nome do IGESPAR, vir desassossegar-nos com a confirmação daquilo que já sabíamos há muito, ou seja, que "(...) A construção em curso será coberta por uma laje impermeabilizada, a qual servirá de fundo a um espelho de água, criando no final da obra a ilusão de um tanque cheio."
Efectivamente, Senhor Arquitecto, para rematar tanta controvérsia, o IGESPAR não podia ter dado cobertura a solução tão polémica como a cosmética de um ilusionismo de tão flagrante mau gosto, que resvala nos limites do mais pacóvio novo riquismo, algo que, tão sincera e desassombradamente como todas as precedentes palavras, lhe confirmo que não esperava.
Há um facto consumado de destruição mas o assunto não está encerrado. E, a propósito, Senhor Arquitecto, encerrado, isso sim, e com o aval do IGESPAR, está o terreiro de Seteais, medida altamente discutível que não esgota o rol de infelizes decisões na zona. Há dias, convém lembrar, outra ofensa, desta feita ao Poder Local, na pessoa do Presidente da Junta de freguesia de São Martinho, a quem o concessionário do hotel se permitiu recusar a entrada no recinto, depois de o autarca se ter identificado e anunciado que ia em missão de esclarecimento.
Mesmo defronte, na Quinta do Vale dos Anjos, está em curso a designada reconstrução de uma casa de habitação, licenciada pela Câmara Municipal de Sintra, cujo processo já está nas mãos do douto Tribunal Administrativo local.
A história de Seteais, em particular a luta pela manutenção de um acesso público ao local, ao longo de mais de duzentos anos, salpicados de curiosas peripécias, faz parte da História e prossegue, nos nossos dias, com o acrescento destes lamentáveis episódios. No entanto, apesar dos erros de percurso, as instituições continuam a funcionar e, como outrora, com os cidadãos atentos ao desenrolar dos factos, honrando a dignidade de uma nobre herança, plasmada nas posições de tantos sintrenses, que José Alfredo da Costa Azevedo tão bem relatou.
Finalmente, cumpre destacar que o IGESPAR se tem dado ao cuidado de responder às tomadas de posição que lhe têm dirigido alguns cidadãos, entre os quais me incluo. Pela raridade da atitude, não deixo de a assinalar, ao subscrever-me,
Com os melhores cumprimentos,
João Cachado
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Cumpre agora perguntar:
Em Seteais, o que mais nos reservará o próximo futuro?
Com o tipo de atitudes com que, tão amiúde, temos sido confrontados, só podemos concluir que eles consideram poder fazer o que lhes aprouver, contando com a proverbial aquiescência da maioria dos cidadãos.
Todavia, é inequívoco que o grupo em que me incluo já assumiu não se enquadrar nessa maioria, providencialmente adormecida, mesmo a jeito para a consecução de todas as arbitrariedades. Portanto, sejam quais forem as novidades, apenas nos resta continuar, consequentes com os princípios que afirmamos e defendemos.
E apenas mais uma palavra, acerca de quem continua afirmando-se se agente da Defesa do Património de Sintra, embora mantenha uma postura de estratégica ausência, em resultado de compromissos vários e atávicos receios, incompatível com os ataques sistemáticos de que Sintra é vítima permanente. Concedamos-lhes, portanto, o lugar de doce adormecimento que decidiram privilegiar...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
artigo publicado no Jornal de Sintra em 17.02.06
(conclusão)
"Vale da Raposa,
Estacionamento em debate
"(...) Estacionamento, cenas impróprias
Onze da manhã do passado sábado. Mantém-se praticamente deserto o terreiro junto ao edifício do Urbanismo, que funciona como parque de estacionamento informal, acolhendo centenas de automóveis nos dias úteis. Através da passagem sobre a linha férrea, chegar ao Centro Cultural Olga Cadaval - onde decorreria a sessão de apresentação de um sistema de segurança para táxis – não demora mais do que três minutos. *
Em qualquer país civilizado seria a coisa mais natural estacionar ali os carros os carros oficiais e privados e, como era o caso, em circunstância que não determinava a adopção de especiais medidas de segurança. Mas não em Portugal, não em Sintra onde vinga a atitude habitual, pacóvia e de mau gosto [que a foto testemunha]. O efémero poder instituído estaciona os Mercedes ao desbarato, sobre a calçada à portuguesa, enquanto motoristas esperam que Suas Excelências se despachem dos respectivos cuidados para, um pouco mais tarde, as levarem aos importantíssimos destinos.
Naturalmente, não faço reparos aos industriais de carros de aluguer nem aos gerentes da empresa de telemóveis, também envolvidos no encontro, que terão seguido o exemplo dos representantes do Ministério da Administração Interna, da Câmara Municipal de Sintra, da PSP de Sintra, permitindo-se ofender quem não tem outro remédio senão pagar os impostos que cobrem as despesas de tão lamentáveis despropósitos.
E nem sequer me pronuncio quanto ao desrespeito à memória de Francisco Sá Carneiro e da Senhora Marquesa de Cadaval ali homenageados a título perpétuo. Se a falta de nível tem limites, o abuso é perfeitamente intolerável!...
........................................................
* Na maior parte dos casos, poderia evitar-se o entupimento a que Sintra fica sujeita quando há espectáculos no Centro Cultural e os carros são caoticamente arrumados por ali à trouxe-mouxe. Já não sei que mais fazer, chamando a atenção à PSP, à Junta de Freguesia, à Câmara Municipal e à SintraQuorum para a vantagem da conjugação de esforços no sentido de indicarem este parque aos espectadores…
Como a falta de civismo é o que se sabe e a iliteracia atinge níveis incomportáveis, não admira que, na Estefânea, em tais alturas, a situação seja altamente perigosa. Sem autoridade a funcionar, não disciplinando os comportamentos abusivos, fica instalado um regime residual de insurreição que parece ninguém incomodar. Num quadro de terceiro mundo, não quero assumir o cargo de pitonisa de serviço. Mas estou cansado de avisar para inevitabilidade da ocorrência de sérios incidentes. É tão frustrante…"
Fim da transcrição
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Bem, como sabem, até hoje, nada mudou. Absolutamente nada! Tanta falta de operacionalidade, tanto desinteresse pela qualidade de vida dos munícipes, tanta arrogância atingem uma escala inqualificável.
Por isso hão-de perdoar que, há alguns dias, tivesse sorrido perante uma das propostas saídas do encontro-jantar que a Alagamares promoveu para debater matéria afim da alteração do Plano Director Municipal. Relacionava-se o alvitre com o aproveitamento do parque de estacionamento que circunda o edifício do departamento do Urbanismo, na Portela.
Como costuma dizer-se, para esse peditório já eu contribuí não sei quantas vezes... Só para terem uma ideia do desconchavo, conservo em meu poder uma carta datada de 14 de Março de 2006 do Senhor Dr. Nuno Fonte, Chefe do Gabinete do Exmo. Senhor Presidente da Câmara, em resposta a uma que remeti em Novembro do ano anterior, através da qual me informava "(...) que foi pedida a avaliação do Senhor Vereador Luís Duque, assim como um pedido de articulação entre a Sintraquorum e a Emes (...) visando os dias em que decorrem eventos no Centro Cultural."
Pela leitura do artigo supra, verificarão que propunha o estacionamento das viaturas dos espectadores dos eventos no Centro Cultural Olga Cadaval no parque em questão que, como sabem, fica a duzentos metros, do outro lado da linha. Claro que as minhas diligências remontam muito antes ao ano de 2005, praticamente à altura em que me apercebi que o CCOC, entre outros graves defeitos de concepção, também não seria dotado de parque de estacionamento. Enviei cartas para todas as entidades envolvidas, desde a força policial e bombeiros, à Câmara, à Junta de Freguesia, à Sintraquorum. E ninguém mexeu uma palha...
Lamentavelmente, a situação em nada se alterou. Os responsáveis do costume estão todos descansados e fazem muito bem as suas digestões. Entretanto, por exemplo, no Bairro das Flores, deixou de viver um casal com uma criança asmática que, certa noite de espectáculo no Olga Cadaval, não conseguia saír de casa, para ir socorrer o filho ao hospital, porque o seu carro que estava completamente atranvancado por outros automóveis. A mãe da criança promoveu abaixo assinado e tudo o mais e nada se resolveu...
Não só nessas noites de espectáculo, naquele bairro e ruas vizinhas, Praceta Francisco Sá Carneiro, na Rua Câmara Pestana, é tão caótico o estacionamento que, se ocorrer algum sinistro, uma viatura de socorro, pura e simplesmente, não consegue passar. Aliás, como não podia deixar de ser, já aconteceu. Se, porventura, também houver um velório nas capelas mortuárias da igreja de São Miguel, o perigo é altamente potenciado. Entretanto, o parque de estacionamento que circunda o edifício do Departamento do Urbanismo fica deserto, vazio...
Que irresponsabilidade é esta? Que gente é esta? Como pode isto aturar-se? Como pode perpetuar-se uma situação destas cuja solução, afinal, é tão fácil, tão expedita?
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Artigo publicado no Jornal de Sintra em 17.02.06
"Vale da Raposa,
estacionamento em debate
A anunciada intenção de apresentar um projecto para a construção de um parque de estacionamento no Vale da Raposa, quanto mais não seja, tem o mérito de suscitar a conveniente reflexão acerca da questão crucial do estacionamento na sede do concelho.
Na verdade, oportunidades não têm faltado no sentido de concretizar uma séria atitude de discussão do assunto. Por exemplo, o caso da Volta do Duche e a luta que mobilizou tanta gente em Sintra no fim de 2001 - ao ponto de ser considerado, em 12 de Abril de 2003, pelo Semanário Expresso, como um movimento exemplar de cidadania - deveria ter sido aproveitado para desencadear o correspondente debate das ideias em jogo. Infelizmente assim não aconteceu.
Apesar do êxito subsequente ao envolvimento cívico de cidadãos nas manifestações públicas, dos abaixo-assinados com milhares de assinaturas de nacionais e estrangeiros, da participação dos mais destacados nomes da arquitectura paisagista portuguesa, de artistas, escritores, ambientalistas, intelectuais em geral, não houve capacidade para, posteriormente, levar a cabo o resto do trabalho, ou seja, discutir, fazer luz, que permita participar lucidamente na decisão.
Como já escrevi noutra oportunidade, deste pecado não se penitencia o Jornal de Sintra que ao assunto tem dispensado grande atenção. No que individualmente me respeita, a estas páginas tenho tentado trazer uma opinião que privilegie soluções globais, não contemplando qualquer estratégia casuística. Pelo contrário, impõe-se, ninguém duvide, uma actuação integrada que tenha em consideração todas, mesmo todas, as diversas componentes em presença.
O que está em causa
Isto não significa apenas o equacionar do estacionamento em parques periféricos, não só articulado com bolsas de pequena e média dimensão mais próximas do centro histórico mas também com o parqueamento das viaturas de residentes e comerciantes. Se assim fosse ou estivesse a ser pensado, já nos poderíamos dar por muito felizes… Seria sintoma de uma abordagem minimamente abrangente que, até hoje, nem sequer anunciada foi.
Infelizmente, é sabido como, em geral, a falta de preparação da classe política, a sua proverbial incultura, por um lado, a obediência a interesses de caris partidário e o calendário político, por outro, têm constituído sérios obstáculos à concretização das únicas e correctas práticas de administração da coisa pública que conheço capazes de erradicar o espírito de capelinha instalado nos serviços. Todavia, trabalhar integradamente, com diversos pelouros envolvidos, em perfeita coordenação, não faz parte da nossa cultura mas revela-se absolutamente vital.
Efectivamente, a situação de Sintra está de tal modo inquinada, atrasada e obsoleta que são indispensáveis outras medidas simultâneas, de inequívoca afinidade, decorrente dos diagnósticos de situação que apenas permitem ter a análise sistémica como paradigma. E, caro leitor, qualquer rápido exercício de análise sistémica, não poderá deixar de levar à conclusão de que as várias modalidades previsíveis de estacionamento que facilitem o acesso à sede do concelho e ao seu centro histórico, igualmente pressupõem:
- a mais íntima relação com um sistema integrado de transportes públicos;
- operacionalização de um regime civilizado e expedito de distribuição de mercadorias, com cargas e descargas em horários adequados;
- alteração profunda dos fluxos de tráfego, actualmente labirínticos, perigosos, psicológica e economicamente desgastantes;
- a restrição de circulação em determinadas vias que passariam a estar condicionadas a veículos de emergência, táxis, residentes e comerciantes.
Já tantas vezes me pronunciei, (JS, 20.12.02, 31.01.03, 17.04.03, 17.11.03, 28.11.03, 18.06.04, 24.09. 04, 04.03.05, 09.09.05, 09.12.05, só para mencionar alguns dos artigos publicados neste jornal) até com certo detalhe, acerca de cada um daqueles quatro items de intervenção articulada, que me reservo para futuros contributos durante as sessões de esclarecimento e debate a concretizar no próximo futuro. Inevitavelmente, tanto quanto me parece, tais reuniões deverão contar com a presença empenhada dos presidentes das Juntas de Freguesia da AFRESINTRA uma vez que o assunto também é deles.
Acabo de ter um contacto com o Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel durante o qual Eduardo Casinhas se mostrou profundamente empenhado na iniciativa de promover a discussão do problema do estacionamento na freguesia e, portanto, também disponível para a abordagem das intenções objecto do projecto para o Vale da Raposa que referi haverá que o diálogo democrático não resolva.
na semana passada.
Pedagogia cívica
Apesar de ter sido anunciado de modo que não evitou a natural reacção de rejeição dos cidadãos habitualmente preocupados com este tipo de questões, o projecto não pode deixar de merecer atenção. Não pode nem deve ser hostilizado pelo que, tê-lo na devida consideração, há-de constituir oportunidade para fazer a pedagogia de quem ainda não adquiriu as certezas dos que, à partida, recusam liminarmente qualquer possibilidade da sua realização.
É o momento de todos quantos se sentirem mobilizados aparecerem no ciclo de reuniões que Eduardo Casinhas vai anunciar proximamente. Autarcas, técnicos, representantes das associações, cidadãos munícipes de Sintra, em geral, fregueses de Santa Maria e do bairro da Estefânea, em particular, sociólogos, comerciantes, arquitectos paisagistas, engenheiros do ambiente, professores e alunos das escolas, todos aprendendo e, com todos, partilhando as decisões.
Há muita discussão a fazer. Há muitos argumentos a confrontar, mas à volta da mesa, de tal modo que não seja necessário ir para a rua fazer valer a força da razão, como o foi, no caso da Volta do Duche. Vamos evitar as lamentáveis consequências da inabilidade política da autarquia que, em 2001, apresentou um facto irremediavelmente consumado, sustentado por uma solução altamente polémica. Por muito polémicas que, actualmente, as propostas se apresentem, nada haverá que o diálogo democrático não resolva. (...)"
(continua)
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
"Louvar Amar
(...)
Sintra é o único lugar do país em que a História se fez jardim. Porque toda a sua legenda converge para aí e os seus próprios monumentos falam menos do passado do que de um eterno presente de verdura. (...)
Mas é de pedir e de desejar que a cidade a não invada com o desembaraço expeditivo de quando expulsa dela o paraíso para o inferno entrar. Que esse inferno passe de largo com a perda da esperança, para que ela e o mais aqui continuem. Porque, como numa mesquita ou em certas salas reservadas, há que deixar à porta o que de impureza arrastamos com os pés. (...)
Um banco e uma sombra tranquiliza-nos do nosso excesso e é possível então ouvir em nós a voz que outras vozes ensurdeceram. Amar o seu silêncio, a frescura inicial da alma, a História e monumentos feitos elementos da Natureza. Amar a legenda sempre recente, a memória breve, a iniciação à alegria que não cansa.
Louvar Sintra. Amar Sintra"
Vergílio Ferreira
Fontanelas, 18 de Junho de 1994
..........................................
Esta a Sintra-Sintra tão genesíaca como agredida,
indefesa, cercada, afligida pela urbe.
Esta a Sintra-Sintra, altar conspurcado por pacóvios,
videirinhos e politiqueiros de pacotilha,
ignorantes e parasitas, que não consegue expulsar.
Vergílio Ferreira escreve
sobre uma esperança que não está perdida.
Perante muito concretos desafios,
é possível resistir. Se necessário,
lutar de chicote em riste,
como O Outro fez aos vendilhões do templo.
sábado, 8 de novembro de 2008
“Cintra is too good a place
for the Portuguese;
it is only fit for us Goths,
for Germans or English”…
Perante o que Sintra se tornou -
claro que sempre me refiro a
Sintra-Sintra e não a esses
descaracterizados subúrbios
do concelho que tanto têm a ver
com Sintra como Santa Iria de Azoia... -
é caso para que nos perguntemos sobre
o que temos feito no sentido
de contrariar esta asserção.
Embora, ainda hoje, infelizmente,
as circunstâncias continuem a apontar
para a razão da arrogância de
Lord Southey que, em 1800,
peregrinando por estas bandas, se permitiu
escrever palavras que nos soam
tão desagradavelmente;
ainda que nos recusemos admitir que
tais termos se apliquem
aos portugueses em geral,
não podemos deixar de convir
que, plena e totalmente,
se adequam a uma série de
pacóvios em quem delegámos
o poder de desgovernar
esta terra. Fosse Sintra parte
da Alemanha, da Áustria ou
da Inglaterra, por exemplo,
alguém duvida que estaria
nesta desgraça?
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Concluo a transcrição de um artigo publicado
no Jornal de Sintra que, infelizmente,
não perdeu oportunidade apesar de
terem passado mais de um bom par de anos.
Acerca do mesmo assunto, como hão-de verificar
nos próximos dias, tenho apresentado
outros contributos, sem qualquer veleidade
de originalidade, tentando privilegiar
uma perspectiva integrada e sistémica.
Não será preciso recorrer
ao exemplo de situações de sucesso
no estrangeiro. Aqui bem perto, em Cascais,
já foram adoptadas soluções congéneres.
Enfim, Estoril-Cascais não só é outro Portugal
mas também algo da melhor Europa.
Que pena, em Sintra, o adiamento
de práticas testadas que, na verdade,
resolvem os problemas com que,
há tantos anos, se confronta perante
a inoperância e incompetência de
sucessivos executivos autárquicos.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Parques de estacionamento,
por favor!
(conclusão)
Regaleira? Apenas um exemplo
Mas não quero furtar-me ao desafio do leitor preocupado com o estacionamento junto à Regaleira. Então aquele quadro de terceiro mundo que a fotografia denuncia é uma inevitabilidade? Claro que não é. E importa notar que, não sendo isolado, o caso da Regaleira é aludido aqui, tão somente, como exemplo paradigmático. De uma coisa podem estar todos certos: estacioinamento, em cima dos passeios, junto à Regaleira, é algo que deixará de existir, apesar de fazer muito jeito aos turistas e até a certos senhores que trabalham na Cultursintra…
Vamos ao caso concreto. Independentemente da possibilidade de acesso por outras vias, incluindo a pedonal, tão saudável para quem queira meter pés ao caminho, poderia perfeitamente funcionar um circuito de mini autocarro, idêntico aos que já se concretizam, saindo da Portela e terminando em Monserrate, com paragens nos Paços do Concelho, Volta do Duche, Igreja de São Martinho, Regaleira e Seteais.
O visitante deixaria o automóvel no parque e, de acordo com a sua disponibilidade de tempo, poderia descer na Vila Velha para ir ao Palácio, comer e comprar as queijadas para, mais tarde, sempre com o mesmo título de estacionamento-transporte, retomar a linha do mini-autocarro que o levaria à Regaleira e, assim sucessivamente, ou não, até se decidir regressar ao carro.
Imaginação… com realismo
Outras sugestões de circuitos poderia avançar, a estudar e a avaliar por técnicos competentes: desde o Ramalhão ao Roseiral, com paragens em Chão de Meninos, São Pedro, Santa Maria e Fonte da Sabuga; desde Lourel à estação central da CP, com paragens na Estefânea, Paços do Concelho, Volta do Duche e Vila Vela; desde a Ribeira à Pena, com paragem na Correnteza, Paços do Concelho, Volta do Duche,Vila Velha, Parque das Merendas e Castelo dos Mouros. Naturalmente, seria sempre possível a aquisição de um módulo global de acesso a toda a rede, por um ou mais dias.
Como tantas vezes tenho lembrado, estas soluções do futuro contemplarão também o regime de cargas e descargas, o encerramento de certas vias e o acesso condicionado das viaturas prioritárias, de residentes e dos comerciantes.
Utopia? Não, isto é o que se faz em todo o mundo civilizado. Não é preciso inventar seja o que for. Independentemente da escala dos lugares - Sintra é um caso, Évora outro e Torres Vedras outro ainda – a solução do transporte cuja tarifa inclui o preço do estacionamento é algo que está muito generalizado. A criatividade fica reservada a quem estuda os circuitos, os horários, prevendo a possibilidade de cruzar as ofertas em presença, de tal modo que o utente se sinta confortável seja qual for a decisão quanto aos destinos seleccionados.
Neste domínio, não é necessário apelar à ousadia. Deixemo-la para outras batalhas. Para ganhar esta, contra o desleixo, pela disciplina e correcção do acesso ao centro histórico e aos monumentos, através de soluções tão razoáveis como pertinentes e civilizadas, basta copiar o que acontece em certos lugares nacionais e estrangeiros para onde o cidadão comum não precisa nem deve olhar invejosamente.
Publicado no Jornal de Sintra em 19.05.06
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Nos últimos anos, muito antes do advento do sintradoavesso, tenho escrito no Jornal de Sintra, dezenas e dezenas de páginas acerca de problemas que afligem o quotidiano da vida sintrense, em particular no centro vital da sede do concelho. Na economia de tais escritos, a questão do estacionamento evidencia-se com particular destaque.
Nada surpreende que assim seja na medida em que se trata de questão absolutamente crucial, cuja resolução contribuirá para a melhoria inequívoca da qualidade de vida dos munícipes. A verdade é que, os anos sucedem-se, os mandatos do executivo autárquico sucedem-se e, infelizmente, a Câmara Municipal de Sintra nada tem feito, nada, absolutamente nada, para remediar tão crítica situação.
Atacar o problema, começar e acabar por resolvê-lo contribuirá, não só para beneficiar sectores, como o do comércio local que, mais directamente, têm reivindicado a urgência das medidas afins, mas também muitos outros, nomeadamente o da defesa e recuperação dos bens patrimomiais, cujo acesso é matéria crítica, a merecer especial cuidado nas latitudes civilizadas, das quais Sintra já esteve mais perto, delas se afastando preocupantemente.
Mais recentemente, apenas a Alagamares tem sabido dar pública expressão a este mal de vivre. Naturalmente, revejo-me totalmente nessas posições e, com o propósito de, mais uma vez, sublinhar a circunstância, inicio hoje a transcrição de artigos que subscrevi no semanário sintrense que, há tanto tempo e tão frequentemente, tem acolhido a minha prosa.
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
artigo publicado no Jornal de Sintra,19.05.06
Parques de estacionamento,
por favor!
Na sequência do artigo publicado na semana passada, encontrei um leitor que me interpelou, afirmando ter lido, com especial atenção, a introdução e o final onde, a propósito do lançamento da edição deste ano do Festival de Sintra, me reportava a algumas questões que permanecem por resolver no concelho adiado.
Ficara o senhor a pensar no caso do estacionamento junto à Quinta da Regaleira, interrogando-se quanto ao modo de resolver uma questão que, na sua opinião, aparentemente, não tem remédio. E, deveras preocupado, perguntava-me que solução tinha eu para o problema já que, lembrava-me, não basta apontar os males, impondo-se que sejam avançadas alternativas para sua correcção.
Naturalmente, não posso estar mais de acordo. No entanto, aquela era uma observação que não me atinge minimamente. Só por meu intermédio, o Jornal de Sintra dedica muitas páginas ao assunto da circulação e do estacionamento no centro histórico de Sintra, através das quais, repetidamente, insisto, tenho apresentado o conjunto de medidas consideradas indispensáveis à viabilização das soluções mais pertinentes.
Outra vez, nestas colunas
De facto, apenas falo por mim. Mas o que me tenho permitido opinar é tão consensual, tanto a nível nacional como internacional, que não me resta qualquer dúvida quanto a estar-se perante um apertado leque de hipóteses de trabalho, realmente operacionais e eficazes, no âmbito das quais o grande objectivo será sempre o de condicionar o acesso, a permanência e o estacionamento do transporte individual.
Aliás, as soluções concretizáveis não têm direitos de autor e, relativamente a cidades e vilas com centros históricos objecto da atenção e dos cuidados inerentes à preservação e conservação do seu património, como é o flagrante caso de Sintra, o caminho a percorrer não poderá ser de sinal contrário, apesar das pequenas bolsas de estacionamento já existentes cujas condições actuais deverão ser significativamente melhoradas.
Poder-se-á afirmar que há problemas para financiar as soluções que já estão equacionadas, em função de diagnósticos oportunamente realizados. Igualmente, poderão advogar-se discutíveis critérios de prioridade quando se está em presença de uma questão de tal modo estruturante que, tão decisivamente, condiciona a qualidade de vida e a viabilidade de projectos da mais diferente natureza, cultural, educacional, turística, comercial, a montante e a jusante.
Inadiável
Em termos gerais, os autarcas já não dispõem de margem para mais adiamento relativamente à instalação de parques de estacionamento periféricos, estrategicamente localizados, de dimensões variáveis, com inequívocas condições de higiene e segurança onde, mediante tarifas diferenciadas, consoante percursos pré seleccionados e disponíveis, os utentes possam deixar as suas viaturas e dirigirem-se aos seus destinos perfeitamente descansados.
Quando estiver em funcionamento um modelar sistema integrado de transportes colectivos de Sintra, é previsível, para além dos meios já existente - ou seja, táxis, autocarros de capacidade variada, eléctricos e os trens de tracção animal - a concretização de projectos antigos e recentes que, por exemplo, poderão passar pela instalação de duas linhas de funicular, uma entre a zona da Ribeira e o Parque da Pena, com estação intermédia em Rio do Porto-Vila Velha, outra entre Ramalhão e Santa Eufémia.
Ribeira e Ramalhão, juntamente com Lourel-Campo Raso funcionariam como parques periféricos e interface a partir dos quais seriam propostas linhas que, exaustivamente, contemplassem todos os destinos, quer os das zonas onde os serviços estão instalados quer os percursos dos parques históricos e monumentos, incluindo o centro histórico.
(continua)
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
"(...) chamou-me a atenção esta sua história sobre a Sarrazola.
Então a Câmara Municipal de Sintra não aceitou a oferta da Sarrazola
e foi construir um edifício novo em Odrinhas,
desperdiçando as instalações do Ministério da Agricultura?
A CMS estava assim tão rica para um luxo daqueles?
Era bom ter acesso à resolução da Câmara para entender as razões.
No meio de tudo isto, ainda bem que actualmente a Sarrazola
está a cumprir o destino que o Dr. Brandão de Vasconcelos
deixou escrito no seu testamento.
Também lamento que depois do investimento da Câmara
na escola de Odrinhas, afinal esteja às moscas.
Com os cumprimentos de Álvaro Madeira"
Para hoje tinha preparado a publicação de matéria completamente diferente. Todavia, ao abrir o escritório, deparei com esta mensagem do professor Álvaro Madeira, como comentário aos meus textos aqui publicados nos passados dias 30 e 31 de Outubro e na sequência de anterior artigo no Jornal de Sintra (24.1008).
Particularmente pertinente, no texto em epígrafe, me pareceu aquela alusão à possibilidade de consultar os documentos afins da resolução da Câmara, no sentido de não aceitar a oferta das instalações do Ministério da Agricultura. A propósito, cumpre lembrar que, passados anos e anos de vandalismo militante, por fim, foram dignamente ocupadas pela Escola Profissional D. Alda Brandão de Vasconcelos, com manifesto sucesso de frequência.
Naquela altura, embora fosse professor da Escola de Recuperação do Património de Sintra e, como escrevi, tivesse participado na reunião em que a técnica do Ministério da Agricultura apresentou a sedutora proposta, em nome do seu Director-Geral, confesso que não tenho suporte documental que sequer me habilite à datação de quaisquer sessões de trabalho afins, em meados dos anos noventa, talvez 1995/96.
No entanto, todo este assunto há-de constar, não só da Acta das reuniões havidas no Departamento do Ensino Secundário do Ministério da Educação, na Av. 24 de Julho em Lisboa, para o efeito da instalação do Curso que veio a designar-se como Gestão de Espaços Verdes, mas também do arquivo da EPRP e da própria CMS. A então Presidente da Câmara, Dra. Edite Estrela, autarca cautelosa quanto à espalda documental das suas decisões, certamente não terá descurado a questão.
Aqui fica a sugestão de investigar. Sem dúvida que pode ser assunto objecto de interesse, quanto mais não seja, para a História da Educação no concelho de Sintra. Infelizmente, não me sobra tempo para o efeito mas estou à disposição de quem se habilite à tarefa.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
(conclusão)
Assim rezava o primeiro aviso: Nº de Pisos acima da cota soleira: 2; Nº de Pisos abaixo da cota soleira:1; Área de construção: 872,81m2 acima da cota soleira mais 443,70m2 abaixo da cota soleira totalizando a área de construção 872,81m2, estando incluída nesta área_____m2 (espaço vazio) não contabilizados para efeitos de índice de construção de acordo com o PDM; Cércea 5,20; nº de fogos______(espaço vazio); uso a que se destinam Habitação (sic).
O segundo, mantém inalterável a informação quanto ao número de pisos, ou seja, um total de três. Todavia, outra é a distribuição das superfícies: Área de construção 522,70m2 acima da cota soleira mais 350,11m2 abaixo da cota soleira totalizando a área de construção 872,81m2, estando incluída nesta área 350,11m2 não contabilizados para efeitos de índice de construção de acordo com o PDM (sic). Repararam bem na diferença?
É altura de fazer contas. De acordo com o Aviso 1, a área de construção total autorizada para os três pisos, montava a 1.316,51m2 mas, nos termos do Aviso 2, passa a 872,81m2 (isto é, um corte de 443,70m2 na área inicialmente considerada como do piso abaixo da cota soleira que, agora, também levou um corte de 93,59m2.
Confuso? Estranho? Que ideia!... Para além das áreas em referência, também não deixem de ter em consideração a soma da cércea com a da altura que fica abaixo da cota soleira. Entenderão, para além do movimento de terras que pressupôs, também o volume e o previsível impacto real do edifício que ali está a ser reconstruído?
Para finalizar:
Primeiro: Vão ao local, observem, questionem-se. Como tudo foi arrasado, que reconstrução é aquela? Com aquelas dimensões, ela resultará da soma das áreas ocupadas por diversos cómodos, eventualmente preexistentes que, dispersos, não tinham qualquer impacte ambiental ou visual, algo diferente, convenhamos, do de uma habitação cujo rés-do-chão terá 443m2?;
Segundo: Vão ao Google Earth e vejam bem o que lá ainda consta como edificações existentes e como campos agrícolas em patamares;
Terceiro e último: exijam que vos esclareçam quanto ao modo como as entidades oficiais, ao autorizar uma reconstrução, aferem e confirmam o que era uma construção com suporte legal para ser reconstruído como habitação.
Publicado no Jornal de Sintra em 31.10.08
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Há precisamente quinze dias, como estarão recordados, trouxe às páginas do Jornal de Sintra um artigo subordinado ao título Seteais, polémica no Vale dos Anjos. Referia-me à construção de uma habitação na quinta do outro lado da estrada do mítico terreiro verde – que permanece mas podia não estar encerrado – também a poucos metros de uma inqualificável casa de máquinas, edificada sobre os muros de um tanque.
Quem tenha vindo a acompanhar as minhas constantes chamadas de atenção acerca do que está a acontecer em Seteais, compreenderá a preocupação. Perante factos que, apesar da vontade geral, se vão consumando tristemente, espero que, quanto mais não seja, o episódio da Quinta do Vale dos Anjos conduza à reflexão de que, como tantos outros sítios em Sintra, Seteais não é um qualquer lugar.
A verdade, infelizmente, é que a sequência de desconchavos, que atentam contra o espírito do lugar, se sucedem a um ritmo galopante, ao arrepio dos compromissos contraídos perante a classificação de Sintra como Paisagem Cultural da Humanidade. É por isso que, ao abordar o caso da construção da habitação em apreço, o faço em articulação com os outros casos, portanto, como mais uma peça do puzzle cujo enquadramento é idêntico.
Começaria por evidenciar que, como uma coisa destas não pode fazer-se às escondidas, qualquer pessoa pode confirmar estas palavras. Basta predispor-se a subir o curto caminho lateral, indicado pelo letreiro Rampa da Pena que, até há pouco tempo, era um dos trilhos preferidos dos adeptos de BTT. Por causa das obras, de tal modo estreitou a tosca vereda que a circulação se tornou praticamente impossível.
À guisa de sumaríssimo resumo, lembraria que, desde o efectivo início das obras, foram removidas muito significativas quantidades de terras e transferidas para junto dos muros que bordejam a Rua Barbosa du Bocage, atingindo proporções inusitadas, num afã de escavadoras, camions, betoneiras bem à vista de qualquer passante.
De facto, não é fácil o entendimento de tão ostensiva movimentação de milhares de metros cúbicos de terreno. E tanto assim é que o próprio regulamento desta Área de Protecção Parcial 1, refere explicitamente ser ”(…) interdita qualquer alteração no relevo e a remoção da camada superficial do solo arável.” Mas, enfim, esclareça e explicite quem pode e deve fazê-lo.
Um estranho Aviso
De todo em todo, o que eu não esperava é que desaparecesse o Aviso que, relativamente perto da esquina, ali se mantivera até à passada quarta-feira, dia em que o jornal Público, em artigo de Luís Filipe Sebastião, trouxe o assunto à consideração de uma audiência, naturalmente, bem mais vasta que a do JS.
A verdade é que, relacionada ou não com os factos que inicialmente relatei, confirmados pelo Público – notícia enriquecida por uma caixa onde era recolhido o testemunho de um assessor do Engº Pais do Amaral alusivo a um aparente desfasamento de áreas – o Aviso foi removido para ser reposto no dia seguinte, devidamente (?!) rectificado. Sim senhor, leram bem, o Aviso foi alterado e, valha-nos isso, colocado em posição bem mais conveniente à consulta, mais perto do portão improvisado na Barbosa du Bocage.
(continua)
Publicado no Jornal de Sintra, 31.10.2008
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Mas os animais, Senhor...
Pelos motivos que imediatamente compreenderão através da leitura do texto que se segue, resolvi transcrever a carta de Laura Miranda que me chegou através de chamada de atenção da minha amiga Dra. Cristina Ferreira, grande militante dos direitos dos animais.
Diz-se que o estado de evolução de um país, afinal de qualquer comunidade, está espelhado no modo como trata os animais. Como se ainda fosse preciso demonstrar ou lembrar, Como se verifica, Sintra não está nada bem posicionada...
A propósito, gostaria de recomendar uma visita ao canil municipal do Seixal onde um dedicado grupo de voluntários ajuda a autarquia a resolver problemas da comunidade em benefício dos animais, nossos amigos. Não estou a sugerir-vos uma deslocação a Londres ou Copenhague. Neste caso, é só atravessar o rio para depararem com uma situação verdadeiramente exemplar...
Agora, a transcrição do documento:
"Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra
Venho por este meio apresentar a minha indignação relativamente ao canil municipal de Sintra.
Sempre que consegui arranjar donos definitivos conscienciosos e retirei animais do "vosso" canil municipal, deparei com situações chocantes: um canil minúsculo, húmido, frio, onde se vê a agonia dos animais no corredor para a morte.
Não sei se o Sr. Presidente já visitou as instalações mas, se o fez, de certeza terá constatado o sofrimento dos animais e quão deprimente o espaço é.
Os animais não têm as mínimas condições, estão em jaulas minúsculas onde quase não se conseguem mexer nem deitar, em cima dos próprios dejectos, jaulas húmidas e frias propícias a que os animais rapidamente fiquem doentes!
Seria tão fácil faze-los felizes!
Construindo um canil municipal, onde todo os animais fossem castrados/esterlizadas, com tratadores e veterinário permanente; (...)
Onde os munícipes gostassem de ir adoptar um animal e fosse um exemplo de cidadania;
Acredito que seria também um exemplo para as pessoas tratarem bem os animais e não os abandonarem!
Onde só fossem efectuadas adopções responsaveis e definitivas com o respectivo chip!
Aberto ao fim de semana!
O problema não passa só pelo canil mas, infelizmente, também muito pelas pessoas irresponsáveis que abandonam os animais e que não são, de alguma forma, "punidas" por tal acto.
Não seria motivo de orgulho para Sintra ter um canil municipal que seria exemplo para o resto do país e Europa?;
Sendo Sintra património mundial, não o deveria tentar ser em todos os aspectos? (...)
Com os melhores cumprimentos,
Laura Miranda"