sinais dos tempos
(Continuação)
Não muito mais tarde, ao concluir que os destinatários das observações ou faziam ouvidos de mercador ou nem sequer tomavam conhecimento, passei a enviar mensagens por correio electrónico. Infelizmente, no entanto, o resultado não foi melhor. Resolvi contactar e recorrer ao amigo José Nuno Martins, meu contemporâneo da Faculdade de Letras e actual companheiro de outras lides que, até muito recentemente, desempenhou as funções de Provedor do Ouvinte.
Aqui, neste mesmo blogue, poderia convosco partilhar informações a partir de contactos particulares com outras fontes igualmente fidedignas, que me levam a acreditar que o maior número de reparos de sinal negativo à oferta da Antena Dois se reporta ao já citado Império dos Sentidos e a todos os programas em que, directamente, intervém o Sr. João Almeida, o próprio subdirector.
Porém, apenas me socorrerei daquilo a que todos os ouvintes puderam aceder, ou seja, ao trabalho do Provedor. Toda a gente conhece José Nuno Martins, nele apreciando o imenso profissionalismo, a coragem e desassombro, bem como a grande capacidade de comunicador de alguém que, caso raro, ainda é senhor de um Português absolutamente irrepreensível. Portanto, não recorro a uma qualquer e ordinária fancaria, antes a produto de primeira qualidade…
Por várias vezes, fazendo-se portador dos reparos de muitos ouvintes, confrontou o subdirector João Almeida com opiniões que lhe não eram nada favoráveis e até muito contundentes, concedendo-lhe oportunidade de defesa e tempo de antena para expor a pertinência das suas opções e opiniões que, tão radicalmente, desgostam ouvintes da estação, habituados a outros paradigma e gabarito.
Então, quando foi possível começar a ouvir o resultado da actividade do Provedor do Ouvinte, representando e fazendo eco de justíssimas críticas e de testemunhos que teve o cuidado de fazer gravar, para emitir em tempo precedente à defesa do atingido, apenas se confirmou a falta de categoria, a falta de preparação científica, académica e profissional, numa palavra, a sobranceria daquele radialista.
Já enquadrados pelo actual figurino ou pelos precedentes, por aquele programa da manhã passaram, por exemplo, Judith Lima, Luís Caetano, Gabriela Canavilhas, André Cunha Leal, Ana Paula Russo, apenas para citar pessoas que não podem confundir-se com o actual pivô, um tal Paulo Guerra que deve ter frequentado o mesmo curso que João Almeida, acabando por transformar o Império dos Sentidos - e por aqui me fico… - numa verdadeira ofensa ao bom senso.
É fundamentalmente este programa de três horas, entre as sete e as dez, que concita o maior número de críticas. Tornou-se um espaço palavroso, muito adjectivoso, onde se desfia e resgata imensa coisa, durante o qual o Sr. Guerra, ao apresentar qualquer tema musical – pelo meio das muitas, muitas, muitas notícias que repete até à exaustão – se limita à leitura das capas dos CD ou da página da Internet que deve consultar como muleta redentora no monitor à sua frente.
Por ali deixou de passar o filtro do verdadeiro melómano, pessoa culta e informada, eventualmente músico, com formação académica na área das Ciências Musicais, para residir e presidir a ignara vulgaridade de um locutor generalista que, tal como o seu subdirector, sem quaisquer anteriores créditos culturais, veio de um qualquer emissor, nada vocacionado para a Antena Dois, esta que é uma rádio outra, com a sua especificidade, exigindo uma mínima preparação que, desde o berço, de todo em todo lhes falta.
(continua)